quarta-feira, maio 26

:: Das prediletas

O disco novo na Tulipa Ruiz já tá na lista dos prediletos. Por isso domingo já tenho meu lugar no show, no Auditório Ibirapuera. Mas não é só. Uma das minhas faixas favoritas, "Só Sei Dançar com Você", está com versão nova e tem participação de Zé Pi nos vocais (e na guitarra). Das vozes mais sexies que ouvi nos últimos tempos.

terça-feira, maio 25

:: Palavras

Amo dicionários. Hoje descobri que posso chamar de ambrosia qualquer "comida ou bebida extraordinariamente deliciosa".
:: Pequenas alegrias

Dia desses ele me entregou um disco novo. A gente faz assim às vezes. Troca discos. E então a vida até parece estar em ordem. Outro dia ele estava cabisbaixo e eu peguei o disco mais animado que tinha no carro, que gravei contra o mau humor no trânsito de fim de ano, e dei pra ele. Algumas semanas depois, foi a vez dele. Fez assim: uma seleção de músicas novas para acalmar o coração, com Andreia Dias, Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci.
:: Vergonha alheia

Céus, a turma da acadimia colocou um ta-pe-te ver-me-lho na porta para comemorar os 12 anos de existência. Sim, todo mundo passou por cima, cabeça erguida, como se estivesse tudo ó-ti-mo! rá

quinta-feira, maio 20

:: Dia a dia

Na farmácia, a moça do caixa encanou com o meu sobrenome. Falou em voz alta até acertar. De primeira, falou como se fossem dois "erres" mas logo percebeu e falou baixinho: "se fosse assim eram dois erres, né". E aí acertou. Depois, na hora de pagar, até perguntou se era débito, crédito ou fiado. Fi-a-do!
:: Registros inúteis

Hoje passei boa parte do dia na rua, atrás de comida. Subi e desci aquela Augusta, do lado dos Jardins, atrás da moça da tapioca e, lá pelas tantas, passei na frente de uma loja de peruca. Na vitrine, pensa, um porta-retrato 10 X 15 com a foto da dona da loja no Programa do Jô. Céus!

quarta-feira, maio 19

:: Dos males que vêm para o bem

Certo dia acordei, liguei o chuveiro e entrei no box para tomar banho. Água gelada. Mexe aqui e ali. O mesmo: água ge-la-da. E então conclui o pior. O chuveiro quebrou. Por isso agora, enquanto não tenho tempo para consertar o treco, tenho de ir todo santo dia à academia. Todo santo dia.

terça-feira, maio 18

:: Autocrítica

Ela, contando sobre os irmãos mais novos:

"Não sou bom exemplo, né. Sou uma vaca."
:: Pequenos prazeres

Tive uma manhã de leituras e chamegos e escritos. Com a sanfona de Toninho Ferragutti ao fundo, li sobre os "costumes gastronômicos" de Monteiro Lobato. Entre umas descobertas e outras, achei simpática essa coisa dele picar rapadura em pedacinhos e enfiar no bolso "para ir mastigando durante o dia".

Nos relatos de Marcia Camargos e Vladimir Sacchetta, em "À Mesa com Monteiro Lobato", diz ainda que "no café da manhã, comia farinha de mandioca ou de milho misturada com café preto. Colocava os flocos na xícara com açúcar até obter uma papinha que nunca deixava desmanchar".
:: Conforto

Ela escreveu lá daquela cidade que eu mais amo contando um segredo cheio de alegria. Depois vou tentar colocar em palavras o que foi que senti ao compartilhar aquilo. Não sei se consigo. No final, me mandou um abraço "bem forte de tirar o ar" e achei a coisa mais linda. Na verdade, o que acho lindo é a capacidade dela de estar tão perto de mim.
:: Nomes

Ele ia chamar Itamar. Desde o começo era Itamar que eu queria por conta do Itamar Assumpção. Gênio. Mas aí fizeram campanha contra, política e aquelas coisas todas e eu entendi. Então ele ia se chamar Moacir. Mas ela quase teve um treco. Moacir? Depois, todo mundo ficou sugerindo nomes: Bonifácio, Sebastião, Calder. E ele passou um dia todo sem nome. Enfim decidi por Antonin, por conta de Antonin Carême. E quando ele já estava praticamente batizado, ela me veio com essa ideia: Leopoldo. Difícil assim, hein?
:: Pequenas alegrias

Ele faz questão de vir aqui me colocar para dormir. Traz DVDs para me distrair, enche meu copo de Coca-Cola, me cobre com a manta amarela e faz cafuné até eu adormecer.

quinta-feira, maio 13

:: Um relato romântico sobre os gansos

Nesta semana, enquanto eu apurava as diferenças entre pato e marreco, descobri que ainda se come ganso. E então fui fuçar sobre o assunto. Li um pouco sobre os estudos de Konrad Lorenz, um cientista conhecido como “pai da etologia”. Ele observava, justamente, o comportamento dessas aves, que se reproduzem pouquíssimo em relação aos patos (imagina em relação às galinhas?), são briguentas e obedecem uma hierarquia social assustadora (assustadora foi por minha conta). Lá pelas tantas, li um trecho de um dos textos que separei, que fiquei com vontade de escrever aqui para registrar. São aspas dele, sobre o pai, dois apaixonados pelos animais, com a casa sempre cheia de gansos:

“O velho senhor amava os gansos cinzentos, principalmente pelo comportamento cavalheiresco dos machos; portanto ele não abria mão de convidá-los diariamente para o café da manhã na varanda... Para meu espanto, certo dia à tarde, indo ao jardim, quase não encontrei gansos. Com meus pressentimentos corri até o escritório de meu pai e vejam: reunidos ao redor do meu velho sobre um tapete persa maravilhoso, encontravam-se 24 gansos. Ele bebericava seu chá lendo o jornal e oferecendo pedaços de pão às aves.”

terça-feira, maio 11

:: O pato da vovó

Mamãe me ligou nesta manhã. Jogamos um pouco de conversa fora e eu contei que sonhei que o Tio Zé tinha me dado um gatinho, com cara de pato. Na verdade, era um patinho, daqueles desengonçados, amarelinhos e tal. (Depois explico melhor essa confusão toda, porque tem sim explicação.) E então, ela ficou inspirada e contou que a próxima receita que vai se aventurar a fazer é o pato da vovó. Meio macabro isso? rá. Contou que o pato é servido inteiro à mesa, recheado com ameixas-pretas secas, que, por sua vez, são recheadas com presunto cru. Tudo isso regado ao molho de laranja, servido na companhia de purê de maçã. Já pensou?
:: Caderno de notas

Ela disse que ninguém sabe o que é ser a gente, só a gente.

segunda-feira, maio 10

:: Pequenos gestos

Ela me recebe em casa com velinhas sobre a mesa e uma saladinha caprichada, com aqueles minitomatinhos vermelhos, num brilho só, e tão docinhos, que não tem como negar. Depois inventa tudo quanto é assunto, mas não me deixa em silêncio para que não venha o vazio.

Ele faz diferente. Até fica em silêncio. Mas abre a mão como uma conchinha para eu recostar a cabeça. E a mão é tão grande, tão quentinha, tão macia, que faço dali meu travesseiro. E até adormeço. Adormeço com mais tranquilidade, porque ele está cuidando dos meus pensamentos.

domingo, maio 9

:: Lágrimas de diamantes

Hoje peguei no fundo da gaveta de coisas prediletas um pacotinho de lenços de bolinhas coloridas que comprei em Paris para enxugar as lágrimas no show do Luiz Tatit. Para que as lágrimas, no encontro com aquelas cores saltitantes, ficassem felizes.
:: As mães

Quando a vovó morreu, foi como se todo mundo tivesse morrido um pouquinho também, dentro de cada coração. Ainda hoje leio os cartões que ela fazia questão de escrever a cada data especial.

Vovó guardava chocolate Surpresa na gaveta para descobrirmos os bichos raspando a superfície da barra, delicadamente, por cima do papel-alumínio. Vovó sempre comprava cachos de banana para nos receber, sempre soube que banana era a nossa fruta predelita. Vovó também preparava banhos de banheira quentinhos com óleos e frescurinhas e, no café da manhã, preparava café com leite e fazia barquinhos de pão francês com manteiga. Vovó cantava pra gente antes de dormir, contava histórias, fazia um carinho de leve na nuca, que deixava a gente inteirinha arrepiada. Vovó fazia purê de batata sem igual e gostava da mesa cheia. Cheia de comida e cheia de familiares.

E então vovó morreu e todos nós morremos um pouquinho por dentro. Na hora de dividir as coisas, o que gerou mais confusão entre os cinco filhos foi o jogo de louças, com os pratos floridos, com um delicado friso dourado na borda. E então, no final das contas, o jogo foi separado entre três, dos cinco filhos.

Hoje mamãe nos recebeu com a mesa posta. É o dia dela, mas foi como se fosse o nosso. Depois pensei melhor e entendi. Era um dia dela com a mãe dela. Foi o primeiro dia em que ela tirou os quatro pratos do armário que fica lá no quarto dos fundos. Tirou ainda a toalha bordada. Preparou uma das mesas mais lindas que já. Talvez a mais linda.

Talhares do jogo de prata, para dias especiais. Guardanapos de pano. Dois minivasinhos que ela trouxe de uma feira de antiguidade de Londres, com florzinhas brancas. Velinhas também. Taças que ganhou no casamento, há tantos anos. Uma mesa assim, para mulheres. Delicada.

Ontem mamãe foi ao Santa Luzia comprar um hodoque de quase dois quilos. Pela primeira vez ela enfrentou a receita que a vovó mais gostava de fazer. O hadoque com batatas coradas, em creme. E então foi como um ritual, de descongelar o peixe, deixá-lo descansando em leite, retirar o leite, mergulhá-lo em um creme aveludado, o tempo exato de forno. Depois serviu tudo à mesa em travessas que eram da vovó, bem como ela fazia.

Estava tudo lindo e perfumado, mas ainda restava um medo. O medo da primeira garfada. Mas passou. Ficamos até em silêncio para sentir aqueles sabores que nos levavam para tão perto da vovó. Era como se ela estivesse com a gente, num almoço de mulheres. E como se, cada vez mais, pudéssemos nos encontrar nas mulheres que somos. E que queremos ser.
:: Milágrimas

Um dia, há muitos anos já, papai me mandou um e-mail, pela manhã, com a letra de "Milágrimas", do Itamar e da Alice Ruiz. Já copiei a letra aqui mais de uma vez. Mais de duas, acho. Mas então respondi a ele que um dia eu tinha ido a um show da Ná Ozzetti e tinha chorado com essa letra, de tão linda. E ele disse que essa era a filha dele, que chora com isso e com aquilo, "que chora com o que é e com o que não é, com o que poderia ser, com o que não foi, com o que já foi". Logo depois, dizia assim, imagina quantos bônus você tem acumulados para desfrutar dos milagres".

Milágrimas
Itamar Assumpção - Alice Ruiz

Em caso de dor, ponha gelo
Mude o corte do cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema, dê um sorriso
Ainda que amarelo
Esqueça seu cotovelo
Se amargo for já ter sido
Troque já este vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério, deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada milágrimas sai um milagre
Em caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa
Coma somente a cereja
Jogue para cima, faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra apenas, viva apenas
Sendo só fissura, ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena, reze um terço
Caia fora do contexto, invente seu endereço
A cada milágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
A cada milágrimas sai um milagre

sábado, maio 1

:: Comentários inúteis

Acho a coisa mais fofita o Caetano puxando o "r", bem caipirinha, em "Outra Banda da Terra".