sábado, junho 30

:: Cabeceira

Porque eu mereco ler em portugues. E entao sai com Bel Coelho, editora de livros infantis da Cosac & Naify, que le que nem condenada, e eu disse que precisava de um livro desses que esquentam a volta, que nao deixam a coisa tao doida. E ela disse sem pensar: "O Passado", do Alan Pauls, e o autor ainda e' um gato (rara). E ai tentei armar um almoco logo pra segunda, porque ela disse que ia me dar de presente (!!) e eu nao queria esperar mais. E segunda ela nao podia. Fomos 'a Livraria da Vila tomar cafe e na hora de despedir la estava ela com o livro na mao, de presente. Pode? Adoro. Reinaldo Moraes diz sobre o livro e o autor, entre outras coisas: "O amor acaba, como ja alardearam poetas, cronistas e amantes em geral. E e' com a falencia e aparente extincao de uma relacao conjugal de doze anos que tem inicio O Passado, romance do argentino Alan Pauls." Depois diz que lembra um Proust que tivesse lido Cortazar. Foda. Agora quero me enrolar no cobertor e ler ler ler. Em portugues!!!

:: Pra tentar amar SP (de novo)

Pra tentar amar SP de novo eu revejo meus amigos e dou abraco apertado, eu visito meus lugares prediletos, eu ouco musica no carro, eu vou 'a manicure!!! E entao foi assim, hoje acordei, dei uma volta por ai no sabado ensolrado, fui 'a benedito calixto ver cacarecos antigos que eu adoro, depois almocinho com amigos na calcada do filial (feijoada + aquele ventinho frio + sol na cara), mais cafe (que nao e' bom, mas o clima compensa) na minha amada livraria da vila, embaixo das arvores. Mais dia menos dia, eu hei de me reacostumar e isso nao ha de ser tao ruim assim, ne?

sexta-feira, junho 29

:: Repeat

Porque e' muito bom ouvir e muito, sem parar:

Erzulie - Daisy Spot (culpa da Gi)
Jorge Maravilha - Chico (culpa da Mer)
Quem nasceu - Gal (culpa da Gi)
Zapata - Juarez Maciel (culpa do Dudu)
Mind Your Business - Dalta 5 (culpa da Gi)
Hard Knock Life - Jay Z (culpa da Gi)

:: Da secao frases, ditados, anotacoes pessoais

"Coragem grande e' dizer sim" (caetano)

"Existirmos ao que sera que se destina" (idem)

"Tente de novo, fracasse melhor" (?)

"Eu francamente ja nao quero nem saber de quem nao vai porque tem medo de sofrer" (vinicius)

quarta-feira, junho 27

:: Menininhas

Adoro almoco de menina. Primeiros sinais de que estou me permitindo, muito aos poucos, voltar. Hoje fui ao Gardenia com Mari Tassi, tomei diet coke + saladinha de rucula, parmesao, presunto cru e tirinhas de pera seca. Uma delicia.

Ontem teve lanche da tarde da casa da BZ. E' verdade que ela e' a gravida mais incrivel que eu ja vi na vida, que ela tem o maior suingue mesmo com toda aquela barriga, que Alice esta cada dia mais linda _porque eu vi as fotos do ultrassom, ta?

Tudo aquilo que ela escreveu naquele texto genial no meu ex-blogue, ai (www.no-scrubs.blogspot.com), que eu recomendo muito, e' verdade. Que ela so come, que ela nao engordou, que ela esta incrivelmente peituda. Atencao: tu-do verdade. 'E de chorar de emocao. E ela faz aquele cha da tarde com os paezinhos franceses que o Carlos traz quentinhos da padaria, coloca aquela doce-de-leite do Havanna na mesa, abre um paozinho de queijo e coloca o tal do doce la dentro. Ve se pode? E sai andando depois toda elegante, rebolando, exibindo o barrigao. E' muito orgulho. Ai, e' muita emocao. Foda.

:: Requebrado




- fiz as unhas!!! (meninas, atencao aos esmaltes da MAC incriveis!)
- cortei super o cabelo
- fiz depil

Ui! Pensando bem, acho que nao e' tao traumatico assim voltar!

segunda-feira, junho 25

:: O lado bom

Mas tem seu lado bom:

- posso voltar a ver novela
- posso jogar todos os meus cremes antigos fora porque fiz um estoque de novos e incriveis cremes
- posso usar meu celular
- posso esmagar o di
- posso receber uma, duas, tres, quatro, cinco ligacaoes seguidas das amigas querendo me ver (e tem de ser agora!)

sucesso!

:: Enfim, depressao

E entao eu voltei e os primeiros sintomas de depressao aguda ja dao sinais de exsitencia:

- percebi que nao gosto tanto assim do meu quarto
- estou aqui ha um dia ja e simplesmente NAO fui a manicure**
- voltei a ver novela
- dei o meu tenis velho predileto
- joguei TODOS os meus cremes antigos fora

** o mais grave

sábado, junho 23

:: Pensamento

Em NY e' tudo muito rapido e passageiro. Tudo. Mas as coisas que passam marcam a gente. Ficam.

:: Last brunch

Tudo comecou com isso:

lu e li, queridas
anotem ja em suas concorridissimas agendas:
sabado, 12h30 no morandi. almocinho dos sonhos.
preparem seus paladares para uma deliciosa alcachofra frita.
fica na 7 com a waverly

email da gi gueiros com a reserva pro nosso brnch-de-despedida abaixo. foda. muito foda. eu comecei a chorar ai ja, ne. hoje fomos la. e foi uma dleicia. eu nunca tinha comido nada igual aquela alcachofra frita. alem de ser no meu adorado West Village, tem mesinhas na calcada ensolarada com aquele ventinho frio batendo (ufa, porque aqui fez muito calor esses dias), uma area interna incrivel (preguica de descrever) e os ovos estalados chamados de "sunny-side .up .egg". isso e' mto fofo. e deu aquele toque feminino e delicado na despedida (divida em milhoes de partes).

:: Porquinho da sorte?



Eis que eu resolvi ir numa loja insuportavelmente tentadora num dos meus primeiros dias aqui. Com todas as especies (cores, tamanhos, formatos, materiais) de caixinhas existentes no mundo. E eu, ai, amo caixinhas de todos os tipos. Desde pequena. E ai estava dando uma volta por la, comprei umas minusculas de acrilico colorido muito fofas que juntas fazem uma composicao linda. Quando fui pagar, vi um porquinho transparente e nao resisti. Por que diabos eu nao resisti? Eu me pergunto.

Coloquei o porquinho na mesinha da sala e tudo quanto foi moeda, colocamos nele. A Li ajudava, claro, mas depois eu que ia colher os beneficios. Agora falta um dia pra eu voltar. Entao peguei o porquinho, abri o porquinho e contei as moedas. Mais ou menos $ 30 dolares divididos em moedas de 1 cent, 5 cents, 10 cents e algumas de 25 cents (porque essas eu ia usando com o tempo nos telefones publicos da cidade, porque me recusei a ter um celular aqui).

Decide, logo depois de contar uma por uma, que ia gastar na farmacia aqui do lado de casa com os meu kit-cremes da Neutrogena, que sao menos da metade do preco aqui. Sim, eu podia escolher entre Madame Tussauds e cremes da Neutrogena. Imagina o que eu escolhi. Nao tive nem duvida, claro. Mas quando eu fui pagar, aiii, quando eu fui pagar. O cara olhou aquelas moedas todas e quase teve um treco. Mesmo.

Are you kidding me?
No, but... can I pay with coins or not?
You can pay, this is money, you know???!!! (do tipo super delicado)

Aqui e’ assim: o povo e’ muito mal-encarado, mal-humorado, grosso e o caralho. Mas o povo e’ muito honesto, muito correto e bla bla bla. E entao ele comecou a contar minhas moedas e ate ria de vez em quando _porque ele nao estava crendo naquilo. Nao era pela graca da coisa. Ja eu sai com os meus cremes, nao gastei minhas ultimas notas de dolar e ainda achei que mudei o dia dele. Porque, pensa bem, imagina que o cara todo dia fica naquele caixa, daquela mesma farmacia, atendendo de forma mal-encarada um monte de outros mal-encarados. Imagina? E entao chegam duas mocinhas cheias de moedas? Ele ficou la, contando moedas. Eu mudei a rotina pentelha do cara. Sera que um dia ele ha de perceber esse ponto de vista?

:: Que ódio, que ódio, que ódio

(nome do post pra quem me conhece)

As promocoes daqui sao insuportaveis. Porque a gente decide que nao vai fazer compras, mas ai passa por vitrines (e’ o que a gente mais faz aqui) e ve 60% sale. E ai a coisa vai ficando dificil e aquela forca de vontade inabalavel e repente cade? Imagine entao tudo isso as vesperas da partida. Sabe-se la quando voce vai voltar, se voce vai voltar um dia, em que condicoes e tudo mais. A coisa ganha uma proporcao tamanha e, tchanananannn voce esta la naquela loja de sapatos e tennis e sandalias e afins ali do lado do Whole Foods (onde voce come por $ 6) onde se voce comprar o Segundo par, voce so paga metade do mais barato. E ai o que acontece…….? Sua mala nao fecha mais. Nunca mais.

:: Para despedir em altíssimo estilo

Meu ultimo almoço de uma sexta-feira nova-iorquina foi simplesmente nos Top 50 do mundo, Le Bernardin. Vou contar tudo com detalhes talvez amanha da sala de embarque. Alias, vou ter de render muito, muito na sala de embarque porque ainda tenho um monte de textos na gaveta sobre essa cidade que eu amo inteira. Porque fico pensando: será que quando eu voltar vou ter pique de escrever sobre isso aqui sem me acabar em lagrimas?

:: Pro tempo passar

Estou na sala de embarque (ufa que tem wi-fi) onde vou ficar por mais umas horas. E entao entra uma pomba aqui dentro e voa e anda. Sem a menor cerimonia, deu pra entender? O que sera que foi isso? ergh.

sexta-feira, junho 22

:: Lado B: Jazz no Harlem

Na primeira noite da Dri, fomos arriscar uma noite incrivelmente emocionante no Harlem. Saimos pra la das 9:30 p.m. e queriamos ficar muito, muito, muito mais do que so meia-noite. Mas estavamos simplesmente na 145 da Harlem. Ou seja, muito Harlem. E entao voltamos. Roubei a descricao do blogue dela, porque ela faz milagre com as palavras (www.dricadrinks.com) e essa foi a minha melhor noite desde o dia em que cheguei aqui. Simples assim.



La vai, entre aspas:

"O muquifo se chamava St. Nicks Pub e a primeira atracao era uma japonesa que revezava folks em suas lingua natal com musicas de manga e You’ve got a friend pra dar um toque americano. Pra nosso alivio, a japa foi logo substituida por uns figuras fudidos de jazz. O engracado foi quando a gente soube que estavam celebrando a morte do amigo George Bragg. O clima nao tinha nada de funeral. Luzinhas de Natal, uma juke box, cerveja jamaicana, vinho de rosca e uma baratinha no balcao compunham o cenario do qual eu nao podia fugir pra fumar porque tava chovendo.

Quem fugiu foi a Lucy (como I Love Lucy, ela fez questao de me lembrar), a primeira amiga que fiz por aqui. Me apaixonei por ela na hora que ela contou, rindo, que tava la bebendo desde as 18h30 (era meia-noite). So nao esperava que a paixao acabasse tao rapido: Lucy foi a primeira mulher que ja me pediu pra pagar um drink."

:: Amelie dos garcons




Depois de ler "Cozinha Confidencial", so um entre os varios livros do chef Anthony Bourdain, eu encanei que queria conhecer seu restaurante. Nao sei porque. Porque no livro cheguei a ficar com nojo da comida. Com aquelas descricoes cheias de detalhes de como funciona uma cozinha, de como os chefs e afins cheiram, nao sao higienicos e bla bla bla. Resumindo, os bastidores mais asquerosos. Mas eis que eu queria sim conhecer um cardapio dele. E eu fui. Outro dia vi o gatao na TV. Foi convidado para ser jurado especial de um dos desafios do Top Chef (alias, do mesmo que eu descrevi ha uns dias aqui). E entao coloquei na agenda uma visita ao Les Halles. Esperei a Dri Kuchler chegar porque ela e' do tipo que topa e que gosta. E ainda tem uma quedinha pelo moco. Quem nao tem?

Fomos almocar por la, entre um museu e outro _porque agora que e' hora de partir, estou agitada fazendo tudo o que faltou. E faltou o PS1 e a Frick Collection, mas resolvi isso hoje mesmo. Paramos ali numa mesinha para dois. Demos uma olhada com calma num cardapio cheio de opcoes de carnes com batata frita, sanduiches, saladas. Oquei, um file au poivre aqui, um coq au vin ali, cassoulet mais adiante. Mas ficamos no be-a-ba, porque fim de viagem quer dizer pouco dinheiro e, no caso da Dri, comecou de viagem quer dizer: contencao.

O garcon era uma graca, a Dri resumiu bem: Amelie Poulain dos garcons. E ainda vinha timido e falava em frances. E ela agitou e falou com seu frances charmoso mesclado com mimicas para completar as ideias com a falta de algumas palavras.

Mas, ai. A agua custou a ser servida, da massa pingava oleo, e o frango estava seco. Que desgosto. Banheiro. Ai. o banheiro. O banheiro estava sujo e a privada entupida. E eu, no meio da refeicao, fui dar um pulo la e tive o desgoto duplo de ver um cidadao, sem cerimonia, desentupindo o vaso. Bem ali na frente das clientes que decidem almocar so pra ver qual e' a do Anthony Bourdain. E eu nao volto mais.

:: Porque ele me ensinou...



E entao ele inventou de me ensinar o jazz. Eu ja gostava, porque simplesmente eu gosto de musica em mim. Mas era aquela coisa, de as vezes misturar o sax e o trompete. Mas ai ele chegou de mansinho com o seu trompete, com os seus discos de jazz espalhados pela casa, com as historias dos instrumentos e dos musicos que insistia em me contar antes de dormir. E eu adormecia leve e tinha sonhos cheios de casos jazzisticos. Ele mexia no meu cabelo, beijava a minha testa e levantava para ouvir uma das musicas prediletas antes de deitar. E foi assim que ele me mostrou Joshua Redman. Com calma, primeiro Sweet Sorrow, depois, bem depois, Turnaround, e mais Soul Dance e aquele monte de musicas daquele monte de albums que ele tem. E aquele cara com seu sax estampado nas capas de discos mais lindas, em cima da bancada do som. E aquele sorriso e aquele ar meio sexy. Foi mais ou menos assim que eu aprendi Joshua Redman. E depois, depois virou mais uma historia de amor. Talvez por isso eu nao saiba explicar o que foi que eu senti quando, em plena NY, sentei num teatro nos melhores assentos (e tambem nos melhores desde o comeco da minha bateria de shows por aqui), e vi aquele monumento entrar no palco, seguido pelos seus dois incriveis musicos, com uma calca cinza, uma camisa-arraso xadrez, aquelas maos enormes carregando seu sax, os olhos azuis. Talvez por isso simplesmente nao de pra descrever o que foi o melhor show da minha temporada aqui _e, fora os do Caetano, porque nao da pra evitar, talvez o melhor da minha vida. E aquela paisagem que me fez perder o ar e derramar umas lagrimas. Ele entrou no palco com um sorriso que eu nunca mais vou esquecer. E ele conversou com a plateia, ele fez solos-de-arrepiar. Mais que o normal. Talvez porque simplesmente ele me faz lembrar da minha grande historia de amor.

quinta-feira, junho 21

:: For fun

Depois de comprar Time Out religiosamente todas as quartas-feiras desde o dia em que eu cheguei aqui e fazer todos os programas culturais possiveis, chegou o dia de comprar a ultima. Acho que vou comecar o meu periodo Time In. Vai ser foda ir embora.

segunda-feira, junho 18

:: Dia: Beacon + Salad



Me recuso a descrever o que foi meu passeio ao Dia: Beacon. E' algo que tem de ser vivido. Mesmo. Em resumo, peguei o train no Grand Central Terminal (que por si so ja e' lindo de morrer) e depois de uma hora e meia estava na Beacon Station. Mais 10 minutos a pe, num lindo domingo de sol, e voce esta la: no museu mais incrivel de toda a sua vida para toda a sua vida. Eu estou chocada ate agora. Me alimentou tanto, tanto. A construcao e' maravilhosa, o museu fica no meio do mato, inteiro envidracado, com luminosidade natural entrando por todos os lados, paredes brancas, aquele verde la de fora, tudo claro e alegre. E entao voce caminha naquele unico andar, a zero por hora para olhar as obras mais geniais do Judd. E entao voce entende porque e' o artista plastico que a Mari Tassi mais ama e porque ela comecou a amar mais e mais e mais depois do Beacon. Ai fica facil entender. E entao voce anda mais e ve Andy Warhol numa sala gigante, as esculturas do Serra em outra e mais Walter De Maria e mais isso isso e aquilo. Um monte de coisa fantastica pra vida da gente. E entao, depois, voce segue para o cafe que fica junto com uma loja tentadora de livros de arte, que tem uma mesa coletiva espacosa para voce ficar ali folheando um pouco de tudo. E ai pede uma saladinha basica para arrematar, porque ja esta quase na hora de voltar pra Beacon Station e esperar o proximo train. E voce simplesmente acaba assim: com baby spinach, nozes, queijo de cabra, fatias fininhas de morango e uma caldinha de morango por cima. Um arraso. Quero-mais!

:: Para jantar domingo

Um dos meus restaurantes-pra-toda-hora prediletos em SP, pelo misto localizacao, ambiente, cardapio e preco, e' o La Tartine. Meia-luz, opcoes bem francesinhas, simples, precos justissimos, poucas mesas, decoracao meio vintage. Sempre, sempre cheio. Mas e' uma espera possivel que em seguida compensa.

Aqui, depois de receber algumas indicacoes resolvi conhecer o Tartine (W 4 st X 11th st), sem o La. A primeira vez, nao deu certo. Saindo do Forum Film, um cinema mais alternativo daqui, onde eu tinha acabado de assistir o documentario incrivel do Chet Baker, "Let's Get Lost", dei um pulo la e as cadeiras ja estavam em cima das mesas, aquela coisa. Entao resolvi voltar neste domingo e tudo deu muito certo.

Fica pertinho do metro, num bairro delicioso _em Manhattan, o meu predileto. E' minusculo e ocupa uma esquininha tranquila, cheia de arvores. Inteiro envidracado, acomoda apenas 20 pessoas no salao interno e tem mais umas mesinhas cercando-o por fora. Charmosinho demais. O cardapio e' enxuto e traz um pouco de tudo com um toque frances. Um delicioso file au poivre sai por $ 20, mas voce pode pedir tambem, por exemplo, um croque-monsieur por $ 9 e pouco. De sobremesa, macarron de chocolate com ganashe. Ui. Eu nao comi, claro, mas vi na mesa vizinha e passei vontade.

Fomos pedir um vinho e nao tinha vinho, pra nossa surpresa. Mas o esquema e' perfeito: a garconete explicou que eles nao servem vinhos mas voce pode trazer o seu de casa _e nao paga rolha. Achei mto simpatico e pratico. Voce toma o vinho que voce gosta que esta esperando um momento especial na sua adega, sabe? Nao e' gostoso? Como a gente nao sabia disso, nao levamos a nossa propria garrafa, e entao ela disse que logo na outra esquina tinha uma lojinha de bebidas aberta ate mais tarde. Foi assim.

sexta-feira, junho 15

:: Cami Obniski

Recebi um e-mail incrivel da Cami O. ha poucos minutos.
Ai vai um pedacinho que veio muito a calhar:

"e' engracado que a gente vai viajar achando que esta procurando conhecer o mundo e entao percebemos que fomos mesmo e' nos encontrar e acabamos por descobrir o mundo dentro de nos...."

:: Top Chef

A terceira temporada de Top Chef comecou nesta semana, ultimo dia 13, transmitida pela Bravo. Eu viciei nesse reality show. E aqui parece que todo mundo idem. Porque vc anda no metro e ve cartazes gigantes, nos telefones publicos too. Nesta quarta o desafio foi aflitivissimo.

Em uma mesa refrigerada, tinham carnes exoticas cruas expostas. Tinha por exemplo pernas de sapo, black chicken, cobra, geoduck, jacare, kanguru e por ai vai. Nao me pergunte como. E entao os aspirantes a chef tinham de selecionar (por ordem de sorteio) alguns pedacos dessas carnes. Depois seguiam para um mercado onde tinham pouquissimo tempo para gastar $ 30 em outros ingredientes. Depois tinham mais X tempo para parir um prato com linda apresentacao, harmonioso, equilibrado. Foda. Sendo que alguns deles nunca tinham provado algumas das carnes.

E olha que sairam dali uns arrasos de pratos. Lindos e, pelo que os jurados disseram, saborosos tambem.

:: Compro mesmo!

(nome do post so pra quem me conhece)
Aiii, comprei os oculos escuros do Tom Ford falsificados no camelo!

:: Coincidencia?

Sera que e' a toa que minha rua aqui em NY de repente de 50th St vira Gershwin St?

:: Leituras

Ontem, antes de dormir, eu estava tao agitada que a Li resolveu ler uns trechos das cenas finais d livro que ela acabou de acabar, "Equador", de Miguel Sousa Tavares. E foi chocante. Por isso vou reproduzir um pedaco aqui:

"O ciume e' uma duvida doentia que cresce como um cancro e a que so a certeza de ja nao haver lugar para duvidas pode trazer, pelo menos, o balsamo de por fim a essa angustia, a esse enxovalho de viver permanentemente a procura dos sinais de traicao. Quanto mais chocante for a evidencia, quanto mais real for o real da traicao, mais o ciume se sente recomepensado, redimido, quase digno de respeito."

quinta-feira, junho 14

:: Assim assado

Porque e' mais ou menos assim. Eu fico bem brava. Bem brava mesmo. E ai ele fala "nao fica boraba" e ai... Ai ja passou.

:: Pra ela

Porque voce precisa ler Agua-Viva de novo e agora!

" Liberdade? É meu último refúgio, forcei-me à liberdade e agüento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre".

Clarice Lispector

:: Mesa pra duas

Hoje, mais ou menos as 21h eu estava em casa enrolando com a Li. As duas propondo varios programas pros meus ultimos dias e as duas estiradas no sofa. E o tempo passando... E ela ia ter de acordar cedo... E o tempo passando. Provavelmente, a gente so ia sair pra jantar mesmo. Mas entao, deu 21h25 e a Gi ligou:

- Lu, vc tem como chegar no Carnegie Hall agora? Tem um ingresso sobrando pra um show ja!
- Calma, Gi, que show?
- Pink Martini.
- Mas o que e' isso Gi?
- E' uma especie de Orquestra Imperial daqui.
- To indo.

Esse papo foi tao tao rapido que durou segundos. Ela engoliu as palavras e eu sai tao rapido que fui de tenis mesmo. Nessas horas eu amo que so e' vc sair na rua que um taxi para. Luxo.

- Hi, good night, Carnegie Hall, please. Estou muito, muito atrasada.
- Um minuto ta bom pra vc?

E passou apenas um minuto e eu estava na porta do Carnegie. 21h30 em ponto. Nao me pegrunte como. Peguei o ingresso que a Gi deixou com o cara que vende CDs e camisetas. Entrei. Sentei num lugar incrivel. E o show comecou. Na verdade, eu cheguei (e ela chegou tambem) na segunda parte do show e foi o suficiente.

Pode ate ser comparado com a Orquestra Imperial, mas o publico vai de sapato e nao de chinelo ou tenis. Pode ate ser comparado com Osquestra Imperail mas os musicos nao vao com camisa pra fora da calca ou vestidinho de algodao e sim de terno, sapato brilhante, vestido longo de algum-tecido-que-eu-nao-sei-o-nome. Pode ate ser comparado com a Orquestra Imperial, mas voce assiste o show sentado em poltronas confortaveis e nao morre de dancar como naquela choperia do Sesc Pompeia tomando cerveja gelada. Pode ate ser comparado com Orquestra Imperial porque tem tambem um monte de convidados e eles ate ficam todos juntos no palco em algum momento, mas nao tem o suingue. Ate tem certa descontracao, mas nao tem o requebrado. Nao tem.

Mesmo assim valeu. Valeu mesmo. Mais um show naquele teatro maravilhoso a convite simplesmente de Gi Gueiros. Ui. E entao eu estava ali, sentadinha, e sobe ao palco, com ajuda alheia, um senhor (mesmo). Senta no banquinho, abre aquele sorriso e comeca a cantar. E eu nunca tinha ouvido falar do cara, mas fiquei impressionada (mesmo). Velhinho, velhinho, com aquela voz que quase falha e acaba com a gente. Um dos convidados especiais da noite que foi aplaudido pela plateia em massa, todos de pe. Chama-se Jimmy Scott e dizem que era o cantor predileto de Billie Holiday. Quer mais? Ele e' admirado por sujeitos como David Lynch, Lou Reed e Ray Charles que disse um dia: "he defined what 'soul' is all about in singing long before anyone was using the word". Foi foda ver o cara ali de pertinho. Foda.

A noite acabou no charmosissimo boteco Carnigie Deli (...catessen & Restaurant). E aquele clima todo me lembrou muito o Jobi, classico das noites cariocas. Ou um esquema Estadao, em SP, aqueles sanduiches de mortadela gigantes e aberto ate altas horas (ou 24h?)... E tivemos um otimo papo que fluiu com muita diet coke e zero de batata frita. E e' quase uma bencao (ou e' de fato uma bencao) ouvir a Gi falar da vida, da arte, da arte da vida.

Pagamos a conta com ela me explicando um pouco mais sobre o trabalho do Andreas Gursky (que vi a expo hoje em Chelsea _devo escrever sobre isso depois), E ela disse que o trabalho dele e' uma especie de "anfetamina visual" (porque ela leu sobre isso, porque ela le sobre arte...) e eu adorei muito isso. A foto que eu mais gostei dele (e agora pra saber o nome?) e' de um predio gigante, inteiro de vidro, com muitas pessoas coloridas dentro, de todas as especies. E' meio isso. Ele fotografa alguma coisa banal, que esta ali todos os dias e faz daquilo um evento. Uma coisa foda que faz voce reparar nos minimos detalhes. E de repente aquilo e' obra de arte e eu queria uma parede na minha casa so pra colocar a fotografia.

Enfim, a noite acabou de fato na entrada do metro, meio friozinho. Ela ia pegar o metro amarelo e eu ia a pe (delicia). E simplesmente acabou com um convite pra almocar no Morandi na segunda, as 13h, no meu aniversario...

:: E-mail

Ale Pinesso me mandou por e-mail e eu achei tao legal _e tao aflitivo_ que resolvi colocar aqui do jeitinho que ele mandou.

Fotógrafo argentino fotografa familia por 27 anos

"Durante vinte e sete anos, sempre no dia 17 de junho, um fotógrafo argentino fotografou os rostos de cada membro de sua familia, inclusive ele próprio, sempre na mesma posição e no mesmo lugar. Primeiro o casal, depois com a inclusão de cada filho, na sua chegada. Agora, colocaram a sua experiência na Internet."

http://zonezero.com/magazine/essays/diegotime/time.html

quarta-feira, junho 13

:: iPod NY

Mistaken I.D. + Pablo Picasso - Citizen Cope
Emily Kane - Art Brut
Pocketful of Money + A Sweet Summer's Night On Hammer Hill - Jens Lekman
Gravity Rides Everything - Modest Mouse
Make Me a Pallet on Your Floor - Mississippi John Hurt
La Javanaise - Madeleine Peyroux
Jorge Maravilha - Chico Buarque

segunda-feira, junho 11

:: Sempre jazz

Aqui e' assim. O jazz entra em voce.
Uma tarde normal no Central Park.
Uma tarde completamente incrivel.


:: Friday night

Eu fui no show do Architecture in Helsinki.
E e' so isso que consigo falar por enquanto.

:: “Take the L train”, de Brooklyn Funk Essentials

(Williamsburg e algumas coisas da vida)


Williamsburg tem a ver com as manhas com “Piruetas”, do Chico. Voce sendo acordada com um solao e um monte de amigas pulando em cima de voce e cantando "Piruetas" e dancando. Williamsburg tem a ver com “A Sweet Summer's Night On Hammer Hill”, do Jens Lekman, que eu e a Mer conhecemos juntas na Brooklyn Industries, nossa loja predileta aqui de NY. Williamsburg tem a ver com “Tive Razao”, do Seu Jorge, e tambem com “Boombox”, dos Mosquitos. Williamsburg tem a ver com um pouco de tudo da vida, porque da vontade de viver la mesmo.

Williamsburg e’ o bairro-conceito de NY, no Brooklyn. Talvez uma das minhas regioes prediletas. Mais tranquilo, com predinhos baixinhos, pequenos mercados, pequenos restaurants, pequenas lojas. Ruas arborizadas e pouco movimentadas. Por ali a gente nao acha taxi na rua e ninguem buzina. Ali e’ o canto dos jovens alternativos. De varios jovens artistas. Ali se concentra aquele povo tatuado que gosta de musica. Nos fins de semana de sol, as casas saem para a Bedford Avenue. As pessoas colcam araras nas calcadas, penduram roupas antigas. As pessoas colocam toalhas brancas nas calcadas e mostram artigos vintages lindinhos. As pessoas levam suas kombis, estacionam por ali, deixam as portas escancaradas com um monte de cases de vinis dentro e, na calcada, jogam algumas capas, alguns discos soltos pra fazer um tipo.

Williamsburg tem a ver com feijoada num dia frio ensolarado, tem a ver com risadas, tem a ver com alguns momentos especificos. Williamsburg tem a ver com roof, tem a ver com franguinho assado em domingo de chuva. Tem a ver com a Mer, tem a ver com o Roger. Eu conheci Williamsburg por conta deles. E aquele loft, inteiro envidracado, com janelao e vista linda, tudo branquinho… Aquela e’ como a minha segunda casa aqui. E eu amo. Mesmo.

Williamsburg tem a ver com o iPod no maximo, um pouco com Mundo Livre S/A, Badadmarsh & Shri, Coco Rosie. Tem ainda a ver com D2, ou com Roberta Sa junto com Pedro Luiz e a Parede, em “No Braseiro”. Tem a ver com Ze Keti, com Racionais, com Nitin Sawney. Williamsburg e’ musical pra mim… E entao, ha alguns dias, me despedi da Mer, que estava de partida pra Europa. Nao vamos mais nos ver nessa temporada. E fui caminhando ate o L train para voltar pra Manhattan. No final do dia, aquela luz Linda de sol se pondo, chorando. Nao deu pra suportar. Fui ouvindo “Somewhere Over The Rainbow”, com Israel Kamakawiwo’ole, lembrando do que eu vivi ali. Eu estava me despedindo daquilo tudo na verdade. NY e’ uma grande passagem. Vou dedicar um texto inteiro a isso. Mas, enfim, e’ um lance dificil. Porque as coisas todas sao muito intensas e as coisas todas simplesmente passam.

Fui lembrando do casamento da BZ, na beira da psicina, em SP. Essa mesma musica (que alias roubei dela) estava tocando num momento lindissimo em que cada convidado ganhou uma velinha apagada. O sol tinha acabdo de se por e depois dos depoimentos todos, as pessoas se olharam, um acendeu a velinha do outro. Foi uma simbologia delicadissima para representar a propagacao do amor, do carinho…

Williamsburg tem e ver com Chico Buarque gritando “Jorge Maravilha” e a gente gritando junto e pulando e celebrando a vida. E’ isso. Williamsburg tem a ver com a vida. E vamos comemorar.

sexta-feira, junho 8

:: Os dolares que eu deixo aqui

Nao teve momento de compras que mais me afligi aqui do que dias atras. Aqui voce anda e tudo leva voce ao consumo. Mas, como nao tenho grana pra qualquer coisa que eu desejar, coloquei na minha cabeca que compras NAO. E tem sido assim. Aqui eu como superbem, vou a todos os museus que desejo, quantas vezes eu desejo. Aqui eu compro os ingressos de todos os shows que tenho vontade de ver, apesar de nem sempre chegar a tempo _tudo aqui esgota em poucos dias, as vezes poucas horas. Eu como peixe e frutas, itens caros aqui. Mas nao saio pra fazer compras. Claro que voce acaba comprando uma coisinha ou outra, tipo uma protecao de chave colorida e alegre ou um porquinho para guardar todas as moedas que junta e nao usa nos telefones publicos (porque eu me recusei a ter um celular aqui). Aqui tem tudo o que voce precisa e mais, tem tudo o que voce nao precisa. Nem sempre é facil resistir.

Enfim, dias atras, lendo a Time Out, que compro semanalmente, vi que a Virgin ia fazer uma baita promocao de CDs e DVDs. Pra que? Pra que? Cheguei de Washington exausta e um pouco irritada porque a viagem de onibus é levemente irritante. Troquei de bolsa e fui pra la. Aquele som alto me causa calafrios, eu odeio. Aqueles turistas da Times Square desesperados. Aquela zona de gente disputando os aparelhos para ouvir seus futuros discos. Eu pude superar tudo isso quando peguei um box com tres discos da Nina Simone por somente $ 12. Eu ate esqueci aquela zona quando encontrei sem querer um disco incrivel do Wynton Marsalis (com o irmao Ellis no piano) por $ 8. Ou o box com dois discos (em edicao limitada) do Air (a trilha de Virgens Suicidas, da S. Coppola, e o Talkie Walkie, com Run e Universal Traveler, que eu adoro e vi ao vivo aqui, ai). Eu pude ate ficar por mais tempo ali depois que caiu na minha mao Thelonious Monk por $ 5 e, logo depois, o Dave Brubeck Quartet por $ 8, tambem. Foi uma fissura por compras. Eu cheguei a esquecer da minha mala. Do problema que sera minha mala. Mas agora com musica tudo ha de dar certo.

segunda-feira, junho 4

:: Monday's Jazz

Entre meus programas prediletos esta Dizzy's Club. A comecar pelo nome, que é em homenagem ao Dizzy Gillespie. E eu que achava que ele so arrebentava no trompete, descobri que tambem tocava piano profissional, arriscava na percussao. Descobri ainda que o pai dele, musico tambem, morreu quando ele tinha apenas 9 anos. E mais: que seu apelido era "Diz", que conseguiu bolsa pra Laurinburg Institute in North Caroline. O cara nasceu em 1917 e conheceu Charlie Parker 24 anos depois. Juntos criarem uma nova "linguagem musical", o BeBop. E entao ele morreu aos 75 anos, de cancer. Mas nao importa, a musica é pra sempre e agora o Dizzy's Club tambem, espero. Fica no quinto andar(mas aqui os andares sao altos) do Columbus Circle Center, na 59 st. Um janelao gigante bem atras de um pequeno palco. Uma especie de bar elegante, que comporta casais e amigos de todas as idades, que sentam-se confortavelmente em cadeiras largas e estofadas em mesas separadas adequadamente umas das outras. E depois tem um balcao com bancos altos. É ali que toda segunda-feira uma mocada incrivel de reune. Jovens talentos do Jazz preparam seus intrumentos e seus repertorios e fazem shows espetaculares por apenas $15. E eu, que sou estudante aqui, pago $10. Voce ainda pode petiscar alguma bobagem, ou fazer uma refeicao durante o show. Voce pode tomar um martini e conversar a vontade. Mas acontece o inverso. Quando aqueles novos musicos sobem o unico degrau que divide o palco do publico, as pessoas param de falar no ato. E olham fixamente pra cada movimento do sax, do trompete, do piano, da bateria, da garganta da menina que canta loucamente bem. Observam o movimento dos dedos, os olhares… As vezes, o publico se perde na vista do Central Park, logo atras dos musicos.
Coisa pra gente nao esquecer mais…

sábado, junho 2

:: Mais quero-quero

Eu quero os oculos escuros do Tom Ford. E achei uns iguais nuns camelos aqui em NY e pensei em comprar. Outro dia Cami Obniski me contou que as vezes os caras roubam as mercadorias originais (nao me pergunte como) e precisam vender logo por conta da fiscalizao. E entao eu posso sem querer parar num camelo um dia desses, pagar $ 10 nuns oculos classudos como esses e, se marcar, e' o original. ::ui::



mais cores aqui: os meus prediletos do mesmo modelo sao os verdes e os pretos:
http://www.tomford.com/en/default.aspx?folderId=e855c009-7625-4b75-9340-8ffc0d1c35b1

:: Quero-quero

(o nome do post eu roubei dos arquivos antigos do blogue da Gi Gueiros)

E agora que saiu o lineup do :: Lollapalooza :: e eu quero ir de qualquer maneira? Um festival de musica gigante em Chicago, a ceu aberto. Sao tres dias de shows no Grant Park, em diferentes tendas, o dia inteirinho.

Uma palhinha do que vai ter neste ano: Pearl Jam, Daft Punk, Ben Harper, The Innocent Criminals, Muse, Modest Mouse, Kings of Leon, Cafe Tacuba, TV on the Radio, Amy Winehouse, Moe., LCD, Yo La Tengo, Clap Your Hands e por ai vai. Quem nao vai?

sexta-feira, junho 1

:: Cenas da cidade

A gente anda muito aqui. E eu paro para observar tudo o que me chama a atencao. Tenho tentado viver a cidade mesmo. Ouvir os sons, olhar as mocas bem-vestidas com saias lindas e oculos de sol e tennis de esporte para andar, as maquiagens, o tom de voz dos homens que andam rapido cruzando as ruas a quase atropelando os farois falando no tal do bluetooth, aquele microfoninho que liga no celular e vc pode falar sem ninguem ve-lo pendurado perto da sua boca. Ate hoje tenho ataques de riso quando vejo isso. Ate eu cair na real de que o cara ta e' falando no celular. Saca? A primeira vista so parece um monte de louco falando sozinho pela rua. O lance nao perde a graca pra mim.

Enfim, hoje parei na rua por alguns minutos para observar um senhor. Careca na maior parte da cabeca, na outra parte, cabelo branco, maos envelhecidas e fortes, terno e um sapato furado. Sentado na calcada, cercado por grandes caixas de plastico. Uma com batatas outra com cenouras. Em cima de uma tabua, ele demonstrava compulsivamente o tal do cortador que ele estava vendendo. Ele descascava sem nem respirar as batatas e as cenouras. Separava o "lixo" em uma das caixas. E entao comeca a picar as cenouras de todas as formas. Falando, falando, falando sem parar.

Fiquei ali parada alguns minutos so olhando. As pessoas em geral paravam. Acho que pela bizarrice da cena. Assim, no meio da rua, no meio do transito enlouquecido dos pedestres... O cara estava ali, descascando cenouras e batatas e explicando explicando explicando as qualidades do tal do "instrumento".

E entao eu pensei: quantas batatas e cenouras ele descasca por dia? Quanto sera que ele gasta para comprar batatas e cenouras para descascar por dia? E quanto sera que ele ganha vendendo os tais dos descascadores e cortadores de batatas e cenouras para ir ao mercado e comprar mais batatas e cenouras e no dia seguinte sentar e vender mais? Quanto sera que ele gasta de calorias para descascar e cortas cenouras e batatas? Quantas vezes sera que ele repete as qualidades do artigo a venda por dia? Quanto ele gasta de saliva?

:: MoMA

Hoje eu ando pelo MoMA e ja consigo saber a direcao das minhas obras prediletas. Ja conheco bem o quarto e o quinto andar, do acervo. Ja sei encontrar sem problemas meu Matisse predileto, Dance I; ou o Donald Judd verde, encostado na parede; ou ainda o gigante quadro do Pollock que me traz o Di na memoria imediatamente, os quadradinhos coloridos do Ellsworth Kelly, algumas obras do Miro, do Andy Warhol…The Park, do Klimt. Eu sei falar alguma coisa sobre o "azul" do Yves Klein… E ainda quero voltar.

:: Subway

Finalmente entendi porque NY é a cidade dos ratos. Aqui no metro voce pode ver muitos ratos. Muitos mesmo. Mas voce pode ver tambem uns negoes incriveis dando o seu melhor no vocal, nos instrumentos e na ginga. Foi demais para mim quando vi um trio cantando Otis Redding. Primeiro: lembrei da minha historia com o Di, nao fosse Otis, a gente poderia nao estar junto. Segundo: perdi o metro porque nao queria perder um segundo daquilo. Terceiro: dei $ 5 pros caras e acho que eles mereciam muito mais. Quarto: agora eu encaro qualquer rato no metro porque sei que tenho
a chance de ver algo como aquilo de novo. E eu pago pra ver!