quinta-feira, abril 24

:: Em cima da hora

Lá é assim: a gente chega de repente, sem avisar, resmungando de cansaço e fome. E então, em segundos, ele pensa em algum jantarzinho prático e rápido com o que tem disponível em casa. Nunca é mais ou menos. Nunca. Ontem já estava tarde, e ele inventou de fazer um palmito no papel alumínio, no forno, com manteiga e alho dourado. Já pensou?

domingo, abril 13

:: Ossos do ofício

Não foi à toa que fui me apaixonar pela minha profissão, essa mistura das palavras com os ingredientes. Em casa, sempre comi muito bem. Repito o ritual fora. Neste find fui a quatro restaurantes, nas minhas quatro refeições. Quero a comida da minha avó.

Na sexta, saí milagrosamente cedo da redação. Fui ao cinema e ainda deu tempo de sair pra jantar. Sábado era dia que acordar muito cedo para ir para o inglês. Fomos ao Maní, naquele paraíso que virou a Joaquim Antunes, uma coisa. Chegamos por volta das 22h, mesa para quatro. Uma hora de espera. Caminhamos até o Fillipa e preferimos ficar por lá - meia hora de espera. Tomamos suco de lima, dry martini e caipirinha de lichia. Na mesa, cada um pediu um prato e provamos um pouco de tudo. Sobremesa proibida pelo falso-regime, mas provei um creme de framboesa maravilhoso da vizinha.

Sábado foi dia de ficar horas na mesa. Horas. Fomos o Di Lounge, que, desde janeiro, passou por umas mudanças - agora está com um cardápio menor e bufê. Tudo assinado pelo Cassio Machado, que adoro. Inclusive a decoração que é o que há de melhor ali. Charmoso, uma coisa.

No jantar, estava com sono e sem vontade de pensar: fui ao América comer o carpaccio de sempre. Nada gastronômico, mas há algo de prático e rápido ali que agrada - e às vezes, compensa. O garçom sabe quem a gente é, faz questão do melhor antendimento. Os pedidos nunca são servidos com problemas, nem trocados. Por isso a gente volta. Nem precisamos ver o cardápio. Hambúguer pra ele, carpaccio pra mim.

Hoje o dia amanheceu lindo. Sol sem o calor insuportável. Essa cara de outono que eu adoro. Fui ao Chef Rouge, ali nos Jardins. Uma delícia. Eu comi um peito de frango recheado com geléia de framboesa coberto por um queijo com consistência de creme.

Para encerrar, dispensei o cafezinho. Preferi um chá de jasmin de Darjeeling e não me arrependi. Foi servido numa xícara dessas com cara de chá da tarde inglês delicadíssima. E eu disse pro garçom discretamente: escuta, eu quero uma dessa. E agora? Ele me deu o endereço do fornecedor, ali nas redondezas. E, como estou super nesse clima casa, anotei sem a crise de estar saindo dali sem a tal da xícara.
:: Sonho de consumo





:: Lista de vantagens

Ainda não sei se gostei ou não de "My Blueberry Nights", do chinês Wong Kar-wai. Mas, na verdade, não importa:

- Jude Law está ali. Bem ali.
- A torta de blueberry.... também quero
- Tilha perfeita. Começa com a sexy (a mais sexy) Cat Power; tem várias passagens com Otis Redding no máximo, com "Try a Little Tenderness", de arrepiar (a música predileta do meu pai por toda a juventude, aprendi, né)
- Tem Natalie Portman - quem não quer essa mulher?
- Parte do filme se passa em... NY
- Norah Jones, a cantorinha que canta tudo igual, é a protagonista. O ponto alto é esse: mais na cena do que na trilha e a última música, que é dela, até que é boa




:: Informação

Sabe que ontem fui ver o Teatro da Vertigem, ali na passagem subterrânea que liga o Viaduto do Chá à praça Ramos de Azevedo. E então, cheguei afobada e fui pedir informações de onde eu deveria tirar a tal da senha para o guarda do Teatro Municipal. Foi assim:

- Boa noite. Teatro da Vertigem...?
- Não, não. Aqui é o Teatro Municipal.

quarta-feira, abril 9

:: Óh, céus

Todas as quartas, no fechamento, costumamos fazer um almoço rápido por aqui mesmo, em plena Redação. Quando a coisa está um pouco mais encaminhada, as meninas gostam de dividir um combinado frio do Folha de Uva, o árabe da Bela Cintra. Tem quibe cru, babaganuj (que agora temos de grafar aqui baba-ghanuji), homus e tabule e dá perfeitamente para dois, com um terceiro beliscando.

Quando a coisa tá ruim, comemos algo mais rápido. Hoje, juntei a vontade de comer algo quentinho e mais leve com a gripe que me pegou desde domingo e não passa. Então pedi uma canja na padaria (!). Uma combinação meio infeliz, eu sei, mas por aqui não há muita alternativa. Quando chegou, dispensei as colheres de chá de plástico que mandaram junto e usei a minha própria, de sopa mesmo. Quando vou ver: lá estavam brocolis, couve-flor, cenoura, arroz e, enfim, um franguinho insosso desfiado. Ninguém merece.

quarta-feira, abril 2

:: Até dói



Para cantar junto:

Milágrimas
(Itamar Assumpção - Alice Ruiz)

Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já este vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre