:: Ai, a gastronomia
Outro dia saí frustrada da Livraria Cultura, para onde eu tinha ido logo depois de sair mais frustrada ainda da Livraria da Vila. Não passou. Vou à livraria todas as semanas. Não falho uminha sequer. Vou fuçar, invento um livro para comprar ou até para tomar um café, ali sob as árvores que eu tanto gosto.
Cada dia que passa, compro mais livros, você sabe. Gosto de ler e grifar e deixar ali na minha estante nova, de madeira maciça, que tem os títulos organizados por temas, intercalados com um cacareco ou outro - não consigo evitar uma bicicleta vermelha toda artesanal, ou o fusca azul, as garrafinhas minúsculas de bebida...
Mas então eu chego na livraria que vou desde de pequenininha e tenho o maior apego, sei o nome dos antigos atendentes e fico, até hoje, admirada com aquela arquitetura (que me deixa sentir certo aconchego), e, sabe, aqueles livros desorganizados, divididos aqui e ali. Pior. O número de títulos cresceu muito e o espaço continuou quase igual. E aí a gastronomia ganhou lugar destacado ali logo na entrada, mas só com lançamentos que, a princípio, não me interessam, porque já tenho a maior parte deles.
No andar de baixo, onde tenho o costume de sentar no chão e ficar fuçando cada prateleira, mesmo de vestido, mesmo se o chão estiver sujo, não há ordem alguma. Há uma tentativa. Mas não funciona. Não há espaço para ordem. E aí há títulos empilhados um sobre o outro, nas pequenas frestas que sobram entre uma prateleira e outra. E aí não acho os livros que quero. Nem eu, nem os atendentes. Se não sei o nome, esquece. Outro dia estava em busca de livros sobre história da cozinha japonesa. O cara me colocou na mão dois livros de receita e se foi.
E foi então que passei rapidinho da Fnac, que é a que menos gosto, de todas, mas estava ali próxima. Mais ordem, mas também não achei nada do que procurava. Na Cultura do Conjunto Nacional, fico horas, às vezes, mas não me sinto aconchegada e nem bem atendida. Outro dia cheguei com uma listinha de livros e me senti pedindo favor pra um atendente, que ganha pra isso. Vários títulos já estavam esgotados. Paciência.
Depois tive a feliz ideia de buscar uma coisa ou outra na Estante Virtual e comecei bem: "Comida, uma História", de Felipe Fernandez Armesto, que conta daqueles banquetes em palácios como o de Topkapi, em Istambu, que os otomanos construíram, e suas cozinhas com mais de mil funcionários, entre cozinheiros, assistentes, provadores. Uma beleza.
Mas a verdade é que bateu uma certa nostalgia do pouco tempo que a Millie Foglie durou. A Millie Foglie, aquela livraria nos Jardins, com um café fofo nos fundos, e prateleiras e mais prateleiras muito bem organizadas só com livros de gastronomia. Um acervo com 3 mil títulos garimpados em uma pesquisa de dois anos pela dócil proprietária, Gabriela Mascioli. Bem como escrevi numa das minhas primeiras matérias que fiz para o Basilico. Aí veio mais um monte de nostalgia. E, confesso, não é das sensações que mais gosto.
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2 comentários:
livraria cultura, dos atendentes indie? tem nespresso, mas não bolo de cenoura.
depois me fala em se já leu 'em defesa da comida'. tô lendo agora.
Ra! Lembro muito bem quem foi com você fazer essa materia para o basilico... rsrsrs
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