sexta-feira, julho 31

:: Eu para os outros

"Ela é uma lady, super menininha, certinha, meiga e fofa. Ela também tem gênio forte, é mandona e muito brava. Vai com cuidado, hein. Ela pode te amar ou te odiar, não existe meio termo"
:: Moleskine

- Eu gosto de garçom simpático...

(silêncio)

- Mas garçom que dá piscadinha...
:: Moleskine

- Vamos, a gente tá muito atrasado!
- Não, Lu... Ele é músico...

quinta-feira, julho 30

:: Terapia

- Depois de todos esses anos de carreira você dá uma dessas?
- Os anos de carreira são pra aguentar as falhas.
:: Pequenos prazeres

Hoje, antes da reunião, ela me trouxe uma cereja linda. Gorda, vermelha e docinha. Como se fosse Natal.
:: Os momentos lúdicos

E então todo mundo se une num movimento de fingir que está tu-do-bem. Tudobem.
E aí, na reunião, foi a maior interação. Assim:

pessoa 1:

- Você sabe onde é o o Joy Club?

pessoa 2:

- Eu sei onde é o The Joy...

pessoa 3:

E eu sei onde é o Joy Sushi!

pessoa 4:

E eu sei Little Joy.

pessoa 5:

Ah! Eu sei Joy Division.

pessoa 1:

- Alguém sabe onde é o Joy Club?

quarta-feira, julho 29

:: O dia

Começou assim:

"Hoje está o caos controlado", ela disse. E está mesmo, só que sem o "controlado".

Depois:

"- Ai, vim falar com você porque você é contra chorar no trabalho...
- Não sou contra chorar no trabalho, desde que seja no banheiro"

Mais tarde:

Ele mandou uma música do Piazzolla com Gary Burton e o caos atéqui pareceu controlado.
:: A invenção da realidade

Água de coco no café da manhã para esquecer que hoje é mesmo um dia de hoje. No caminho, o trânsito e Whitest Boy Alive pra lembrar de Londres e quase confundir as imagens borradas pelas gotas de chuva.

terça-feira, julho 28

:: Pequenos prazeres

Estou radiante com os ovinhos caipiras que comprei no Caminho da Roça.
:: Pequenas alegrias

Depois de me levar o copo d'água na cama pela manhã, com o remédio que alivia as dores do corpo, ele me mandou, por e-mail, Aretha Franklin cantando "I Say A Little Prayer" para curar a minha dor de garganta.

segunda-feira, julho 27

"Você tem a lua em Renner e o ascendente em Zara"

sexta-feira, julho 24

:: Quando é ao vivo

Não tem chuva nem trânsito que me desanime (mentira) quando o assunto é fazer entrevista pessoalmente. Hoje fui conversar com o Raphael Despirite Durand, do Marcel, e ele me mostrou uma edição de um livro do Paul Bocuse autografado (com didicatória e tudo) que era do avô dele, me levou na horta embaixo de chuva, para eu provar jambu fresquinho até amortecer a boca, depois fez tour pela cozinha e me mostrou o polvo confit sendo preparado para o jantar...

Nem chuva, nem trânsito. Verdade.
:: Quero-quero

Fazia tempo que eu não recebia tanto e-mail elogiando uma matéria. Essa coisa dos doces tem um apelo que é difícil de acreditar - várias amigas sairam da dieta: tudo por um brigadeiro. Adoro. Dos mais lindos, tinha um assim:

"Adorei sua capa. Sabia que você me faz levantar cedo todas as sextas? Adorei a coluna. Hoje eu, P. e M. lemos no almoço pois tinha um Guia lá no restaurante que fomos. E todos pediram um brigadeiro de sobremesa!"

quinta-feira, julho 23

:: Jantar do avesso

Não entendo por que diabos eu ainda não aprendi que cozinhar à noite, em dia de semana, logo depois de um fechamento, quando você está com sono e com fome, devia ser uma coisa abolida. Ontem foi assim. Vontade de cozinhar desde cedo e até tirei a carne do congelador. E nada me tira da cabeça que eu ia sim cozinhar e não importava a hora. Por isso eu repito: burra.

O bolo de carne com sopa de cebola ficou no forno com e sem e com e sem e com e sem papel-alúminio mil vezes até eu acertar. E adivinha? Não acertei. Ficou fora do ponto, todo estranho. Justo no dia que ele ia deixar essa coisa do não às carnes pra lá, só pra provar o prato que eu mais gosto de fazer e de comer em casa.

As batatas. Aquela coisa de batata-bolinha, orgânica, recém-chegada na tal da cesta que tanto gostei. O tal instrumento de descascar batatas que ela me deu (como chama?). O alecrim, o sal grosso. E aí uma travessinha pra aproveitar o calor do forno e fazer um alho confit. E as batatinhas vão pro forno. E saem do forno duras. E voltam pra água quente com caldo de legumes. E voltam pro forno. E saem do forno - e ficam no ponto. Mas não ficam douradas, lindas, suculentas.

E a coca light da geladeira que acabou? E a cerveja que ele mais gosta que acabou?

E, depois, uma manhã do avesso. Vou ouvir Caetano e fazer dez respirações lentas antes de continuar. A vida, eu digo. Continuar a vida.
:: Manhã do avesso

Depois de uma hora na livraria, tentando achar algum livro de gastronomia sobre um tema especícifo e na-da, fui tomar café no V.Café, na Cultura do Conjunto Nacional. E saí com menos R$ 8 e alguma coisa, depois de um Nespresso e uma água com gás. Como pode? E o Nespresso (curto, por favor) veio transbordando da xícara. Transbordando tão literalmente que derrubei metade na bandejinha. Depois, uma gota ou outra na camiseta enquanto lia notícias do nosso país e de outros mais.

quarta-feira, julho 22

:: Registros inúteis

- Para, malinha. Mala Loius... Vuitton.

E eu ri. E ele continuou:

- Porque você é mala. Mas não é qual-quer mala.
:: Corrente

Um fala o outro anota e a outra (eu) copia. Assim, olha:

"Chega de vulgaridade, eu quero pornografia"

terça-feira, julho 21

:: Moleskine

"Problemas e amigos: não há vagas"
:: Almoço

Prato enorme de folhas verdes, tomate, aspargos, abobrinha grelhada e aquela coisa toda de tempero só com vinagre pra economizar calorias. Depois, um quarto de ovo cozido, com a gema levemente mole e um fio de azeite trufado.

Mas... uma polenta cremosa com rabada pode estragar tudo. Tu-do. Por isso eu disse pro moço: polenta, mas um tiquinho assim, óh [mostrando com o dedão e o indicador uma micro quantidade]. E ele: um tiquinho assim? É.

E eu saí com uma colher de café de polenta cremosa e outra de chá de rabada sem coragem de falar que, na verdade, estava exagerando no "tiquinho assim, óh".
:: Moleskine

Você é tão, tão legal, que nem precisava ser bonita, ela disse.

segunda-feira, julho 20

:: Pequenos prazeres

Um copo d'água gelada antes de sentar na parte que mais gosto do sofá, bem ao lado da janela, e cobrir os pés com a manta amarela para ler as correspondências. Antes ainda, um cheque para deixar na portaria amanhã pela manhã. Amanhã é dia de receber a cesta de orgânicos pela primeira vez e ando ansiosa com as comprinhas. Alfaces, tomatinhos, iogurtes assim e assado, frutas e legumes e afins lá do Caminho da Roça.

E então, no meio das contas, tinha uma carta dele. Ele sempre foi a favor das cartas. Das cartas escritas à mão. Um envelope maior do que o normal, também escrito à mão, como se, dentro daquilo, viesse ele. E foi mais ou menos assim. No envelope, "Mariana Blues". Mais de uma vez eu senti que o que eu mais queria era um livro dele para a minha cabeceira. E, de repente, chegou. E então, vou deitar mais calma, com a luz do abajur sobre as páginas de seu primeiro livro. As poesias e as prosas que eu li e reli tantas vezes e tive vontade de grifar.

Mais um copo d'água gelada, escova de dentes, pijama de inverno, mochila fechada e eu vou lá para o mundo dele para entender melhor o meu. Boa noite, durma bem e obrigada pelo presente. Antes de adormecer, vou apoiar suas páginas ao lado dos livros de Clarice, que insisto em deixar bem próximos ao travesseiro da esquerda.
:: Sobre os planos

Hoje eu ganhei um guia da Turquia. Agora eu só preciso de férias e de dinheiro.
:: Das histórias musicais

A primeira vez que eu ouvi Yael Naim, se não me engano, foi num dia de manhã, quando fui visitar uma nova chocolateria ali na Vila Nova Conceição, com um cacaueiro no jardim, chás chineses para beber, estante de livros de doces e afins, que me deixou entretida até eu perder a hora.

Depois ele me gravou o disco inteiro. E eu ouço com ele e sem ele e, ainda hoje, lembro daquela manhã. Aquela manhã de uma época em que eu já pensava nele, vez ou outra, pelas manhãs.

Hoje, tour de docerias para além do meio da tarde e, no carro, Yael Naim no repeat("Paris", "Too Long" e "New Soul") e as memórias das histórias e dos amores musicais e quase o esquecimento dessa coisa de hoje ser segunda-feira...

sábado, julho 18

:: Registros inúteis

Ele acabou de voltar de viagem e disse que na passagem por Punta ele se sentiu numa mistura de Guarujá, com Campos do Jordão e Dubai. Já pensou?

sexta-feira, julho 17

:: O gosto dos outros

Desde que a gente começou a se falar, ele contou dos livros, fez poemas e contos lindos e mandou discos gravados especialmente pra mim. Não é a primeira e nem será a última vez que eu digo, sabe, ele é mesmo uma das pessoas mais sensíveis que eu já vi. E então, outro dia pela manhã, li um e-mail que me mandou e o dia ficou até estranho. Olha:

"(...)A mim me tinha cabido o prémio do Ministério. Eu tinha sido o
melhor professor rural. E o prémio era visitar a grande cidade.
Quando, em casa, anunciei a boa nova, a minha mais-velha não se
impressionou com meu orgulho: E franziu a voz:
- E lá, quem lhe faz o prato?
- Um cozinheiro.
- Como se chama esse cozinheiro?
Ri, sem palavra. Mas, para ela, não havia riso, nem motivo. Cozinhar é
o mais privado e arriscado acto. No alimento se coloca ternura ou
ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Quem assegura a pureza da
peneira e do pilão? Como podia eu deixar essa tarefa, tão íntima,
ficar em mão anônima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um
cozinhador de que nem o rosto se conhece.
- Cozinhar não é serviço, meu neto - disse ela. - Cozinhar é um modo
de amar os outros."

(Mia Couto em "Os Fios das Misangas")

quinta-feira, julho 16

:: Outra do telefone

E a assessora disse que estava com muita saudade de mim no Guia e foi assim:

- Com você as coisas fluem numa velocidade fluida.

E, ela sabe, apesar de to-dos os pesares, eu a-m-e-i.

quarta-feira, julho 15

:: No telefone

- Aí tem brigadeiro?
- Não, só temos trufas e bomboiins.
:: Repeat

Dia de chuva é bom para ouvir "Undiú", com o João Gilberto, no repeat.
:: Das piadas internas (e externas)

- E ela é bem simpática.

Silêncio

- Assim (...) simpática no limite do argentino.


***

- Ela não é nenhuma Brastemp.

Silêncio

- Na verdade, ela é assim (...) tipo um Dako.


***

- E eu que fui soletrar nosso sobrenome outro dia e disse 'F de Felipe' e a conta veio para L. Secarotta Felipe?

- E eu que era chamada de Fê, pela assessora? Ah, claro, né bem, Fernanda Carotta.
:: Para repetir

Ir na casa dela é sempre, sempre bom. Mas não é só. É quase um presente. Mas não é só. Ela sabe, é minha segunda casa. E então depois de quebrar a cabeça porque não consigo sair cedo do jornal e ponto, resolvemos comer lá mesmo e pular o restaurante. E é como se o cansaço dela, que acorda sempre tão cedinho, quase passasse. Ela vai ao supermercado e faz comprinhas para dois menus diferentes - quer ter certeza do que eu quero e me liga vez ou outra para fazer perguntas, sem deixar eu descobrir qual prato exatamente ela pensa em preparar. Desta vez, comprou um vasinho de minimanjericão porque não achou fresco naquelas gôndolas refrigeradas, por onde eu gosto de passar rápido no inverno, e, já em casa, colocou num vasinho vermelho sobre a janela e ficou lindo de ver.

A gente ouviu Billie Holiday e Nina Simone, como de costume nos dias mais frios. Enquanto eu cortava a pimenta-malagueta em pedacinhos micros até desaparecer, ela dourava a cebola que eu tinha deixado prontinha em rodelas. Ela tem uma frigideira grande e bonita, que gosta de usar sempre. E, quando está mais animada, faz um jogo de cores para escolher as colheres da frigideira e daquela panela que está com água quase fervendo. Depois, escondeu, mas jogou um pouquinho de açúcar para caramelizar levemente a cebola - ela sempre diz, Lu, um pouquinho de açúcar nisso e naquilo. Lu, não esquece do açúcar para quebrar o ácido do tomate. Mas ela, quando coloca, não costuma contar, quase como se estivesse brincando de fazer segredo.

Cortei a linguiça-calabresa em rodelinhas para meninas, com toda a delicadeza. Enquanto isso, ela jogou sal na água e logo depois jogou o orecchiette, aquela massa que tem no Pasquale e eu adoro, que parece uma conchinha. E então resolvi trocar de faca e rimos depois que eu abri aquela primeira gaveta. Temos todas as facas iguais e achamos graça.

Mudamos de casa, cada uma para a sua, no mesmo ano e papai enchia a gente de presente para a cozinha - além dos aparadores de panela coloridos e da toalha de mesa que trouxe de viagem. Quando a gente era pequena, tinha essa coisa de ganhar presente igual. Mas papai e mamãe sempre insistiram em fazer a coisa diferente, até a gente aprender que cada uma tem uma personalidade e aquela história toda. Porque, verdade, as coisas às vezes se misturavam. Depois de velhas (god), voltamos a ganhar presentes iguais e eu adoro. Temos a mesma panela de macarrão, grande e toda pomposa, para receber visitas, temos o mesmo porta-colheres-e-afins da Le Creuset vermelho, que fica sobre a bancada ao lado do fogão. Mas a bancada dela é preta - e chiquérima - e a minha é branca.

Massa al dente e ela jogou o tomate pelado na frigideira e misturou tudo lentamente. E então sentamos, nos servimos de vinho, brindamos porque sempre temos que comemorar. A gente sabe. E o jantar foi como de costume: assuntos periféricos, revelações, análises, segredos. Cada vez é mais assim, uma coisa que não acaba e não para de crescer. E, diante disso, eu sei, a gente até fica brega.
:: Registros inúteis (da rotina)

Eram 6h15 e eu já tinha acordado e feito as funções básicas do amanhecer. Eram 6h30 e eu já tinha comido uma banana e lavado uma maçã-verde para comer no caminho. Eram 7h e eu já estava na academia e, depois, às 8h, eu já tinha feito aula de bike e me acabado de suar (eca eca). Eram 8h15 e eu até já tinha ficado na fila para tomar banho (atenção, fi-la pa-ra to-mar ba-nho) e tido a desagradável vivência de ficar por alguns minutos atrás de uma "menina" (tá, uma jovem senhora) nua em plena fila - ou quase nua, mas pior, na verdade: ela estava de calcinha fio-dental, god. E eu ali atrás, god. Eram 8h10 e eu já tinha visto peito siliconado de outra que estava uma a frente, que segurava a toalha somente até o umbigo - e eu pensava: por quê, por quê? E umas três ou quatro estavam na fila (atenção, fi-la pa-ra to-mar ba-nho) descalças, sem havaianas - ou uma rider que seja, né bem - e sem o tal do plastiquinho que eu me sujeitei a usar na ausência de uma alternativa melhor um dia desses. E aquele chão de cabelo e pés malcheirosos e aquela gente des-cal-ça! Eram 9h e eu já tinha tomado banho, ouvido uma música do disco do Gil de 71, que ele canta em inglês e eu adoro, uma música do Whitest Boy Alive, e a primeira faixa do disco que ele gravou pra mim, que gosto de ouvir pelas manhãs. Eram 9h e eu também já tinha ido ao meu nutricionista, manobrado o automóvel, passado frio e o caramba. E agora, 9h40, eu já reguei meu pé de café e as minhas minilaranjinhas, eu já troquei de roupa de novo, porque errei feio no casaco, e vim aqui escrever esse monte de idicotices porque a minha cabeça não para. São 9h40 e eu já recebi um e-mail adorável e já fiz uma lista de afazeres do dia.

segunda-feira, julho 13

:: Registros inúteis

Almoço da firma às segundas é sempre idiota. Hoje ele disse que precisa de mais dedos, além dos das mãos e dos pés, pra contar há quanto tempo foi sua última vez.
:: Pílulas

Ele disse assim, por escrito:

"só o fato de almoçarmos juntos, anywhere, já é uma dávidadosdeuses. anywhere."
:: Além-mar

Hoje ela mandou notícias por e-mail contando que nadou no mar morto e eu fiquei contando as horas para chegar sexta, quando vou me esparramar naquela sofá com almofadas de todas as cores e tamanhos e estampas, para beber coca light com gelo e ouvir os detalhes das histórias que ela sempre tem pra contar.
:: Segundas

Segunda tem sido dia de saudade e preguiça. Mas hoje cheguei na Redação e tinha sobre a minha mesa uma minigeleia de alfazema de presente. E então o fim de semana que vem ficou mais próximo, com as ideias de receitas, a preguiça quase passou e a saudade nem doeu tanto assim.

sábado, julho 11

:: Das relações antigas

- Que coincidência, mã.
- Não é coincidência, filhota, é sintonia.

sexta-feira, julho 10

:: Pequenos prazeres

Acabar o jantar com a amiga do coração com um chá natural de campim-santo, encontrar com ele em seguida pra ir pro Jazz Nos Fundos, e, lá, mais dele com jazz com Black Label na pro-mo-ção.

quarta-feira, julho 8

:: Das noites e das manhãs

Ontem eu fugi do jornal porque às vezes, dentro da gente, não dá. E ela disse que eu devia sair mais cedo mesmo e que deveria ir pra aula de bike e fazer todo o esforço possível até esquecer do resto. E foi mais ou menos assim. Depois abdominal, para não rir por uma semana, só por escrito. E um banho demorado com todas as frescuras que tenho direito - e adoro - ouvindo João Gilberto para acalmar. E uma noite dos deuses para uma manhã dos deuses, ufa.

Eu estava mesmo precisando de uma manhã assim. Com sol e um pouco de frio, com tempo pro suco de laranja, para o jornal, para pentear o cabelo devagar, para os afazeres matinais. Depois veio as burocracias da farmácia, mas eu sempre gosto. Sou uma louca consumista em qualquer tipo de farmácia, god. E ainda deu tempo de passar numa loja pra tentar achar um casaquinho preto e umas blusinhas. E nada de casaquinho preto e blusinhas, mas saí com um vestido preto novo - a única coisa que, definitivamente, eu não precisava. Mas eu tenho dessa coisa de não resistir, às vezes.

No caminho pro jornal, fui ouvindo o último disco que ele gravou. Ele sempre surpreende. Dessa vez acertou nos sambinhas mais gostosos. Tem o Baden dele e a minha Bethânia. Tem o nosso Noel Rosa e o Adorinan de todo mundo. Tem Tom Zé e Caetano, que a gente sempre repete. Tem Luiz Melodia e Gil e as mulheres superpoderosas. Elis, Elizeth. E, no repeat, Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, com "Fiz a Cama na Varanda", que eu sabia, desde o primeiro acorde, que ia ser coisa de repeat mesmo. Lá está. E eu gosto cada vez mais, com tudo que vem junto.

terça-feira, julho 7

:: Mini-irritações

Hoje eu deixei de fazer algumas frescurinhas matinais só para incrementar a sacola térmica com os quitutes da tarde. Frutinhas e damascos, um capricho. Aí saí correndo, como costuma ser - e eu odeio infinito - e deixei a sacola sobre a bancada da cozinha, bem na mira daqueles raios de sol. Eu tento explicar, é por isso que quero voltar pra casa mais cedo hoje.
:: Amores musicais

Ele acorda pela manhã e diz, ai, que vontade de ouvir "Baioque". E então dá um ou dois passos até o som e coloca Bethânia para cantar só pra gente.
:: Os amigos para conversar

Eu sempre gosto de conversar com ele, tem uma coisa meio David Lynch, que às vezes me deixa angustiada e às vezes me ajuda a tirar os pés do chão - coisa que preciso fazer de tempos em tempos pra dar conta da vida. Hoje foi mais ou menos assim: "então, agora eu tô no controle. no controle mesmo. só pra vc sentir como eu tô por dentro, tá rolando uma faxina aqui. mas eu acordei, vesti uma camisa lacoste, passei perfume e o cacete. eu tô vivendo um sonho. e tá apenas começando".
:: Quero-quero

Ir no Beth Cozinha de Estar para comer picadinho de filé-mignon e purê de batata.

segunda-feira, julho 6

:: Pausa pro café

Ele quer porque quer ir pra Londres. Pesquisou preços de passagens e tudo. E então, o cara da agência de viagem retornou hoje, por e-mail, bem assim: o voo tal custa tanto com scala em amisterdã.

Por isso ele ficou meio em dúvida, né. Porque essa coisa de voo com scala em amisterdã é meio complicada.
:: Dos dizeres

Aos poucos, muito aos poucos, a gente aprende que algumas coisas a gente deve guardar e outras a gente deve deixar passar. Outro dia, ela me chamou e disse algo que guardei. Você, que é uma pessoa que procura a palavra certa para o lugar certo, deve ouvir isso aqui. E começou a ler em francês o prefácio de um dicionário que dizia que devemos buscar precisão, elegância e diversidade nas palavras. Eu pedi tradução e aquilo tudo fez muito sentido.

sexta-feira, julho 3

:: Click

Ai, essa turma da Galeria Experiência, viu?



Tem mais aqui: http://www.galeriaexperiencia.com.br
:: Quereres

Esse dia de chuva me deixou com saudade do Supra, um restaurante italiano que foi demolido para dar espaço a um prédio - céus! No Supra tinha essa coisa do aconchego, um serviço impecável (que eu adoro), banquinhos pequetuchos pra deixar a bolsa embaixo da mesa e um cardápio que eu nem sei explicar.

Primeiro aquelas polentas todas que aprendi a gostar - e tanto. Polenta com minilulas grelhadas salpicadas com bottarga dourada de tainha e tomates frescos; polenta com cogumelos salteados na manteiga (porcini seco, shiitake, shimeji e prataiolo); polenta com linguiça caseira, feita ali mesmo, ao molho de tomates frescos e legumes. Pode? Não pode?

Depois vinham as massas artesanais, preparadas ali naquela bela cozinha aberta. Massas frescas cilindradas, cortadas e recheadas somente depois de nós, clientes, fazermos o pedido. Sente? E, depois, o garçom ainda leva a massa escolhida à mesa, antes de ser finalizada na água. Uma coisa. Uma delicadeza.

E mais. Tinha um cardápio de queijos - e eu sou louca, lou-ca por queijos de todas as espécies. Troco qualquer chocolate, qualquer sorvete, qualquer bolo por queijo. Mas, complicado, sabe. Muito coisa de gordinho comer queijo além de polenta na entrada, massa como prato principal. God. Mas, sabe, dá pra resistir?

Olha só: brie (e eles explicam assim: queijo francês de massa mole de leite bovino servido com nozes); castelmagno ("conhecido como o 'rei' dos queijos italianos, é produzido em Cuneo, Piemonte - de massa dura de leite bovino, acrescido de pequena quantidade de caprino e ovino, média maturação elaborada em grutas naturais da região, sabor picante e perfumado, servido com mosto de uva toscano cozido e tartufado"); gorgonzola DOC "de massa mole de leite bovino, média maturação, sabor doce e muito aromático, servido com geléia de pimentas vermelhas"; parmigiano reggiano ("queijo de massa dura de leite bovino e maturação longa, servido com damascos secos"); pecorino sardo ("queijo de massa dura de leite de ovelha e maturação média, servido com mostarda de Cremona e pimenta-biquinho") e taleggio ("de massa mole de leite bovino, maturação média, sabor delicado e doce e ligeiramente aromático, servido com mostarda de Cremona e uvas Moscatel").

E, nesse último jantar, me lembro que fiquei encantada com essa coisa das descrições só pensando em chegar em casa e fuçar fuçar e fuçar tudo no meu livro de queijos que eu adoro. Minha última vez foi de não esquecer. Mas aí tem essa coisa da saudade e, quem sabe, sabe, eu não gosto muito dessa coisa de sentir saudade...
:: O jeito dele

Antes de dormir, ele diz por telefone que tem um casarão mas tudo que queria era uma minicasa.

quinta-feira, julho 2

:: As discussões dos homens e das mulheres

- Por que diabos os homens nunca, nun-ca estão prontos na hora?
- Mas isso é coisa de mulher e de gay, Lu.
- Não. Isso é coisa de homem.

E incluímos outras pessoas na conversa e eu, enfim, venci. A conclusão foi assim:

Mulheres demoram para se arrumar mas sempre estão prontas na hora certa.
Homens se arrumam rápido, mas nunca estão prontos na hora certa. Nunca.

Não é ou não é?
:: Outra

Ele mandou "Nine Out Of Ten", do Caetano, e disse: "...porque você é one in a billion"
:: Das declarações

Hoje ele disse: Lu, você é uma pessoa que a gente nunca esquece.
(eu achando lindo)
E ele: ... não esquece, pro resto da vida.
(e eu achando lindo)
E ele: para o bem e para o MAL.

quarta-feira, julho 1

:: Sempre ele

No ano passado fizemos um almoço delicioso de Dia dos Pais. Cozinhamos em família. Tem texto antigo aqui. Na casa dele tem janelas por todos os lados, plantinhas no jardim e as trilhas sonoras ideais. E estamos combinando há semanas um almoço no sábado, com ovinhos caipira que vou preparar com a receita da Jan que eu já contei aqui uma vez. Não tenho certeza se vai dar certo ou não (e, confesso, acho que não), mas vou tentar uma, duas, três vezes fazer o tal do choque térmico sem quebrar ou estragar os ovos, antes de desistir.

Enquanto nosso almoço não sai, e parece que terá de esperar julho todo ainda, a gente vai falando por telefone sempre, se vê uma vez ou outra no jantar e troca e-mails e mais e-mails sempre que dá. Ele me manda matérias interessantes que lê e lembra de mim e encaminha e-mails que amigos que me elogiam quando leem as matérias do jornal. Amigos dos pais têm dessas coisas, a gente sabe.

Hoje ele apenas encaminhou um e-mail e fez meu dia bem melhor - esse dia que mal começou e já está um pouco penoso, verdade. "Especial Dia dos Pais" dizia o assunto. E lá dentro uma propaganda de "pantufas e cia.", com uma tabela de preços especial para datas comemorativas.

E então um texto muito incrível (e isso inclui os erros de concordância e afins) assim:

"O Dia dos pais está chegando e nada melhor que planejar com antecedência e segurança. Pensando nisso nós da Pantufas & Cia apresentamos a vocês, que sempre focam a inovação e qualidade, uma coleção de pantufas e chinelo personalizados que, com certeza, surpreenderão a todos.
Atuamos á 35 anos na produção de chinelos e pantufas para os mais diversos segmentos do mercado: rede de hotelarias, motelaria, escolas, clinicas, hospitais e grandes lojas de departamento."

E então uma tabela de preços com as pantufas personalizadas. Podemos escolher o seguinte pra bordar: "Super Pai", "Papai eu Te Amo" e "Papai você é 10!". Todas elas custam o mesmo: R$ 13. Melhor (m-u-i-t-o-m-e-l-h-o-r): podemos dividir em até seis vezes ou pagar com 10% à vista - o que pra minha atual condição financeira foi um alívio.