:: Criado-mudo
É o primeiro livro de Eliane Brum que leio. E é o primeiro dela que é ficção. E tem me pesado um tanto essa coisa da verdade das vidas. Ela diz coisas que grifo e que me afligem um pouco como essa história de que uma verdade pode ser contanda em pedacinhos bem pequenos de mentiras.
Ela fala do branco. "O branco não é a soma de todas as cores, mas a ausência de todos os sentimentos. O branco não tem dor nem medo nem vilania. Por isso é a cor da paz, porque é a soma do que subtrai o humano." Lembra do campo de girassóis negros. "Acho que foi a coisa mais triste que vi."
Gosto da imagem da xícara de chá e dos raios de sol: "O sol entra pelas frestas da cortina apenas o suficiente para não precisar de luz artificia, e há um cheiro de hortelã no ar. Me sinto dentro de uma xícara de chá".
sexta-feira, julho 29
quarta-feira, julho 27
:: Intolerância
Tenho notado a minha crescente falta de tolerância com os motoristas de táxi que são over simpáticos. Me sinto amarga, mas, por favor, não puxe assunto do tempo, do trânsito e não busine. Não corra e vá cortando os outros carros e não ande a 30 km/h. Grata.
Hoje, no carro:
- Bom dia Luiza.
- Bom dia.
- E o tempo, hein, parece verão?
- É.
- Vou colocar o endereço aqui no GPS.
(e o GPS manda o cara pra esquerda)
- É à direita.
- Ai, esse GPS só é bom de caminho no fim.
(e eu pensei: ahm, cláudia!)
- Ah (um ah desinteressado).
Chegamos e eu salto do carro.
- Lindááá, pega meu telefone pra você ligar quando acabar. Te pego aqui.
(e eu pensei "lindááá???" deosdoceo)
E eu vou tomar o meu expresso curto.
- Luiza, você gosta de ouvir música? (adendo: o som às alturas, um inferno)
- Gosto. Mas não gosto de conversar.
Tenho notado a minha crescente falta de tolerância com os motoristas de táxi que são over simpáticos. Me sinto amarga, mas, por favor, não puxe assunto do tempo, do trânsito e não busine. Não corra e vá cortando os outros carros e não ande a 30 km/h. Grata.
Hoje, no carro:
- Bom dia Luiza.
- Bom dia.
- E o tempo, hein, parece verão?
- É.
- Vou colocar o endereço aqui no GPS.
(e o GPS manda o cara pra esquerda)
- É à direita.
- Ai, esse GPS só é bom de caminho no fim.
(e eu pensei: ahm, cláudia!)
- Ah (um ah desinteressado).
Chegamos e eu salto do carro.
- Lindááá, pega meu telefone pra você ligar quando acabar. Te pego aqui.
(e eu pensei "lindááá???" deosdoceo)
E eu vou tomar o meu expresso curto.
- Luiza, você gosta de ouvir música? (adendo: o som às alturas, um inferno)
- Gosto. Mas não gosto de conversar.
segunda-feira, julho 25
sábado, julho 23
terça-feira, julho 19
:: Tarde da noite
Sempre à noite, nos fechamentos intermináveis, parece que todo mundo, ao mesmo tempo, fica com a imaginação fértil. Hoje, a gente competindo pra ver quem ia sofrer mais amanhã, assim:
- E amanhã eu gravo às 10h e tenho maquiagem às 9h.
- Olha, pensa que vou a uma padaria e a um café e a uma doceria e a uma pastelaria, amanhã às 10h. Enquanto você fica maquiada, eu vou lá ficar gorda.
- Vou ficar maquiada às 9h MAS engordarei às 10h. Tem uma FÁBRICA de acarajés embaixo do restaurante.
Sempre à noite, nos fechamentos intermináveis, parece que todo mundo, ao mesmo tempo, fica com a imaginação fértil. Hoje, a gente competindo pra ver quem ia sofrer mais amanhã, assim:
- E amanhã eu gravo às 10h e tenho maquiagem às 9h.
- Olha, pensa que vou a uma padaria e a um café e a uma doceria e a uma pastelaria, amanhã às 10h. Enquanto você fica maquiada, eu vou lá ficar gorda.
- Vou ficar maquiada às 9h MAS engordarei às 10h. Tem uma FÁBRICA de acarajés embaixo do restaurante.
domingo, julho 17
:: Caminhos
Quero rever --e logo-- o documentário do Itamar Assumpção. Quero lembrar --e memorizar-- o que ele gostava de comprar na feira para depois cozinhar, além do peixe --o peixe eu memorizei. Quero rever a cena de "Milágrimas", que me fez chorar umas lágrimas, mas sem milagres. E que me fez lembrar de dias e dias de chorar e eu com aquela passagem fixa na cabeça de que se era impossível evitar as lágrimas que sentisse, então, o gosto do sal. Tenho disso até hoje, de sentir o gosto de sal. Quero ouvir ainda "Sei dos Caminhos". É uma que escuto aqui, agora, aliás, neste domingo lindo de sol. E gosto muito dessa imagem de saber dos caminhos que chegam, dos que se afastam e a ideia de não saber chegar ao próximo passo. Tenho pensado nessa coisa toda de próximo passo.
Quero rever --e logo-- o documentário do Itamar Assumpção. Quero lembrar --e memorizar-- o que ele gostava de comprar na feira para depois cozinhar, além do peixe --o peixe eu memorizei. Quero rever a cena de "Milágrimas", que me fez chorar umas lágrimas, mas sem milagres. E que me fez lembrar de dias e dias de chorar e eu com aquela passagem fixa na cabeça de que se era impossível evitar as lágrimas que sentisse, então, o gosto do sal. Tenho disso até hoje, de sentir o gosto de sal. Quero ouvir ainda "Sei dos Caminhos". É uma que escuto aqui, agora, aliás, neste domingo lindo de sol. E gosto muito dessa imagem de saber dos caminhos que chegam, dos que se afastam e a ideia de não saber chegar ao próximo passo. Tenho pensado nessa coisa toda de próximo passo.
sábado, julho 16
:: Aquela minha coisa com nomes
Montes de coisas para escrever de dias e dias. Mas eu podia passar horas só falando das pequenas felicidades de hoje. Chorei, mas achei lindo de morrer o documentário do Itamar Assumpção, por exemplo. Sorri aqui e ali, verdade. Com aquela história do encher de açúcar a xícara de café, até que o café suba ao topo. E a coisa de amar as orquídeas. E "Milágrimas" de pijama, no jardim. E a música que o Tatit gravou depois de compor com o Itamar ao telefone, do hospital. Essa coisa de não ser fácil ser Itamar. E aí fico pensando por que diabos não sustentei o nome original do Moacir, que era Itamar. Tenho essa coisa com nomes. Quem sabe, sabe.
Montes de coisas para escrever de dias e dias. Mas eu podia passar horas só falando das pequenas felicidades de hoje. Chorei, mas achei lindo de morrer o documentário do Itamar Assumpção, por exemplo. Sorri aqui e ali, verdade. Com aquela história do encher de açúcar a xícara de café, até que o café suba ao topo. E a coisa de amar as orquídeas. E "Milágrimas" de pijama, no jardim. E a música que o Tatit gravou depois de compor com o Itamar ao telefone, do hospital. Essa coisa de não ser fácil ser Itamar. E aí fico pensando por que diabos não sustentei o nome original do Moacir, que era Itamar. Tenho essa coisa com nomes. Quem sabe, sabe.
:: Caderno de notas
Texto lindo que ela me fez ler hoje. E encaixou perfeitamente. São dessas sensibilidades de que mais gosto.
"Gostaria de lhe escrever uma carta, uma carta verdadeira, atravessando os estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre todas as coisas. Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos. Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados. (...)
Procurei você em cada átomo seu que está disperso no universo.
Recolhi quantos deles me foi possível, na terra, no ar, no mar, nos olhares e nos gestos dos homens. (...)
Lembra-se daquela senhora especialista em Tchekov...
Lembra da explanação que deu sobre as últimas palavras do escritor russo?
Ficamos ambos maravilhados.
Nem eu nem você sabíamos que Tchekov ao morrer tivesse dito: Ich sterb! Eu morro!
Pois é, morreu numa língua que não era a sua.
Que estranho, amou em russo, sofreu em russo, odiou em russo, viveu em russo e morreu em alemão.(...)
Aconteceu de modo natural, assim como surde a lua ou como neva
Virei e te beijei.
Depois com o indicador na frente dos lábios que tinham te beijado, sussurei: psssiu.
E te beijei novamente.
Pensava em você todos os dias.
Porque as pessoas podem ser felizes nos seus entretantos. Eu também. (...)
Te procuro no resplendor desse mar porque você o viu, e nos olhos do dono da mercearia, do farmacêutico, do velhinho que vende café gelado, naquela pracinha, porque talvez eles tenham visto você.
Estas coisas também coloquei no bolso, este bolso que sou em mesma e os meus sentidos.
Meu amor, me desculpe se ainda o chamo assim como chamava naquela época, depois de todos esses anos, mas não sei mesmo como chamá-lo.
Como é que uma pessoa se dirige ao homem amado que disse ' tchau, ate amanha', e nos abandonou sem deixar sequer um bilhete de explicação?
Gostaria de lhe escrever uma carta verdadeira, atravessando os escuros estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre tudo.
Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos.
A magnólia floresce. E também as crianças crescem.
Lhe diria: o tempo não espera. É feito de gotas.
Basta uma gota a mais para que o líquido se derrame no chão, se expanda e se perca.
Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados."
*(créditos depois, porque ainda não descobri)
Texto lindo que ela me fez ler hoje. E encaixou perfeitamente. São dessas sensibilidades de que mais gosto.
"Gostaria de lhe escrever uma carta, uma carta verdadeira, atravessando os estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre todas as coisas. Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos. Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados. (...)
Procurei você em cada átomo seu que está disperso no universo.
Recolhi quantos deles me foi possível, na terra, no ar, no mar, nos olhares e nos gestos dos homens. (...)
Lembra-se daquela senhora especialista em Tchekov...
Lembra da explanação que deu sobre as últimas palavras do escritor russo?
Ficamos ambos maravilhados.
Nem eu nem você sabíamos que Tchekov ao morrer tivesse dito: Ich sterb! Eu morro!
Pois é, morreu numa língua que não era a sua.
Que estranho, amou em russo, sofreu em russo, odiou em russo, viveu em russo e morreu em alemão.(...)
Aconteceu de modo natural, assim como surde a lua ou como neva
Virei e te beijei.
Depois com o indicador na frente dos lábios que tinham te beijado, sussurei: psssiu.
E te beijei novamente.
Pensava em você todos os dias.
Porque as pessoas podem ser felizes nos seus entretantos. Eu também. (...)
Te procuro no resplendor desse mar porque você o viu, e nos olhos do dono da mercearia, do farmacêutico, do velhinho que vende café gelado, naquela pracinha, porque talvez eles tenham visto você.
Estas coisas também coloquei no bolso, este bolso que sou em mesma e os meus sentidos.
Meu amor, me desculpe se ainda o chamo assim como chamava naquela época, depois de todos esses anos, mas não sei mesmo como chamá-lo.
Como é que uma pessoa se dirige ao homem amado que disse ' tchau, ate amanha', e nos abandonou sem deixar sequer um bilhete de explicação?
Gostaria de lhe escrever uma carta verdadeira, atravessando os escuros estratos de lava e de argila que a vida foi sedimentando sobre tudo.
Lhe diria que continuo sendo eu e que conservo sonhos.
A magnólia floresce. E também as crianças crescem.
Lhe diria: o tempo não espera. É feito de gotas.
Basta uma gota a mais para que o líquido se derrame no chão, se expanda e se perca.
Lhe diria que ainda amo, embora os sentidos estejam cansados."
*(créditos depois, porque ainda não descobri)
quinta-feira, julho 14
domingo, julho 3
:: Pequenas alegrias
Tem essas pequenas coisas de que gosto. Quando ele escreve pela manhã para dizer que teve um sonho lindo comigo e queria me ver, por exemplo. Ou quando chega uma música que combina comigo de alguém que ouviu e lembrou de mim. Gosto quando as meninas, lá de longe, me mandam e-mails longos, longos relembrando nossa infância. Ou de receber alguém especial para o café da manhã, num domingo feioso. E então arrumar a mesa com as minijarras de prata que eu trouxe da feira de antiguidade de Londres e nunca uso, já com leite. E vasinhos delicados e esperar minhas visitas amáveis ao som do tango de Piazzolla. E tem uns escritos de que gosto em particular, como esse lá de Portugal: "princesa, é incrível como eu me lembro de você nas viagens... coisas de menina, comidinhas, delicadezas para casa... uma porção de miudezas que eu penso sempre que só você seria capaz de entender". São coisas assim que gosto de anotar para reler. Dá aconchego mesmo quando se está triste ou só.
Tem essas pequenas coisas de que gosto. Quando ele escreve pela manhã para dizer que teve um sonho lindo comigo e queria me ver, por exemplo. Ou quando chega uma música que combina comigo de alguém que ouviu e lembrou de mim. Gosto quando as meninas, lá de longe, me mandam e-mails longos, longos relembrando nossa infância. Ou de receber alguém especial para o café da manhã, num domingo feioso. E então arrumar a mesa com as minijarras de prata que eu trouxe da feira de antiguidade de Londres e nunca uso, já com leite. E vasinhos delicados e esperar minhas visitas amáveis ao som do tango de Piazzolla. E tem uns escritos de que gosto em particular, como esse lá de Portugal: "princesa, é incrível como eu me lembro de você nas viagens... coisas de menina, comidinhas, delicadezas para casa... uma porção de miudezas que eu penso sempre que só você seria capaz de entender". São coisas assim que gosto de anotar para reler. Dá aconchego mesmo quando se está triste ou só.
sexta-feira, julho 1
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