terça-feira, junho 14

:: Sobre manhãs e sobre o tempo

Desde pequena enrolei para acordar. Pulei o café da manhã por anos, anos. Por mais cinco minutos na cama. Tenho pavor da voz da minha mãe ecoando "força, força", como ela bradava, pelo corredor, quando era preciso levantar, sem choro nem vela.

Depois que me dei uma casa de presente, para amar e me sentir feliz, passei a acordar cedo, bem cedo. Passei a valorizar os minutos do banho e do escovar os dentes, os minutos do beber leite com café e água gelada. O tempo lento, que faço passar arrastado, de ler um pouco do jornal ou um livro de comida. Tem isso, não leio romances pela manhã.

Hoje acordei mais tarde do que eu devia. Mas mais cedo que eu me sentia capaz _tarde da noite que fui dormir ontem. E então fiz minhas tarefas matinais sem o sofrer do pouco sono. Peguei o carro de espelho quebrado, me levei até a manicure. E lá dei um trato nas unhas, no cabelo.

Depois deixei o carro para arrumar, para que eu não mate ninguém e nem me meta em nenhum acidente. Dirigir sem espelhinho não dá, apesar de eu gostar de certa emoção, vez ou outra. Para chegar ao jornal, peguei três transportes públicos (três-transporter-públicos!). E cheguei no horário e estou a trabalhar. Borrei a unha, claro, mas já tenho um lide _e já me afeiçoei por ele.

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