sexta-feira, janeiro 30

:: Pidona



Eu sempre fiz charme para pedir as coisas. Meu irmão pequeno aprendeu comigo e faz igualzinho, desde sempre. E ontem ele veio me mostrar a obra completa da Mafalda, novinha em folha. Tinha acabado de ganhar. E eu franzi a sobrancelha e falei fininho: me dá...? E ele, mas Lu... E deu um pulo enquanto dizia peraí. Voltou com um livro velho, de capa dura (os meus prediletos), dos dez anos de Mafalda: esse era do papai, mas pode ficar com você agora.
Não é lindo? É por isso que eu vou esmaga-lo pra sempre. Depois, eu fui até o carro pegar o presente de Natal atrasado e agora ele anda de patins (!) e quer ir no parque. Ele me esmagou igual. Melhor, quando não tem presente, é a mesma coisa. Ou mais.
:: No Fleury

E então acordei cedinho para fazer uma bateria de exames de todos os tipos no Fleury. Minha sis foi junto, para cuidar. Enquanto saiam aqueles tubinhos intermináveis de sangue, e eu deitada, em pânico, ela tentava desviar a minha atenção com coisas assim:

- Se você não estiver pronta hoje às 21h, eu não vou te buscar.
- Tá (eu, desesperada com a pressão lá embaixo)
- E se você estiver pronta... Talvez eu também não vá te buscar.

Eu não aguentei e ri.

quinta-feira, janeiro 29

:: Repeat

Ele me ensinou e eu aprendi: "E.V.A.", de Jean Jacques Perrey, é para ouvir no repeat.
:: Do que é para repetir

Eu sei. É sempre a mesma história. E eu repito. Não canso de repetir. Isso porque, apesar de tudo, sempre me surpreende o fato de eu chegar lá e ser um dos lugares onde mais me sinto bem. Mesmo quando é no improviso, o jantar é incrível. Nada é mais ou menos. Nem a conversa, nem os presentinhos, nem a salada, nem os pratos, nem os sorbets de sobremesa que eles vivem inventando - e quase sempre usam o limão do jardim.

Hoje foi assim. Saí do jornal com pressão baixa e dor de cabeça. Um terror. Quando cheguei, a mesa estava posta com aquele capricho de sempre, ele me deu um abraço apertado dizendo que estava com muita saudade e correu lá pra dentro para pegar um presentinho. Eu já tinha dito, no balanço de 2008 que fizemos, que o ano passado foi o ano que mais ganhei presente na vida - e o ano que mais me dei presente também. Uma loucura. Ele lembrou e brincou. Disse que o presentinho era pra mostrar como ia ser 2009. Eu ri. Porque eu adoro. E ele sabe o quanto.

Ali estavam embrulhados dois descansos de panela em uma versão moderninha, de silicone e coloridos: um vermelho e outro laranja, bem ao meu gosto. Tudo isso porque eu fiquei falando sobre os descansos da praia, que são lindos e nunca vamos ter outros tão lindos, coloridos e alegres. Quando eu abri, ele disse: essa foi só a primeira tentativa, minha filha. Ele fala assim, minha filha. Quando eu era pequena, era filhota.

E então sentamos à mesa. Ele cortou um rosbife bem fininho e serviu frio com um molho da própria carne, com pimenta-verde. A salada era temperada só com um azeite grego, muito aromático, uma perdição. Eram cubinhos de batata, pedacinhos de azeitona preta, palmito e manjericão.

Cruzei os talheres, fiz uma horinha, dei beijo e abraço de boa noite e disse que nada da saudade passou. É sempre isso que eu sinto. Que nunca, nunca é o suficiente.
:: A agenda dele

Ele confessou que passou dias sem ler as minhas bobagens. Mas só confessou quando recuperou os escritos antigos e ficou totalmente atualizado. E então disse que, depois da leitura concentrada, fez também uma lista de afazeres, como as minhas. E ali colocou coisas como voltar pra minha casa da praia, visitar restaurantes que eu indicar (inclusive com as dicas dos pratos e afins que ele deve pedir), e ouvir as várias versões que eu tenho de "Night in Tunisia". Depois de tudo, contou que semana que vem tem sedex pra mim. E isso quer dizer que preciso começar a gravar um disco pra ele já e fazer letra bonita na hora de escrever a playlist, mas sem frescurinhas.

quarta-feira, janeiro 28

:: Das pessoas sensíveis

Foi ele, uma das pessoas mais sensíveis que eu conheço, que me mostrou Perro del Mar _e me deu um dos livros que mais gostei de ler na vida, ele sabe. Até hoje, não achei nenhum disco, então fico matando a vontade nos vídeos do Youtube.



terça-feira, janeiro 27

:: Das amizades

http://flaviacarbonari.com/Site/Blog_/Entries/2009/1/26_sounds_that_make_me_smile....html

segunda-feira, janeiro 26

:: Mais do mesmo

porque os vícios são assim

:: Pequenos prazeres

Quando a segunda começa melhor:

domingo, janeiro 25

:: Dos truques

Ninguém (nin-guém!) acredita quando deixo alguma coisa no prato. Nem os amigos, nem a família, nem os garçons. Principalmente os garçons. Imagino que eles devam observar o meu incrível porte físico e pensar, automaticamente, que eu não acabei de comer porque não gostei. Certamente eles pensam isso.

Quando fui fazer o Guia Nordeste (Unicard) passei dois meses viajando sozinha, de mala, computador, livros e afins, na maior correria, comendo em todos os restaurantes, sorveterias, docerias e similares das capitais. E no Nordeste, todo mundo sabe como as porções para uma pessoa são discretas - servem só umas três ou quatro meninas. Rá

Então, a missão, depois de quilos e quilos a menos na volta da viagem-mochilão-pelo-Chile, era comer o mínimo (mesmo), já que precisava almoçar três vezes e jantar duas, além dos lanches nos intervalos (god). Básico, tranquilo. E eu fazia isso - tudo comprovado pela balança, com apenas um quilo e meio a mais depois da maratona - contra os nove que o repórter de Minas incorporou em menos tempo.

E então, todo santo dia era a mesma coisa: o garçom via meus talheres cruzados e perguntava se eu não tinha gostado. E eu não aguentava mais repetir a mesma piadinha, porque não podia me identificar até a hora de receber a nota fiscal. Eu perdi a conta de quantas vezes repeti assim: não parece, mas eu como pouco - e dava uma risadinha rá rá - e eles riam também, quase sempre.

Enfim, o tempo passou e, desde o começo do ano, já vivi algumas situações parecidas, aqui em São Paulo. Outro dia fui ao novo Kaa, experimentar o que Pascal Valero anda aprontando ali (pós-Le Coq Hardy), naquela cozinha envidraçada. Num ritual onde se come ao lado de um jardim vertical de orquideas que, confesso, é um pouco impressionante (e "um pouco" é só modo de dizer).

Pedi um ravióli feito na casa recheado com camarões, servido com lentilhas de Puy (aquelas francesas pequetuchas e mais firmes) e molho de ervas, bem delicado. Pois eu comi o suficiente para ficar satisfeita e sentir todos os sabores misturados ali. Não foi muito porque antes comi uma salada com burrata (!) e tomatinhos, que estava um arraso. E, como de costume, cruzei os talheres.

O garçom se aproximou meio espantado de me ver deixando quase metade daquele prato de Pascal Valero e fez a pergunta clássica:

- Não gostou?
- Adorei, mas "deixar um pouco no prato" é a meta de 2009!

E funcionou tão bem, com risada e tudo, que vou adotar daqui pra frente.
:: Histórias da piscina

Depois de uma semana sendo frustrada pela previsão do tempo - a ponto de abortar a viagem pra praia - finalmente acordei neste domingão com alguns raios de sol. Ufa. Fiquei em casa um pouco, colocando algumas coisas na máquina de lavar e guardando um sapato ou outro fora do lugar, além dos livros de cozinha brasileira, que preciso ficar uns dias sem ver. Enquanto isso, fiz uma seleção no iPod com as versões de "Night in Tunisia", que amo-amo, e mais algumas novidades que ando ouvindo, Club des Belugas, Parov Stelar, Animal Collective e o velho e bom Caetano.

Desci. E não tinha ninguém. Uma beleza. Sol, água e jornal. Eu revezei assim. Até chegarem outras pessoas barulhentas num canto. Ali do meu lado, um pouco pra lá, parou um casal de uns 30 e poucos, 40. Ela, com uma apostila na mão - lendo e grifando. Ele, com um violão que começou a tocar baixinho.

Desliguei o iPod. A turminha do fundo cantava uns funks cariocas como se não houvesse amanhã e eu fechava os olhos pensando para, para, para. O cara do violão, entretido, me fazia, em alguns momentos, parar para olhar e ouvir. Principalmente nuns solinhos delicados que fazia ali, sem esforço algum.

E então ele começou a tocar "Night In Tunisia" e até doeu. Fechei o jornal, o sol já tinha sumido atrás das nuvens, e fiquei olhando pros acordes, discretamente. Ele acabou e olhou pra frente (e eu estava ali). Fiz cara de "adorei". E não resisti: ouvi cinco versões dessa música hoje antes de descer. E agora, a sexta, ao vivo, que honra. E ele riu. E ela disse que meu ouvido era bom. Mal sabe que sou meio surda.

Depois, fechei minhas coisas, dei uma piscadinha pra eles com os dois olhos (porque não sei com um só) para me despedir e subi de escada para tomar água tônica, lavar as roupas brancas e preparar aspargos salteados na manteiga e cogumelos para o almoço.
:: Da lista de afazeres

- comprar flores
- fazer a prova de inglês on-line da alumni
- organizar notas fiscais de restaurantes
- baixar a discografia de tok tok tok para ouvir no repeat
- lavar roupas brancas
- comprar frutas, iogurte e suco de lichia

quinta-feira, janeiro 22

:: Repeat

"High on the Heels" - The Whitest Boy Alive
"Oásis" - Juarez Maciel
:: Da agenda

E então cancelamos a praia, a tão esperada viagem só das meninas, com quiche de alho-poró e salada, porque o tempo simplesmente não ajudou.

quarta-feira, janeiro 21

:: Das amizades

Hoje, eu mandei recadinho dizendo "te adoro" e ela respondeu assim:

"Eu e toda a humanidade - mas mais eu - também te adoramos"

E ela sabe que vou reler antes de domir. Mais de uma vez.

terça-feira, janeiro 20

:: Roubado

"Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo" Guimarães Rosa

Roubei do blog dela porque tinha muito a ver com as coisas que eu ia anotar no moleskine verde. E ela, enquanto isso, acha que eu não devo me interessar tanto assim por ela. Que eu até hoje não escrevi um email profundo sobre a vida, como eu prometi. Que eu esqueci dos discos que ia gravar pra casa nova, cheia de janelas, e deixei os segredos pra lá, num canto. Mas não. Qualquer hora vou tentar expressar alguma coisa, que, às vezes, fica travada dentro da gente por algum motivo difícil de explicar. Vou contar que tenho uma lista de músicas que anoto sempre que penso nela e que penso em vários momentos. Quero falar também dos últimos livros que eu li, que acho que ela vai gostar. Mais: sobre a saudade de Nova York e das galerias e das dicas que eu anotava e das leituras sobre artistas e dos passeios e dos gritinhos e das conversas filosóficas. Quero contar que, parei de comentar no blog, mas passo lá, no cantinho dela, todo santo dia, e fico pensando um pouco sobre aqueles olhares e sobre a vida. Um dia quero conseguir mostrar que fiquei triste porque a gente, no final das contas, não se viu depois da praia, naquele domingo pré-viagem-de-volta. Eu quero preparar uma listinhas dos novos restaurantes que ela precisa visitar quando voltar aqui por uns tempos. Aos poucos, quem sabe, fica possível transmitir que, certas coisas, simplesmente, ficam na nossa vida.
:: Das essências

Esses dias de muito sol me deixam mais menininha mesmo, confesso. Vestidos e sapatilhas, aquela coisa. Hoje, bastou ver uma nuvem ou outra no céu, que voltei ao meu estado normal: jeans, regata preta, tênis, casaquinho adidas e mochila verde the north face (!). Mas continuo ouvindo Radiohead sem parar...
:: Das leituras

Retomando algumas passagens de "História da Alimentação no Brasil", do Câmara Cascudo, todas as manhãs e grifando coisas assim:

"Toda a existência humana decorre do binômio Estômago e Sexo. A Fome o e Amor governam o mundo, afirmava Schiller."
:: Pequenos prazeres

- Tomar água gelada de manhã
- Passar hidratante Neutrogena depois do banho
- Gravar discos pra quem a gente gosta
:: Porque hoje acordei pensando nela...



:: Fui e voltei









segunda-feira, janeiro 19

:: Das trilhas

É, ele tem uma cadelinha chamada Honey Baby. Rá
:: Repeat

Das músicas que mais ouvi nos últimos dias, todas do Radiohead, do disco "I Might Be Wrong: Live Recordings", que arrepia mais e mais:

"Morning Bells"
"Idioteque"
"Everything In Its Right Place"

sexta-feira, janeiro 16

:: Repeat

"Won't Be Long" - The Hives
:: Sobre "o quereres"

Hoje acordei preguiçosa, verdade. Mas essa coisa de ter manicure me tira da cama sempre. Coisa de menininha. Eu sei. Então ouvi Baobä Stereo Club pela manhã, que foi a última oferta dele - e incrível, como de costume - enquanto tomava leite com café, esparramada no sofá. Meio desanimada ainda com o sol que não aparecia.

Tirando o esmalte parisiense, que ela me deu, para colocar algo bem leve, quase nulo, as nuvens abriram e lá estava um dia claro. Tudo que eu queria era ligar pra ele aos gritos, no máximo da empolgação, que ele conhece como é, dizendo, ammooorrrr, o sol! Eu queria mesmo ligar e comemorar o nosso find na praia e explicar a minha situação de hoje, de muito trabalho, leitura, entrevistas e afins, e ver como ele prefere combinar, porque não vou ter tempo de comprar os aparetivos, que ficamos responsáveis, hoje. Quero saber se ele prefere sair 5h30 ou 6h. Ou, de repente, 6h30. Quem sabe, 5h. E se vai mesmo dormir lá longe na casa dele ou vai encostar lá na minicasa, porque meu sofá é bem macio, ele sabe.

De unhas feitas e anel verde, sai de janela aberta e música alta, como se já fosse estrada. Fui buscar o meu vestido amerelo, como se nem importasse a volta que estava dando de carro e o tanto que terei de me concentrar hoje no jornal. E então aumentei o som, enquanto Daft Punk tocava ali no repeat.

(parenteses: Foi assim, na segunda, perguntei qual foi a última música do set, que eles tocaram na festa e eu me acabei. Robot Rock, do Daft Punk. Em seguida, pedi um disco pro meu fornecedor exclusivo de arquivos, que nunca dá bola fora - mas ali não tinha a música. No dia seguinte, ele veio até a minha mesa, lá de outro andar, com o disco gravado, "Daft Punk Alive 2007", e eu, que pareço tonta nessas horas, nem soube agradecer de tanto que gostei. fecha parenteses)

Depois de tudo, no caminho para o jornal, com um som um pontinho mais alto a cada parada, fiquei pensando que vou levar o disco pra gente ouvir na estrada. Para colocar quando a gente não quiser mais conversar. É. A gente sempre quer conversar. Passamos horas. Trabalho, as desiluções afetivas e os rankings proibidos. Amigo mesmo, do coração. E ele guardou a carta de amor que escrevi pra ele quando era uma adolescentinha. Eu, guardei a dele, que repetia mil vezes, não sei o que escrever e minha letra é feia. E é mesmo. Mas ele sabia o que escrever.

quinta-feira, janeiro 15

:: Repeat

"Lost in The Paradise", do Caetano, sempre o Caetano...
:: Rá

"Ai, olha o pato no tucupi de novo, gente. Você sabe o que é um pato no tucupi te perseguindo?"

Foi o que ele disse e eu morri de rir.
:: Das amizades eternas

Ele disse para trocarmos presentes por sedex, como era costume trocar cartas antigamente. E eu, que tenho certa fixação por correio, aceitei a proposta na hora. Tudo porque ele inventou de morar longe, e amigo assim não pode ter esse tipo de ideia. E então começamos a conversar e ele disse que nem menina, por favor, por favor, grava discos novos pra mim. Pode? Uma coisa linda. Depois, disse que vai começar, mas ainda não mandei o endereço com cep. Em seguida, é minha vez. Vou encher a casa dele de alegrias musicais, que é o mínimo que ele merece. O mínimo.

quarta-feira, janeiro 14

:: No msn alheio

"To solteira os 50% pra mulheres, né
homosingle
heterocommited"
:: Sobre o cabelo pós-corte

Assim que ele chegou, parou ao lado da minha mesa para dizer, como se nada estivesse acontecendo, seu cabelo está wildly naturally beautiful. E foi sentar.
:: Pequenos prazeres

Ela chega na Redação e abre um pacote perto da gente. Vamos dividir? Ela trouxe um frozen ligth com calda de limão e amora com farofa crumble.
:: Por que me chamam de mãe

Merece anos de escritos. Mas hoje foi assim.

Ela, pela manhã: Não estou me sentindo bem.

Eu, mais tarde um pouco, por e-mail: Se precisar de alguma coisa me avisa, tá amore?

Ela: Pode deixar. Se eu for gumitar te aviso pra você segurar meu cabelo.

***

E eu, que dúvida, achei a coisa mais fofa do dia. Por isso. Por isso, que ela sempre diz que eu pareço com a mãe dela. Até dá pra entender. Confesso.
:: Dos pensamentos

Eu fico pensando, será que ele gosta da Bethânia como eu? Fico pensando o que ia acontecer se a gente ouvisse "Yá Yá Massemba" num sábado. Porque hoje tomei água-de-coco gelada no café da manhã, ouvindo os últimos discos que ele gravou pra mim, enquanto olhava para o meu pé de café brilhando ao sol.

terça-feira, janeiro 13

:: Quando uma é pior que a outra

Aqui, vira-e-mexe a gente fala bem baixinho, só mexendo a boca. Eu, que sou meio surda, nunca entendo - e não adianta. Ela, que escuta bem, não enxerga, e também não adianta.
:: Pequenos prazeres

Ela me convidou para almoçar açaí e me trouxe um disco do Gotan de presente, que ganhou repetido.

segunda-feira, janeiro 12

:: Frase pronta

Aqui tem essas frases que fazem a gente rir por semanas, ditas em alto e bom tom. De repente, alguém levanta e diz coisas que repetimos por dias e lembramos na mesa do bar depois de meses. Hoje foi assim:

"Pior do que ser uma pessoa assumidamente má, é ser uma pessoa burra sem saber."
:: Diálogos da firma

- Quando alguém for no banheiro me avisa?! - gritando na Redação.

Silêncio.

- Se alguém for no banheiro me avisa porque eu preciso que lavem a minha pera - mandando.

Os ataques de risos infinitos que temos.

Depois de um tempo:

- Gente, ninguém vai lavar a minha pera?
:: Repeat

"Striptease in Istanbul" - Wax Poetic
:: Por e-mail

Ela me contou que chegou bem de viagem e que vai fazer uma festa em casa na sexta. Só com a trilha sonora dos últimos discos que gravei pra ela, que ela também ouviu para desfazer as malas e começar a primeira faxina do ano, na casa que estava fechada já há alguns dias. É como se eu tivesse ali e ela pudesse parar de chorar.
:: Quando aprendo com elas

Uma arrumava as velinhas coloridas, enquanto a outra lavava a louça, correndo. E eu, no banho. Eu queria tudo impecável e ela disse, deixa um pouco de bagunça. E a outra, em seguida, uma bagunça organizada, sabe?

sábado, janeiro 10

:: No telefone

- E que horas você sai do plantão?
- Meia-noite.
- Meia-noite?
- É. Meia-noite em ponto.
- Tá, então me avisa cinco minutos antes de sair?
:: Sobre não dormir

Quando a gente não dorme por duas noites, como é possível fazer o plantão da madrugada, monitorar Gaza e Israel, o estado de saúde de Patrick Swayze e se alguma outra tragédia está acontecendo pelo mundo afora, e, ainda, não abolir os planos da festa de mais tarde?
:: Promessas

Ela prometeu que hoje vai me dar redbull para eu dançar até gastar o chão.
:: Das anotações

Ele pediu para eu anotar que é viciado em torta de limão.

quinta-feira, janeiro 8

:: Compromissos sociais

quarta-feira, janeiro 7

:: Repeat

"Little Bit" - Lykke Li
:: Das listas de afazeres

- comprar CDs virgens
- comprar a coleção de tango de buenos aires, igualzinha a dela
- escrever um texto sobre as resoluções de 2009 (de amigos e minhas)
- comprar um all star
- ler muito no findi
- nadar, se fizer calor
- fazer barra de uma calça
- lavar meu vestido verde na mão
- cortar o cabelo
- fazer unha do pé e da mão

terça-feira, janeiro 6

:: Ainda sobre 2009

Nas resoluções dele, adorei, estava lá: "contar sempre até dez. ou até passar".
:: Os aniversários

Ela gosta de comemorar o aniversário por dias, semanas, meses, até. Um mês antes ela começa a falar do dia do aniversário. Depois, cola convites por todas as paredes que vê pela frente, cheio de charme e personalidade. Coisa de artista. E então domingo teve reunião familiar vip e eu fui. Me ligou mil vezes antes pra eu chegar mais cedo. Eu cheguei na hora, fui mais pontual que a avó. Ela resolveu, agora, que cresceu mais um pouquinho, que fuma e bebe uísque na frente da mãe.

No dia seguinte, era dia de aniversário e ela me arrastou até o La Tartine para um jantar entre amigos, dos mais gostosos para começar bem uma semana que será, certamente, um inferno. E então eu brindo com coca e eles todos com vinho, várias vezes. E como saladinha com quiche de alho-poró enquanto o acordeonista toca, ali, ao vivo, bem pertinho, a trilha de Amelie Poulain até me fazer vibrar na cadeira.

E hoje, minha missão é falar o dia todo, de repente, "quem fez aniversário ontem???" e amanhã, "quem fez aniversário anteontem???" e assim por diante até sábado, quando tem outra festa, bem ao estilo dela, para dançar até não aguentar mais. Depois, as fofocas na segunda e na terça que vem. Em seguida, acho que o aniversário dela finalmente passa. E eu vou grudar até o próximo. Certeza, eu ia falar pra ela. E ela ia repetir enquanto ria.

domingo, janeiro 4

:: As responsabilidades

É um pouco chato quando a gente cresce e tem de passar muito protetor para proteger a pele do sol (e seus males) e voltar semi-branca para SP depois de dias de praia.
:: Sobre começar o ano

Não basta pular as sete ondas e depois comer uvas fazendo pedidos para o ano novo. É preciso voltar para casa, arrumar um pouco de tudo. Nos casos extremos (meu), dos neuróticos (eu), muito de tudo. Quando a gente joga meia e calcinha no lixo, abre sabonete novo, passa lavanda no armário depois de arrumar os cadernos antigos numa caixa e os novos, em outra, quando a gente ouve discos antigos e reorganiza os copos nos armários da cozinha, quando a gente tira tudo da geladeira e só deixa as cervejas, a água-de-coco, a coca light e as cebolas, depois de tudo isso, quando a gente toma banho com o shampoo predileto e faz o ritual da limpeza de pele, então sim, a gente pode começar o ano. Por isso que, depois de tudo, sentei aqui para ouvir Yo la Tengo e abrir a minha agenda Moleskine, que eu ganhei faz meses, mas guardei para abrir no momento certo, para completar o ritual.
:: Repeat

"Our Way to Fall", Yo La Tengo
:: Sobre as verdades

Eu não gosto de sentir saudades.