:: Pequenos prazeres
Na casa nova, ele divide o tempo entre a troca dos vinis e as tapiocas com carne-seca, cebola e queijo de coalho, que ele mesmo prepara. Depois de servir um, outro e outro, escolhe o próximo disco. Desta vez, foi Piazzola com "Lo Que Vendra". Coisa de arrepiar.
sexta-feira, fevereiro 19
:: Caderno de histórias
Verdade, tenho um monte de assunto acumulado. Coisas inúteis como o sapateiro novo ou a organização dos armários da cozinha, Outras mais sobre comida e diversão. Sobre os vários lugares que visitei no feriado (que eu tive!), sobre algumas conversas específicas com pessoas específicas, sobre o porre de uma (!) caipirinha de maracujá num almoço. Sobre o balcão do Balcão, que meu tio arquiteto desenhou, ou até sobre o hambúrguer tenro e suculento que comi ali do lado direito, num dos bancos altos, numa noite que estava um calor quase desconfortável.
Verdade, tenho um monte de assunto acumulado, o fato de que tenho tentado estudar pelo menos uma hora por dia e até agora tem dado certo. Que enfim recebi meu primeiro livro comprado na Estante Virtual, “Comida, Uma História”, de Felipe Fernández-Armesto, e que o sedex chegou impecável e já estou lendo e grifando, nas horas de estudo. Que minhas roupas de cama estão com cheirinho de lavanda e tenho fronhas brancas novas. Ou então que papai nos recebeu para um almoço com piscina e nos serviu uma massa que ele mesmo fez, com um molhinho que não sei descrever, de tão bom, com pancetta, shiitake, um tomatinho confitado. Ui.
É, tenho mesmo um monte de coisa pra escrever e fiquei enrolando. Preferi tomar sol e morgar. Preferi abrir pastas de antigamente com cartas de antigamente. Preferi ir ao cinema e conversar com as amigas. Preferi os beijos e os abraços dele e os primeiros momentos na casinha com copos americanos e uma rede xadrez na varanda. Mas, sabe, hoje acordei cedinho, enrolei um pouco, e depois o dia começou com isso e aquilo e mais aquilo outro.
E então cheguei no jornal e tinha e-mail de papai. Outro dia, me contou, ele ocupou horas em uma conversa com a minha vozinha pelo telefone. Anotou tudo e mandou para aquele moço que está escrevendo um livro sobre o teleteatro da TV Tupi. Mandou para mim também. Ele sempre acerta quando diz que vou gostar.
Nos escritos, a primeira linha dizia assim: Antonino Ettore Clemente Fecarotta - Heitor de Andrade (10-06-1922 / 18-06-1966). Por isso lembrei da minha avó me falando, desde pequena, que eu era um presente de Deus. Nunca fui de religião e custei a entender. Hoje, acho que consigo captar um tiquinho do que ela sempre quis dizer com isso. Nasci no mesmo dia que meu avó morreu. Em outro ano, mas no mesmo dia. E, depois que ele morreu, ela sempre rezava, aos junhos, principalmente, pedindo um sinal. Um belo dia eu nasci. Assim.
Não conheci meu avô. Mas vovó sabe que essas histórias de rádio e televisão que ela conta do passado me levaram ao jornalismo. Vovô fez química na USP, não dá para acreditar. Nasceu em Palermo, na Sicília, e depois virou até nome de rua no Brasil. Bem ali na Vila Madalena. E, sabe, depois de sua morte o então prefeito brigadeiro Faria Lima assinou um decreto dando seu nome a uma escola municipal.
Fez de tudo na TV Tupi, mas o que mais gostei foi saber que ele apresentava um programa, “Música Sempre Música”, todas as quartas-feiras, lá do Teatro Municipal de São Paulo. E falava inglês, francês, italiano, espanhol. Vovó conta que, no fim de sua vida, estava até estudando alemão.
Foi mais ou menos assim hoje de manhã. Essas histórias da vida deixaram o cotidiano mais pra lá.
Verdade, tenho um monte de assunto acumulado. Coisas inúteis como o sapateiro novo ou a organização dos armários da cozinha, Outras mais sobre comida e diversão. Sobre os vários lugares que visitei no feriado (que eu tive!), sobre algumas conversas específicas com pessoas específicas, sobre o porre de uma (!) caipirinha de maracujá num almoço. Sobre o balcão do Balcão, que meu tio arquiteto desenhou, ou até sobre o hambúrguer tenro e suculento que comi ali do lado direito, num dos bancos altos, numa noite que estava um calor quase desconfortável.
Verdade, tenho um monte de assunto acumulado, o fato de que tenho tentado estudar pelo menos uma hora por dia e até agora tem dado certo. Que enfim recebi meu primeiro livro comprado na Estante Virtual, “Comida, Uma História”, de Felipe Fernández-Armesto, e que o sedex chegou impecável e já estou lendo e grifando, nas horas de estudo. Que minhas roupas de cama estão com cheirinho de lavanda e tenho fronhas brancas novas. Ou então que papai nos recebeu para um almoço com piscina e nos serviu uma massa que ele mesmo fez, com um molhinho que não sei descrever, de tão bom, com pancetta, shiitake, um tomatinho confitado. Ui.
É, tenho mesmo um monte de coisa pra escrever e fiquei enrolando. Preferi tomar sol e morgar. Preferi abrir pastas de antigamente com cartas de antigamente. Preferi ir ao cinema e conversar com as amigas. Preferi os beijos e os abraços dele e os primeiros momentos na casinha com copos americanos e uma rede xadrez na varanda. Mas, sabe, hoje acordei cedinho, enrolei um pouco, e depois o dia começou com isso e aquilo e mais aquilo outro.
E então cheguei no jornal e tinha e-mail de papai. Outro dia, me contou, ele ocupou horas em uma conversa com a minha vozinha pelo telefone. Anotou tudo e mandou para aquele moço que está escrevendo um livro sobre o teleteatro da TV Tupi. Mandou para mim também. Ele sempre acerta quando diz que vou gostar.
Nos escritos, a primeira linha dizia assim: Antonino Ettore Clemente Fecarotta - Heitor de Andrade (10-06-1922 / 18-06-1966). Por isso lembrei da minha avó me falando, desde pequena, que eu era um presente de Deus. Nunca fui de religião e custei a entender. Hoje, acho que consigo captar um tiquinho do que ela sempre quis dizer com isso. Nasci no mesmo dia que meu avó morreu. Em outro ano, mas no mesmo dia. E, depois que ele morreu, ela sempre rezava, aos junhos, principalmente, pedindo um sinal. Um belo dia eu nasci. Assim.
Não conheci meu avô. Mas vovó sabe que essas histórias de rádio e televisão que ela conta do passado me levaram ao jornalismo. Vovô fez química na USP, não dá para acreditar. Nasceu em Palermo, na Sicília, e depois virou até nome de rua no Brasil. Bem ali na Vila Madalena. E, sabe, depois de sua morte o então prefeito brigadeiro Faria Lima assinou um decreto dando seu nome a uma escola municipal.
Fez de tudo na TV Tupi, mas o que mais gostei foi saber que ele apresentava um programa, “Música Sempre Música”, todas as quartas-feiras, lá do Teatro Municipal de São Paulo. E falava inglês, francês, italiano, espanhol. Vovó conta que, no fim de sua vida, estava até estudando alemão.
Foi mais ou menos assim hoje de manhã. Essas histórias da vida deixaram o cotidiano mais pra lá.
sexta-feira, fevereiro 12
:: Escola
Depois dessa onda de comprar livros e mais livros para um trabalho extra que fiz até outro dia e ler e ler e reler, me bateu um vazio enorme dos estudos em geral. Então entrei em contato com dois bons professores da USP, que dão aula da História da Alimentação, para saber se de repente eu podia assistir às aulas como ouvinte. Triste, nenhum deles vai dar a disciplina neste semestre. Nhé. Depois liguei para o Maranhão e devemos marcar uma conversa pra dia desses. Eba eba! Por enquanto, já estou matriculada num curso básico de vinhos na ABS, que começa em março e segue até maio!
Depois dessa onda de comprar livros e mais livros para um trabalho extra que fiz até outro dia e ler e ler e reler, me bateu um vazio enorme dos estudos em geral. Então entrei em contato com dois bons professores da USP, que dão aula da História da Alimentação, para saber se de repente eu podia assistir às aulas como ouvinte. Triste, nenhum deles vai dar a disciplina neste semestre. Nhé. Depois liguei para o Maranhão e devemos marcar uma conversa pra dia desses. Eba eba! Por enquanto, já estou matriculada num curso básico de vinhos na ABS, que começa em março e segue até maio!
:: Temperinhos
Lá é sempre assim, coisinhas especiais. Ontem, no jantar, alguns temperinhos para incrementar a salada. Primeiro o limão-rosa, suculento, aromático, que papai trouxe do pomar do sítio. Depois, gergelim, gergelim torrado e gergelim com wasabi, uma delícia. Mais flor-de-sal com raspinhas de casca de limão-siciliano e alecrim. E os brindes de sempre com bons vinhos de sempre.
Lá é sempre assim, coisinhas especiais. Ontem, no jantar, alguns temperinhos para incrementar a salada. Primeiro o limão-rosa, suculento, aromático, que papai trouxe do pomar do sítio. Depois, gergelim, gergelim torrado e gergelim com wasabi, uma delícia. Mais flor-de-sal com raspinhas de casca de limão-siciliano e alecrim. E os brindes de sempre com bons vinhos de sempre.
quinta-feira, fevereiro 11
:: Ai, a gastronomia
Outro dia saí frustrada da Livraria Cultura, para onde eu tinha ido logo depois de sair mais frustrada ainda da Livraria da Vila. Não passou. Vou à livraria todas as semanas. Não falho uminha sequer. Vou fuçar, invento um livro para comprar ou até para tomar um café, ali sob as árvores que eu tanto gosto.
Cada dia que passa, compro mais livros, você sabe. Gosto de ler e grifar e deixar ali na minha estante nova, de madeira maciça, que tem os títulos organizados por temas, intercalados com um cacareco ou outro - não consigo evitar uma bicicleta vermelha toda artesanal, ou o fusca azul, as garrafinhas minúsculas de bebida...
Mas então eu chego na livraria que vou desde de pequenininha e tenho o maior apego, sei o nome dos antigos atendentes e fico, até hoje, admirada com aquela arquitetura (que me deixa sentir certo aconchego), e, sabe, aqueles livros desorganizados, divididos aqui e ali. Pior. O número de títulos cresceu muito e o espaço continuou quase igual. E aí a gastronomia ganhou lugar destacado ali logo na entrada, mas só com lançamentos que, a princípio, não me interessam, porque já tenho a maior parte deles.
No andar de baixo, onde tenho o costume de sentar no chão e ficar fuçando cada prateleira, mesmo de vestido, mesmo se o chão estiver sujo, não há ordem alguma. Há uma tentativa. Mas não funciona. Não há espaço para ordem. E aí há títulos empilhados um sobre o outro, nas pequenas frestas que sobram entre uma prateleira e outra. E aí não acho os livros que quero. Nem eu, nem os atendentes. Se não sei o nome, esquece. Outro dia estava em busca de livros sobre história da cozinha japonesa. O cara me colocou na mão dois livros de receita e se foi.
E foi então que passei rapidinho da Fnac, que é a que menos gosto, de todas, mas estava ali próxima. Mais ordem, mas também não achei nada do que procurava. Na Cultura do Conjunto Nacional, fico horas, às vezes, mas não me sinto aconchegada e nem bem atendida. Outro dia cheguei com uma listinha de livros e me senti pedindo favor pra um atendente, que ganha pra isso. Vários títulos já estavam esgotados. Paciência.
Depois tive a feliz ideia de buscar uma coisa ou outra na Estante Virtual e comecei bem: "Comida, uma História", de Felipe Fernandez Armesto, que conta daqueles banquetes em palácios como o de Topkapi, em Istambu, que os otomanos construíram, e suas cozinhas com mais de mil funcionários, entre cozinheiros, assistentes, provadores. Uma beleza.
Mas a verdade é que bateu uma certa nostalgia do pouco tempo que a Millie Foglie durou. A Millie Foglie, aquela livraria nos Jardins, com um café fofo nos fundos, e prateleiras e mais prateleiras muito bem organizadas só com livros de gastronomia. Um acervo com 3 mil títulos garimpados em uma pesquisa de dois anos pela dócil proprietária, Gabriela Mascioli. Bem como escrevi numa das minhas primeiras matérias que fiz para o Basilico. Aí veio mais um monte de nostalgia. E, confesso, não é das sensações que mais gosto.
Outro dia saí frustrada da Livraria Cultura, para onde eu tinha ido logo depois de sair mais frustrada ainda da Livraria da Vila. Não passou. Vou à livraria todas as semanas. Não falho uminha sequer. Vou fuçar, invento um livro para comprar ou até para tomar um café, ali sob as árvores que eu tanto gosto.
Cada dia que passa, compro mais livros, você sabe. Gosto de ler e grifar e deixar ali na minha estante nova, de madeira maciça, que tem os títulos organizados por temas, intercalados com um cacareco ou outro - não consigo evitar uma bicicleta vermelha toda artesanal, ou o fusca azul, as garrafinhas minúsculas de bebida...
Mas então eu chego na livraria que vou desde de pequenininha e tenho o maior apego, sei o nome dos antigos atendentes e fico, até hoje, admirada com aquela arquitetura (que me deixa sentir certo aconchego), e, sabe, aqueles livros desorganizados, divididos aqui e ali. Pior. O número de títulos cresceu muito e o espaço continuou quase igual. E aí a gastronomia ganhou lugar destacado ali logo na entrada, mas só com lançamentos que, a princípio, não me interessam, porque já tenho a maior parte deles.
No andar de baixo, onde tenho o costume de sentar no chão e ficar fuçando cada prateleira, mesmo de vestido, mesmo se o chão estiver sujo, não há ordem alguma. Há uma tentativa. Mas não funciona. Não há espaço para ordem. E aí há títulos empilhados um sobre o outro, nas pequenas frestas que sobram entre uma prateleira e outra. E aí não acho os livros que quero. Nem eu, nem os atendentes. Se não sei o nome, esquece. Outro dia estava em busca de livros sobre história da cozinha japonesa. O cara me colocou na mão dois livros de receita e se foi.
E foi então que passei rapidinho da Fnac, que é a que menos gosto, de todas, mas estava ali próxima. Mais ordem, mas também não achei nada do que procurava. Na Cultura do Conjunto Nacional, fico horas, às vezes, mas não me sinto aconchegada e nem bem atendida. Outro dia cheguei com uma listinha de livros e me senti pedindo favor pra um atendente, que ganha pra isso. Vários títulos já estavam esgotados. Paciência.
Depois tive a feliz ideia de buscar uma coisa ou outra na Estante Virtual e comecei bem: "Comida, uma História", de Felipe Fernandez Armesto, que conta daqueles banquetes em palácios como o de Topkapi, em Istambu, que os otomanos construíram, e suas cozinhas com mais de mil funcionários, entre cozinheiros, assistentes, provadores. Uma beleza.
Mas a verdade é que bateu uma certa nostalgia do pouco tempo que a Millie Foglie durou. A Millie Foglie, aquela livraria nos Jardins, com um café fofo nos fundos, e prateleiras e mais prateleiras muito bem organizadas só com livros de gastronomia. Um acervo com 3 mil títulos garimpados em uma pesquisa de dois anos pela dócil proprietária, Gabriela Mascioli. Bem como escrevi numa das minhas primeiras matérias que fiz para o Basilico. Aí veio mais um monte de nostalgia. E, confesso, não é das sensações que mais gosto.
quarta-feira, fevereiro 10
sexta-feira, fevereiro 5
:: Aprendiz
Quando a gente entende que um aprende com outro que aprende com outro que aprende com o um, tudo fica bem melhor, né? Vê se eu aguento:
"Ah, Lu, e obrigado. O prof. falou pra gente não trabalhar onde a gente não admira ninguém, e aí lembrei de você. Aprendi mil coisas de apuração/texto, e sempre que leio as coisas de comida lembro de você."
Quando a gente entende que um aprende com outro que aprende com outro que aprende com o um, tudo fica bem melhor, né? Vê se eu aguento:
"Ah, Lu, e obrigado. O prof. falou pra gente não trabalhar onde a gente não admira ninguém, e aí lembrei de você. Aprendi mil coisas de apuração/texto, e sempre que leio as coisas de comida lembro de você."
quinta-feira, fevereiro 4
terça-feira, fevereiro 2
segunda-feira, fevereiro 1
:: Amizades musicais
Neste fim de semana fiz basicamente três coisas: um curso de café, muito trabalho e bons almoços. No domingo, ela me buscou no curso, comemoramos o sol, e fomos almoçar no Maní. Teve mais. Ela gravou disco novo com Mayer Hawthorne e pílulas muito felizes de dois filmes: "Where The Wild Things Are" e Mr. Fox". Eba eba.
Neste fim de semana fiz basicamente três coisas: um curso de café, muito trabalho e bons almoços. No domingo, ela me buscou no curso, comemoramos o sol, e fomos almoçar no Maní. Teve mais. Ela gravou disco novo com Mayer Hawthorne e pílulas muito felizes de dois filmes: "Where The Wild Things Are" e Mr. Fox". Eba eba.
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