sexta-feira, abril 29

:: Biblioteca sentimental

Meus amigos mais próximos sabem essa minha neura: não gosto de emprestar livros nem discos. Cedo meus azeites portugueses, meus temperos da Índia, meus vinhos e meus licores. Mas com livros e discos é diferente. Então, hoje ela veio aqui e conversamos um monte e ela pediu aquele livro de chá, sobre o qual eu tinha contado em detalhes dia desses. O livro que eu trouxe de Londres, na maior paixão. E hoje é xodó. E pra sempre. Então, fiquei meio reticente. Ela viu. Ela sabe, na verdade. Mas então me pendurei na prateleira, naquela mais alta, onde guardo agrupados os livros de bebidas. Peguei o livro e dei na mão dela. Antes de folhear, fuçou o índice. Folheia, eu disse. É lindo. Um livro se conhece pelo índice, retrucou. Depois folheou, feliz com a leitura que tinha para o fim de semana.

Eu: Cuida bem dele e me devolve segunda? Tenho certo xodó...
Ela: Prometo. Vou cuidar como você cuidaria. Porque como eu cuidaria você não confia.

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