:: Bom pra mim ou pra você?
Tem gente que começa a trabalhar com comida e fica chata. Não acha nada bom, avalia tudo o tempo todo. Eu me policio pra não acabar assim. Presto sempre atenção na comida, claro, mas não fico numa neura em tudo quanto é lugar. A chance da coisa virar um pesadelo só cresce porque a tendência é achar defeito em tudo. Natural. Por outro lado, não consigo evitar minha exigência extrema com o serviço. Eu saio para comer para ser, entre outros, bem atendida. Muito bem atendida. Eu gosto de tudo nos trinques, gosto de chegar e ser recebida com cardápio na mesa, como deve ser. Gosto de pedir as bebidas rapidamente ou de ter qualquer tipo de ajuda se quiser escolher um vinho. Gosto que o couvert seja delicadamente oferecido e, se por um acaso eu não quiser, tenho de me sentir muitíssimo à vontade para dizer “não, obrigada”.
Fato é que, nas últimas voltas por aí, tem acontecido algo que me irrita profundamente e, tem quem diga, que é o auge do bom serviço. Discordo. Me lembro da primeira vez que registrei o fato na minha cabeça. Eu estava em Salvador, correndo por todos os restaurantes do Nordeste como repórter do guia Unicard, da Bei, e fui ao elegantíssimo (e bem empinado) Trapiche Adelaide. Os momentos mais difíceis na viagem (que durou dois meses) era comer sozinha nesses lugares sofisticados nos quais os garçons ficam te rodeando sem descanso. Eles já são assim normalmente. Quando uma menina aparece sozinha, então, a coisa ganha corpo de uma forma assustadora - ou porque é uma menina, ou pela estranheza da coisa (não é natural ir a lugares desse perfil sozinha).
Enfim, garçom sempre tem de estar atento e a postos. Sempre. Mas essa coisa de ficar servindo a sua bebida sem parar, é constrangedora. Primeiro porque quem disse que eu queria aquele gole? Quem disse que o gelo não derreteu e aquilo tudo está aguado e eu quero, de repente, trocar de copo? Quem disse que eu quero beber naquela velocidade? E ainda não é o pior. O pior é essa “mania” dos restaurantes-mais-que-chiques de deixar o seu refrigerante fora da sua mesa, apoiado longe, em uma mesinha onde somente eles têm o total controle.
E então, eles vão e vêm com as latinhas, te servem loucamente (e com toda a elegância, claro) e, se acaba, eles simplesmente abrem outra e continuam te servindo como se nada tivesse acontecido. Ninguém pergunta se você quer outra, ninguém quer saber se, por um acaso, você quer mudar de refrigerante ou resolveu optar por aquele vinho incrível da adega. Mais tarde, a conta chega com milhões de refrigerantes que você simplesmente não pediu, mas tomou. Que custam absurdos R$ 5 ou coisa que o valha. Não estou falando de preço. Normalmente, quem é habitué desses lugares tem mesmo dinheiro. Estou falando da concepção que está por trás disso.
Nestes últimos dias, passei por isso algumas vezes, durante uma matéria (que, lógico, não tem nada a ver com isso) que estou apurando aos poucos. Sempre em restaurantes com o mesmo perfil. Tem quem diga que essa é a forma mais adequada de um bom atendimento. Eu discordo.
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3 comentários:
Luka, essa história de insatisfação em relação a qualquer coisa, não só em relação a uma ida ao restaurante, parece ser um sintoma de hoje, mas no caso que você conta não dá para pensar que é isso: é incômodo mesmo. vc disse que isso não é matéria, mas sabe que eu pensei que dá uma belíssima pauta? é só arredondar... beijim
faz parte dos inúmeros absurdos que vemos todos os dias e que passam sob o disfarce de conforto.
O pior de tudo é que tomamos um gole d'agua que é servida na outra mesa.
No caso, mesmo que tenhamos tomado metade da água e a outra mesa a outra metade, são cobradas duas águas.... ou não?
lu, ainda bem! Sabia que alguém com bom senso e increíble ia mencionar isso logo. que bom que foi vc. eu ODEIO a bebida fora da mesa. ODEIO! Eu quero ver o rótulo. Quero saber o quanto estou tomando. Mesmo que seja uma mísera água com gás.
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