:: Pequenas alegrias
Saudades de você me contar de você, ele me disse neste fim de tarde chuvosa.
segunda-feira, outubro 31
:: O tempo não para
E eu queria, mesmo, fazer o tempo parar um tanto. Ou, não. O tempo podia continuar correndo sem que eu tivesse de correr também. O tempo podia correr enquanto eu ficava na casinha, no meu edredon branco-com-cheiro-de-lavanda, quieta. Porque a sensação que eu tive (e foi muito séria e foi muito real) é de que eu desprenderia horas e horas, dias, até, lendo os escritos dele, ouvindo no repeat "Obatalá", que é a oração que me inspira ao entrar dentro do coração dele, quase. Da casa dele. Da vida dele. Como uma coisa tão, tão profunda que merece um respeito enorme, imenso. Um respeito que nem sei bem dizer como é (nem o que é, vai saber). Mas vem com a ideia de que eu teria de me isolar um tanto do mundo. Para que eu pudesse viver aquilo inteiro. Como ele nos dá. Aquilo em estado bruto.
E eu queria, mesmo, fazer o tempo parar um tanto. Ou, não. O tempo podia continuar correndo sem que eu tivesse de correr também. O tempo podia correr enquanto eu ficava na casinha, no meu edredon branco-com-cheiro-de-lavanda, quieta. Porque a sensação que eu tive (e foi muito séria e foi muito real) é de que eu desprenderia horas e horas, dias, até, lendo os escritos dele, ouvindo no repeat "Obatalá", que é a oração que me inspira ao entrar dentro do coração dele, quase. Da casa dele. Da vida dele. Como uma coisa tão, tão profunda que merece um respeito enorme, imenso. Um respeito que nem sei bem dizer como é (nem o que é, vai saber). Mas vem com a ideia de que eu teria de me isolar um tanto do mundo. Para que eu pudesse viver aquilo inteiro. Como ele nos dá. Aquilo em estado bruto.
quarta-feira, outubro 19
domingo, outubro 16
sábado, outubro 15
:: Chá com biscoitos
Sabe que está essa chuva e esse dia cinza e ontem chorei aos borbotões e os olhos estão um pouco inchados, até. Mas está tudo bem. Estou ouvindo "Obatalá" e isso me traz calma. Estou de pijama de flanela e isso me deixa bem quentinha. Estou encostada nesse pelo macio do Moacir e isso me traz alegria. A casinha está linda. Decorada com florzinhas em miniatura, outras não. Trouxe da feira do Bixiga montes de minivasinhos de flor e fiz um lindo jardim de apartamento. Agora chamo as flores daqui assim, de jardim de apartamento. Desta vez temos miniorquídeas, laranjinhas e vermelhas. Lindicas, uma delicadeza-sem-fim. E temos ainda rosinhas miúdas e florzinhas brancas, daquelas que a gente costuma colocar no meio dos arranjos para incrementá-los. Mas temos essas aqui soltas, em vasinhos pequetuchos. Fofo. E aí aqui na casinha está assim, a louça lavada, as roupas estendidas no varal, em tons de rosa e verde. Tem vermelho também. Mas não há desordem. Estão organizadamente penduradas. E um clima gostoso de aconchego no ar, sabe. Gosto disso aqui. Dessa coisa de me manter aconchegada sempre, sempre. Não importam as tristezas, nem a solidão. Por isso que me deu uma vontade louca de receber alguém de que gosto, ficar descalça, só de meias para não sentir frio, para servir um chá que ganhei dia desses, um chá verde com flocos de arroz do Japão. Mas pode ser outro também. Aqui tem vários, vários. Tem até aqueles florais que vieram numa linda caixinha, lá da China, na mala dele tempos atrás. Ofereço ainda os biscoitinhos Jules Destrooper, de 1886. Gosto dessa coisa do passar dos anos. Das coisas que resistem ao tempo. Mas os biscoitinhos Jules Destrooper não são bons só por isso. São só melhores por conta disso. Vamos tomar chá com biscoitos?
Sabe que está essa chuva e esse dia cinza e ontem chorei aos borbotões e os olhos estão um pouco inchados, até. Mas está tudo bem. Estou ouvindo "Obatalá" e isso me traz calma. Estou de pijama de flanela e isso me deixa bem quentinha. Estou encostada nesse pelo macio do Moacir e isso me traz alegria. A casinha está linda. Decorada com florzinhas em miniatura, outras não. Trouxe da feira do Bixiga montes de minivasinhos de flor e fiz um lindo jardim de apartamento. Agora chamo as flores daqui assim, de jardim de apartamento. Desta vez temos miniorquídeas, laranjinhas e vermelhas. Lindicas, uma delicadeza-sem-fim. E temos ainda rosinhas miúdas e florzinhas brancas, daquelas que a gente costuma colocar no meio dos arranjos para incrementá-los. Mas temos essas aqui soltas, em vasinhos pequetuchos. Fofo. E aí aqui na casinha está assim, a louça lavada, as roupas estendidas no varal, em tons de rosa e verde. Tem vermelho também. Mas não há desordem. Estão organizadamente penduradas. E um clima gostoso de aconchego no ar, sabe. Gosto disso aqui. Dessa coisa de me manter aconchegada sempre, sempre. Não importam as tristezas, nem a solidão. Por isso que me deu uma vontade louca de receber alguém de que gosto, ficar descalça, só de meias para não sentir frio, para servir um chá que ganhei dia desses, um chá verde com flocos de arroz do Japão. Mas pode ser outro também. Aqui tem vários, vários. Tem até aqueles florais que vieram numa linda caixinha, lá da China, na mala dele tempos atrás. Ofereço ainda os biscoitinhos Jules Destrooper, de 1886. Gosto dessa coisa do passar dos anos. Das coisas que resistem ao tempo. Mas os biscoitinhos Jules Destrooper não são bons só por isso. São só melhores por conta disso. Vamos tomar chá com biscoitos?
:: As decisões e a despensa
E então abri minha geladeira porque já passa muito, muito de meio-dia. A Coca Zero acabou (e, aqui na casinha, é mais grave faltar Coca do que papel-higiênico). Por isso tive de abortar a missão "almoço". Farei um café da manhã repetido, com uma emocionante xícara de leite desnatado com café, uma fatia de queijo serra da Canastra, uma fatia daquele pão bom, daquela padaria fofa, onde preciso voltar, a Marie-Madeleine. E o processo do acordar nesse sábado de chuva vai se arrastar um pouco ainda. Porque, sabe, estou tomando café da manhã. E aí minha cama de edredon branco e lençóis igualmente brancos, perfumados de lavanda, me chama e aquela obra completa de Manoel de Barros ali ao lado e as lindas canções do Metá Metá, do Wisnik, do Itamar. Essa manhã, que já virou tarde, sem perder a cara da manhã, está meio assim.
E então abri minha geladeira porque já passa muito, muito de meio-dia. A Coca Zero acabou (e, aqui na casinha, é mais grave faltar Coca do que papel-higiênico). Por isso tive de abortar a missão "almoço". Farei um café da manhã repetido, com uma emocionante xícara de leite desnatado com café, uma fatia de queijo serra da Canastra, uma fatia daquele pão bom, daquela padaria fofa, onde preciso voltar, a Marie-Madeleine. E o processo do acordar nesse sábado de chuva vai se arrastar um pouco ainda. Porque, sabe, estou tomando café da manhã. E aí minha cama de edredon branco e lençóis igualmente brancos, perfumados de lavanda, me chama e aquela obra completa de Manoel de Barros ali ao lado e as lindas canções do Metá Metá, do Wisnik, do Itamar. Essa manhã, que já virou tarde, sem perder a cara da manhã, está meio assim.
sexta-feira, outubro 14
:: A predileta
Minha predileta do disco Metá Metá, de Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França, já se fez, fácil, fácil, sem esforço, sem dúvida: "Obatalá". Dessas para ouvir e de novo e de novo e de novo. Vai entrar praquela listinha que já tem "Circlesong 3", do Bobby Mcferrin, montes de Juarez Maciel, Yann Tiersen e um Baden ou outro. Aquelas músicas que não sei bem se me fazem triste ou feliz. Ou se só levam à potência máxima os pequenos sentimentos. De repente, pode ser isso. Pode ser isso.
Minha predileta do disco Metá Metá, de Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França, já se fez, fácil, fácil, sem esforço, sem dúvida: "Obatalá". Dessas para ouvir e de novo e de novo e de novo. Vai entrar praquela listinha que já tem "Circlesong 3", do Bobby Mcferrin, montes de Juarez Maciel, Yann Tiersen e um Baden ou outro. Aquelas músicas que não sei bem se me fazem triste ou feliz. Ou se só levam à potência máxima os pequenos sentimentos. De repente, pode ser isso. Pode ser isso.
quinta-feira, outubro 13
domingo, outubro 9
:: Coisas assim
Eu ia dizendo essa coisa de Manoel de Barros neste domingo de manhã. Agora temos o livro gêmeo --e tantos outros devem ter. Mas importa que podemos, por exemplo agora --ou não porque ele é dorminhoco-- estar lendo o mesmo trecho e pensando que lindo, que lindo. Tem essa coisa linda que diz na introdução de que gostei muito e tive vontade de escrever aqui. Porque tenho essa mania, ele sabe, de escrever aqui coisas para reler. Primeiro Manoel de Barros fala sobre a ideia das distâncias. "As distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele." Não é lindo? Mas gosto ainda mais, acho, daquele pedacinho lá do final, em que ele fala de desenhos verbais, como o sapo, que é um pedaço de chão que pula. Gosto mais e mais da ideia de poesia ser a "infância da língua". E, olha: "Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades".
Eu ia dizendo essa coisa de Manoel de Barros neste domingo de manhã. Agora temos o livro gêmeo --e tantos outros devem ter. Mas importa que podemos, por exemplo agora --ou não porque ele é dorminhoco-- estar lendo o mesmo trecho e pensando que lindo, que lindo. Tem essa coisa linda que diz na introdução de que gostei muito e tive vontade de escrever aqui. Porque tenho essa mania, ele sabe, de escrever aqui coisas para reler. Primeiro Manoel de Barros fala sobre a ideia das distâncias. "As distâncias somavam a gente para menos. Nossa morada estava tão perto do abandono que dava até para a gente pegar nele." Não é lindo? Mas gosto ainda mais, acho, daquele pedacinho lá do final, em que ele fala de desenhos verbais, como o sapo, que é um pedaço de chão que pula. Gosto mais e mais da ideia de poesia ser a "infância da língua". E, olha: "Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades".
quarta-feira, outubro 5
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