domingo, outubro 9

:: Coisas assim

Eu ia dizendo essa coisa de Manoel de Barros neste domingo de manhã. Agora temos o livro gêmeo --e tantos outros devem ter. Mas importa que podemos, por exemplo agora --ou não porque ele é dorminhoco-- estar lendo o mesmo trecho e pensando que lindo, que lindo. Tem essa coisa linda que diz na introdução de que gostei muito e tive vontade de escrever aqui. Porque tenho essa mania, ele sabe, de escrever aqui coisas para reler. Primeiro Manoel de Barros fala sobre a ideia das distâncias. "As distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele." Não é lindo? Mas gosto ainda mais, acho, daquele pedacinho lá do final, em que ele fala de desenhos verbais, como o sapo, que é um pedaço de chão que pula. Gosto mais e mais da ideia de poesia ser a "infância da língua". E, olha: "Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades".

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