:: Caderno de notas
"O restaurante ideal é aquele em que se lembra do que comeu e esquece o quanto pagou" (Santi Santamaria 1957-2011)
sábado, fevereiro 26
:: Meninices
Ontem saímos para jantar. Eu queria ir lá pelas 20h, porque madrugo. Ela, lá pelas 21h porque é notívaga. Fomos, no final, às 21h30 e fizemos um longo e delicioso jantar. A comida do Rothko não é esplêndida, mas o pacote do programa é compensador.
O lugar é lindo e tem alguma coisa no ar que faz com que você se sinta feliz. Ou será que eu estava mesmo feliz? As cadeiras são confortáveis, a trilha sonora é de primeira, atendimento dócil (e, sorte, sem falhas).
De entrada, pedi um sashimi de melancia. São fatias de melancia prensadas e embaladas a vácuo, como se fossem mesmo sashimis - e de um rosa vibrante. A melancia fica mais firme e concentrada. Para servir, uma pasta de wasabi e uma delicada espuma de gengibre. Para comer de hashi.
Bem, depois de tagarelar sobre a vida, ela me contou que foi assistir a dois filmes naquela tarde de folga - e ainda conheceu o metrô da Faria Lima, "que me deixou na Paulista em três minutos. Três minutos, Lu!".
Falamos um tanto de 127 horas. E a primeira coisa que perguntei: é monótono como Náufrago? E então discordamos sobre o Náufrago. Apesar deu já ter visto duas, três vezes, acho uma chatice. Ela, adora. E adora o Wiiiilsooooon. Na verdade, eu também adoro o Wilson.
Fim de papo e fomos embora. Hoje, pela manhã, tem e-mail dela. Eu disse, ela é notívaga. Agora, tenho certeza, deve estar dormindo (e eu já quase pronta para a piscina).
Assim: "olha como o cara do ny times descreve o 127 horas: - pense em uma versão mais sangrenta e claustrofóbica de "Náufrago" sem a bola de vôlei. rá!"
Ontem saímos para jantar. Eu queria ir lá pelas 20h, porque madrugo. Ela, lá pelas 21h porque é notívaga. Fomos, no final, às 21h30 e fizemos um longo e delicioso jantar. A comida do Rothko não é esplêndida, mas o pacote do programa é compensador.
O lugar é lindo e tem alguma coisa no ar que faz com que você se sinta feliz. Ou será que eu estava mesmo feliz? As cadeiras são confortáveis, a trilha sonora é de primeira, atendimento dócil (e, sorte, sem falhas).
De entrada, pedi um sashimi de melancia. São fatias de melancia prensadas e embaladas a vácuo, como se fossem mesmo sashimis - e de um rosa vibrante. A melancia fica mais firme e concentrada. Para servir, uma pasta de wasabi e uma delicada espuma de gengibre. Para comer de hashi.
Bem, depois de tagarelar sobre a vida, ela me contou que foi assistir a dois filmes naquela tarde de folga - e ainda conheceu o metrô da Faria Lima, "que me deixou na Paulista em três minutos. Três minutos, Lu!".
Falamos um tanto de 127 horas. E a primeira coisa que perguntei: é monótono como Náufrago? E então discordamos sobre o Náufrago. Apesar deu já ter visto duas, três vezes, acho uma chatice. Ela, adora. E adora o Wiiiilsooooon. Na verdade, eu também adoro o Wilson.
Fim de papo e fomos embora. Hoje, pela manhã, tem e-mail dela. Eu disse, ela é notívaga. Agora, tenho certeza, deve estar dormindo (e eu já quase pronta para a piscina).
Assim: "olha como o cara do ny times descreve o 127 horas: - pense em uma versão mais sangrenta e claustrofóbica de "Náufrago" sem a bola de vôlei. rá!"
segunda-feira, fevereiro 21
:: Coisas para guardar e reler
"finalmente, vou fazer uma coisa que quero fazer HÁ MUITO tempo. mas, primeiro, preciso dizer que é contra os meus princípios. é por que eu vou te mandar um trecho de diário da minha viagem e isso é contra a minha própria regra, de não mostrar o que escrevi, para que fique sempre particular. mas, esse, não resisti. o começo você sabe bem o que significa. mas o decorrer é para você:
:: não trocamos nada nesse período. enquanto eu estou aqui, não há nenhum registro dele, nada cresce. enquanto que meu afeto por outras pessoas se mostra tão sólido. outras pessoas que conseguem mostrar que o que sentimos umas pelas outras não reside apenas num cômodo pequeno. é algo que pode atravesar fusos, pequenos problemas diários. algumas pessoas passam por tudo isso e chegam aqui. fora da minha família, acho que a Luiza é a primeira."
"finalmente, vou fazer uma coisa que quero fazer HÁ MUITO tempo. mas, primeiro, preciso dizer que é contra os meus princípios. é por que eu vou te mandar um trecho de diário da minha viagem e isso é contra a minha própria regra, de não mostrar o que escrevi, para que fique sempre particular. mas, esse, não resisti. o começo você sabe bem o que significa. mas o decorrer é para você:
:: não trocamos nada nesse período. enquanto eu estou aqui, não há nenhum registro dele, nada cresce. enquanto que meu afeto por outras pessoas se mostra tão sólido. outras pessoas que conseguem mostrar que o que sentimos umas pelas outras não reside apenas num cômodo pequeno. é algo que pode atravesar fusos, pequenos problemas diários. algumas pessoas passam por tudo isso e chegam aqui. fora da minha família, acho que a Luiza é a primeira."
sábado, fevereiro 19
quinta-feira, fevereiro 17
:: Velharias e coleções
Mamãe resolveu colocar o armário abaixo. Já vai fazer 3 anos que saímos (eu e minha irmã) de casa e os armários ainda estavam tomados. Eu, naturalmente, não consegui carregar minhas velharias todas por falta de espaço. A missão do domingo de manhã era ver o que se quer e o que não se quer. Abriu-se uma exceção para que eu pudesse deixar algumas tranqueiras lá, porque na minicasa não cabe. Ufa. Mas a regra era clara: tudo em caixas, de maneira organizada e naquela parte do armário lááá em cima onde nenhum ser alcança nunca.
Joguei tanto papel fora que nem acreditei. Me desapeguei de todos os "Guias da Folha" de início de carreira, que eu amontoava num canto religiosamente. Me desfiz dos textos da escola, das apostilas do cursinho (pelas quais sempre tive o maior xodó) e dos cadernos da faculdade. Com alguma dor. Verdade.
Guardei mais umas cartas de amigos e amores que achei espalhadas. Guardei uns cadernos esculturais da escola e meus boletins, com as cartas de autoavaliação que eu fazia em diferentes cores. O mais difícil talvez tenha sido me desfazer dos bichos de pelúcia. Mas hoje consigo entender melhor por que.
São macacaos. Macacos e sapos. E eles fazem parte, de uma forma ou de outra, dessas minhas duas coleções. É como se eu tivesse desfalcando coleções que levei a vida para formar _e poder chamar de co-le-ção, assim, com orgulho.
Bem, estão todos num saco plástico daqueles gigantes, pretos. Fiquei com um. Um macaco que não devo me desfazer para todo o sempre.
Mamãe resolveu colocar o armário abaixo. Já vai fazer 3 anos que saímos (eu e minha irmã) de casa e os armários ainda estavam tomados. Eu, naturalmente, não consegui carregar minhas velharias todas por falta de espaço. A missão do domingo de manhã era ver o que se quer e o que não se quer. Abriu-se uma exceção para que eu pudesse deixar algumas tranqueiras lá, porque na minicasa não cabe. Ufa. Mas a regra era clara: tudo em caixas, de maneira organizada e naquela parte do armário lááá em cima onde nenhum ser alcança nunca.
Joguei tanto papel fora que nem acreditei. Me desapeguei de todos os "Guias da Folha" de início de carreira, que eu amontoava num canto religiosamente. Me desfiz dos textos da escola, das apostilas do cursinho (pelas quais sempre tive o maior xodó) e dos cadernos da faculdade. Com alguma dor. Verdade.
Guardei mais umas cartas de amigos e amores que achei espalhadas. Guardei uns cadernos esculturais da escola e meus boletins, com as cartas de autoavaliação que eu fazia em diferentes cores. O mais difícil talvez tenha sido me desfazer dos bichos de pelúcia. Mas hoje consigo entender melhor por que.
São macacaos. Macacos e sapos. E eles fazem parte, de uma forma ou de outra, dessas minhas duas coleções. É como se eu tivesse desfalcando coleções que levei a vida para formar _e poder chamar de co-le-ção, assim, com orgulho.
Bem, estão todos num saco plástico daqueles gigantes, pretos. Fiquei com um. Um macaco que não devo me desfazer para todo o sempre.
terça-feira, fevereiro 15
segunda-feira, fevereiro 14
:: Coisas que anoto sobre Nina Simone
Já com o casamento desgastado, Nina Simone pegou um avião, sem avisar ninguém, e foi para Barbados. Em anos ela não dormia como lá, oito, nove horas por noite. Durante o dia, fazia de tudo um pouco. Tomou aulas de mergulho até ganhar certificado. Ficava provocando anêmonas marinhas ao afagar seus pequenos tentáculos, perseguindo peixes ao redor dos recifes e coletando conchas para os rapazes na cozinha preparem sopa de conhcas e omelete de frutos do mar para ela.
Já com o casamento desgastado, Nina Simone pegou um avião, sem avisar ninguém, e foi para Barbados. Em anos ela não dormia como lá, oito, nove horas por noite. Durante o dia, fazia de tudo um pouco. Tomou aulas de mergulho até ganhar certificado. Ficava provocando anêmonas marinhas ao afagar seus pequenos tentáculos, perseguindo peixes ao redor dos recifes e coletando conchas para os rapazes na cozinha preparem sopa de conhcas e omelete de frutos do mar para ela.
domingo, fevereiro 13
:: Um domingo
Num domingo a gente pode mexer num tanto enorme de papeis velhos e lembrar da escola, do cursinho, da faculdade, dos amores. Num domingo, comidinha caseira na casa da mãe com coca bem gelada. Depois uma passada rápida na quitanda para comprar frutas e flores. Em casa, uma música, duas, três. Músicas que dão alegria. Enquanto isso, roda a primeira máquina de roupas delicadas com meu amaciante predileto. Na cozinha, uma sequência de vasinhos para organizar. Flores amarelas, laranjas e delicadamente vermelhas. Frutas lavadas devidamente acomodadas naquele meu bowl amarelo por dentro e roxo por fora que adoro. Na geladeira, para dar frescor.
Num domingo a gente pode mexer num tanto enorme de papeis velhos e lembrar da escola, do cursinho, da faculdade, dos amores. Num domingo, comidinha caseira na casa da mãe com coca bem gelada. Depois uma passada rápida na quitanda para comprar frutas e flores. Em casa, uma música, duas, três. Músicas que dão alegria. Enquanto isso, roda a primeira máquina de roupas delicadas com meu amaciante predileto. Na cozinha, uma sequência de vasinhos para organizar. Flores amarelas, laranjas e delicadamente vermelhas. Frutas lavadas devidamente acomodadas naquele meu bowl amarelo por dentro e roxo por fora que adoro. Na geladeira, para dar frescor.
sexta-feira, fevereiro 11
quinta-feira, fevereiro 10
:: Leituras
Vez ou outra, eu pego aquele livro que traz uma compilação dos melhores artigos da revista "Gourmet", "Banquetes Intermináveis". Tem livros assim, que gosto de ler aos poucos e só às vezes.
Algumas passagens me chamam especial atenção. Como aquela coisa de terem se banhado em "bacias de porcelana esmaltada, decorada com cisnes e crisântemos cor de alfazema". Ou as "cortinas de linho branco e seus peitoris carregados de begônias carnudas e medonhas". A "rosa de papel no vaso que encimava a complexa máquina de café".
Gosto muito da imagem do pescador de uma estalagem na Suíça. "Calado, de olhar triste e ar infeliz. A única coisa de que gostava no mundo era de pescar perca e cozinhá-la." Também dessa aqui, dos narcisos silvestres: "Quando entramos no carro, mademoiselle veio correndo com um ramalhete dos primeiros narcisos silvestres e os jogou frouxamente nas mãos de Michel".
Um dos relatos é sobre uma viagem de Ruth Kim Hai para o Sião. Lá pelas tantas, olha: "Comi fatias de cará cristalizado vendidos por uma menina que sentava de pernas cruzadas no chão, tendo sobre os joelhos as mercadorias de seu tabuleiro de palha trançada".
Enquanto eu não saio daqui, vou continuar lendo. Muito. Funciona.
Vez ou outra, eu pego aquele livro que traz uma compilação dos melhores artigos da revista "Gourmet", "Banquetes Intermináveis". Tem livros assim, que gosto de ler aos poucos e só às vezes.
Algumas passagens me chamam especial atenção. Como aquela coisa de terem se banhado em "bacias de porcelana esmaltada, decorada com cisnes e crisântemos cor de alfazema". Ou as "cortinas de linho branco e seus peitoris carregados de begônias carnudas e medonhas". A "rosa de papel no vaso que encimava a complexa máquina de café".
Gosto muito da imagem do pescador de uma estalagem na Suíça. "Calado, de olhar triste e ar infeliz. A única coisa de que gostava no mundo era de pescar perca e cozinhá-la." Também dessa aqui, dos narcisos silvestres: "Quando entramos no carro, mademoiselle veio correndo com um ramalhete dos primeiros narcisos silvestres e os jogou frouxamente nas mãos de Michel".
Um dos relatos é sobre uma viagem de Ruth Kim Hai para o Sião. Lá pelas tantas, olha: "Comi fatias de cará cristalizado vendidos por uma menina que sentava de pernas cruzadas no chão, tendo sobre os joelhos as mercadorias de seu tabuleiro de palha trançada".
Enquanto eu não saio daqui, vou continuar lendo. Muito. Funciona.
quarta-feira, fevereiro 9
segunda-feira, fevereiro 7
sábado, fevereiro 5
quinta-feira, fevereiro 3
terça-feira, fevereiro 1
Assinar:
Postagens (Atom)