:: Pequenos prazeres
Ele diz que gosta quando eu rio das piadinhas infames que ele faz.
quinta-feira, outubro 30
:: Quando fui bater pernas na Liberdade
Ir à Liberdade é quase um ato de coragem. Você precisa se conhecer muito bem para não enlouquecer num bairro como esse. Talvez eu não me conheça tão bem assim.
Depois do metrô, a gente pensa rapidamente em onde comer, para recarregar as energias para as compras. O jantar está marcado para sexta-feira. Sexta agora, depois e amanhã.
A entrada daquela galeria assusta um pouco, mas, garanto, lá dentro tem um restaurante gostoso. Vamos. E fomos. As meninas. Ela comeu sushi e sashimi, ela tirinhas de carne com gengibre, e, sobre a mesa, também tampuras de camarão porque a outra estava com desejo.
Na hora de pagar, ninguém resiste ao sorvete Melona. Ninguém. Prontas, fomos à Casa Bueno. Ela disse, por escrito, que a carne fatiada fica nos fundos, ao lado esquerdo. E lá estava. Não pergunte ao atendente, pois ele vai dizer é para sukiyaki, e você quer, na verdade, usar no shabu-shabu, vai se confundir. Tudo vai dar certo. Compre as acelgas maiores e confira se tem perfex em casa para limpar o shiitake e o shimeji. Tudo ticado. Eu e minhas listas intermnáveis.
No carrinho, aproveito para colocar potinhos sortidos - eu nunca aguento - e também umas latinhas de suco de lichia Chin Chin. No finalzinho, dá para mastigar uns quadradinhos de fruta. Incrível mesmo.
Ainda bem que na receita estão marcados dois temperinhos da S&B. Porque, mesmo que não tivesse, acho que eu teria comprado. Para acabar, só para acabar, eu digo, vou pegar uma caixinha de chá de jasmim. Olha a caixinha... Naquela voz amolecida.
É hora de ir naquela loja-que-a-gente-quer-comprar-tudo ali na frente da Bakery Itiriki. Então respiro fundo e penso, não vou entrar na Bakery. Hoje não. Na loja, ela caminha por todos os corredores até me levar na ala das cerâmicas. Pegamos coisas e devolvemos pelo caminho. Pegamos e devolvemos. Quando o carrinho tem mais coisas que pegamos do que devolvemos, olhamos uma para a outra: assim está bem.
E chegam as cerâmicas. Aqueles potinhos pintados que preenchem mais espaço vazio e a gente sempre tentando nos convencer de que precisamos. E como vamos servir o caldo? É a nossa primeira grande recepção. Então fechamos a conta carregando sacolas, temperos, travessas e um monte de novas idéias.
Em casa, hora de dormir, amanhã é dia de Mercadão.
Ir à Liberdade é quase um ato de coragem. Você precisa se conhecer muito bem para não enlouquecer num bairro como esse. Talvez eu não me conheça tão bem assim.
Depois do metrô, a gente pensa rapidamente em onde comer, para recarregar as energias para as compras. O jantar está marcado para sexta-feira. Sexta agora, depois e amanhã.
A entrada daquela galeria assusta um pouco, mas, garanto, lá dentro tem um restaurante gostoso. Vamos. E fomos. As meninas. Ela comeu sushi e sashimi, ela tirinhas de carne com gengibre, e, sobre a mesa, também tampuras de camarão porque a outra estava com desejo.
Na hora de pagar, ninguém resiste ao sorvete Melona. Ninguém. Prontas, fomos à Casa Bueno. Ela disse, por escrito, que a carne fatiada fica nos fundos, ao lado esquerdo. E lá estava. Não pergunte ao atendente, pois ele vai dizer é para sukiyaki, e você quer, na verdade, usar no shabu-shabu, vai se confundir. Tudo vai dar certo. Compre as acelgas maiores e confira se tem perfex em casa para limpar o shiitake e o shimeji. Tudo ticado. Eu e minhas listas intermnáveis.
No carrinho, aproveito para colocar potinhos sortidos - eu nunca aguento - e também umas latinhas de suco de lichia Chin Chin. No finalzinho, dá para mastigar uns quadradinhos de fruta. Incrível mesmo.
Ainda bem que na receita estão marcados dois temperinhos da S&B. Porque, mesmo que não tivesse, acho que eu teria comprado. Para acabar, só para acabar, eu digo, vou pegar uma caixinha de chá de jasmim. Olha a caixinha... Naquela voz amolecida.
É hora de ir naquela loja-que-a-gente-quer-comprar-tudo ali na frente da Bakery Itiriki. Então respiro fundo e penso, não vou entrar na Bakery. Hoje não. Na loja, ela caminha por todos os corredores até me levar na ala das cerâmicas. Pegamos coisas e devolvemos pelo caminho. Pegamos e devolvemos. Quando o carrinho tem mais coisas que pegamos do que devolvemos, olhamos uma para a outra: assim está bem.
E chegam as cerâmicas. Aqueles potinhos pintados que preenchem mais espaço vazio e a gente sempre tentando nos convencer de que precisamos. E como vamos servir o caldo? É a nossa primeira grande recepção. Então fechamos a conta carregando sacolas, temperos, travessas e um monte de novas idéias.
Em casa, hora de dormir, amanhã é dia de Mercadão.
quarta-feira, outubro 29
:: Das trilhas da Mostra
Não fiz a maratona Mostra Internacional de Cinema como nos últimos anos. Ainda assim, anotei no caderninho que anda pra lá e pra cá na bolsa que o próximo disco que preciso comprar, depois de um do Oscar Brown Jr., é a trilha de Palermo Shooting. O Wim Winders nunca decepciona. E as trilhas continuam irresistíveis.
Não fiz a maratona Mostra Internacional de Cinema como nos últimos anos. Ainda assim, anotei no caderninho que anda pra lá e pra cá na bolsa que o próximo disco que preciso comprar, depois de um do Oscar Brown Jr., é a trilha de Palermo Shooting. O Wim Winders nunca decepciona. E as trilhas continuam irresistíveis.
segunda-feira, outubro 27
terça-feira, outubro 21
:: Sobre as experiências
Tem momentos da vida que chamo de experiência. Foi mais ou menos assim neste domingo, no almoço que fui na casa da chef Lourdes Hernandez, a "cozinheira atrevida". Além da companhia de C.A. Dória, Cris Couto, Rogério Voltan e cia. experimentei, enfim, o tal do huitlacoche, um fungo que se hospeda nos fios da espiga do milho, um alimento doce e negro, que, no México, é comparado com as trufas. Para acompanhar, uma indescritível margarita de tamarindo.
Tem momentos da vida que chamo de experiência. Foi mais ou menos assim neste domingo, no almoço que fui na casa da chef Lourdes Hernandez, a "cozinheira atrevida". Além da companhia de C.A. Dória, Cris Couto, Rogério Voltan e cia. experimentei, enfim, o tal do huitlacoche, um fungo que se hospeda nos fios da espiga do milho, um alimento doce e negro, que, no México, é comparado com as trufas. Para acompanhar, uma indescritível margarita de tamarindo.
:: Pequenos prazeres
Ontem mamãe me ligou durante o dia para dizer que tinha presente. E agora eu sempre pergunto: pra mim ou para a casa? Porque minha casa sempre ganha presentinhos, os mais lindos. E ela disse, pra você.
Quando cheguei em casa, descasquei batatas com o descascador que C. me deu outro dia, depois de ter ido lá descascar batatas e notar que eu só tinha facas. E o descascador? ela disse.
Preparei uma carne que gosto muito, pensando deixar comidinha pronta para a semana e evitar combinações estranhas para o jantar, quando chego muito cansada do trabalho. As batatas ficaram douradas ao forno, com alecrim e sal grosso e espalharam um perfume pela casa.
Mamãe ligou quando desliguei o forno. Resolveu passar em casa e ficou para o jantar. Levou meu presente - um pijama bem quentinho, como eu gosto - e aproveitou para elogiar meus feitos na cozinha.
Ontem mamãe me ligou durante o dia para dizer que tinha presente. E agora eu sempre pergunto: pra mim ou para a casa? Porque minha casa sempre ganha presentinhos, os mais lindos. E ela disse, pra você.
Quando cheguei em casa, descasquei batatas com o descascador que C. me deu outro dia, depois de ter ido lá descascar batatas e notar que eu só tinha facas. E o descascador? ela disse.
Preparei uma carne que gosto muito, pensando deixar comidinha pronta para a semana e evitar combinações estranhas para o jantar, quando chego muito cansada do trabalho. As batatas ficaram douradas ao forno, com alecrim e sal grosso e espalharam um perfume pela casa.
Mamãe ligou quando desliguei o forno. Resolveu passar em casa e ficou para o jantar. Levou meu presente - um pijama bem quentinho, como eu gosto - e aproveitou para elogiar meus feitos na cozinha.
:: Pequenos prazeres
Depois de uma recaída, o médico disse a ela você precisa caminhar todos os dias. Então, nos fins de semana, quando estou em casa e o dia está bonito, ela sempre aproveita pra passar lá, num percurso um pouco mais longo. No caminho, ela compra flores (sempre) e colhe frutinhas nas árvores dos jardins. Outro dia, me levou pitangas e amoras.
Depois de uma recaída, o médico disse a ela você precisa caminhar todos os dias. Então, nos fins de semana, quando estou em casa e o dia está bonito, ela sempre aproveita pra passar lá, num percurso um pouco mais longo. No caminho, ela compra flores (sempre) e colhe frutinhas nas árvores dos jardins. Outro dia, me levou pitangas e amoras.
segunda-feira, outubro 20
:: No restaurante
Eu sei que quando a gente escreve muito sobre uma coisa fica um pouco chata. Não é chata, é mais exigente, talvez. Aí, hoje fui fazer uma matéria, no almoço. Um self-service de comida natural. E perguntei a uma garçonete:
- Esse tomate é orgânico?
[pois agora eu aprendi que se disserem "sim", preciso perguntar, como, quando, por quê? rá rá]
E então, ela disse "não sei" e não falou mais nada, nunca mais. Virou, simplesmente, como se nada (na-da) tivesse acontecido.
Sentei. Comecei a comer. Chamei outra mocinha:
- Tem guardanapo?
- Tem.
E saiu. E nunca (nun-ca) mais voltou. E eu fiquei sem guardanapo.
Então, entende, não é exatamente que a gente fica chata. Tem coisa que simplesmente não dá pra tolerar. Não é?
Eu sei que quando a gente escreve muito sobre uma coisa fica um pouco chata. Não é chata, é mais exigente, talvez. Aí, hoje fui fazer uma matéria, no almoço. Um self-service de comida natural. E perguntei a uma garçonete:
- Esse tomate é orgânico?
[pois agora eu aprendi que se disserem "sim", preciso perguntar, como, quando, por quê? rá rá]
E então, ela disse "não sei" e não falou mais nada, nunca mais. Virou, simplesmente, como se nada (na-da) tivesse acontecido.
Sentei. Comecei a comer. Chamei outra mocinha:
- Tem guardanapo?
- Tem.
E saiu. E nunca (nun-ca) mais voltou. E eu fiquei sem guardanapo.
Então, entende, não é exatamente que a gente fica chata. Tem coisa que simplesmente não dá pra tolerar. Não é?
sábado, outubro 18
sexta-feira, outubro 17
quinta-feira, outubro 16
:: Ainda sobre mudanças
Quando a gente morava na casa da minha mãe, era uma irritação extrema (ex-tre-ma) quando nosso vizinho de cima começava a tocar percussão e afins. Todas (as três) já surtamos um dia por conta dele. Eu, no meio de frilas, minha mãe na madrugada, minha sis, coitada, dormia no quarto embaixo do quarto dele e era obrigada a ouvir mais que a precussão. Bem mais. Um horror. E a gente sempre, sempre comentava como ia ser glorioso deixar o apê, por esse lado.
E foi assim: eu saí e, na primeira noite fora de casa (ou dentro, da minha própria), tive o infeliz contato com o meu vizinho de porta: ele ouve heavy metal nas alturas. Do tipo jovem-rebelde-super-empolgado-fodam-se-os-vizinhos.
Hoje fui na sis e ela resmungou assim: você não sabe... o meu vizinho de cima (existe vizinho de cima?) toca bateria, de forma mais desesperada e menos hippie que o G. (o vizinho 1).
Será tem alguma coisa a ver com o fato de não ter vindo bilhete da sorte no meu biscoito chinês?!
Quando a gente morava na casa da minha mãe, era uma irritação extrema (ex-tre-ma) quando nosso vizinho de cima começava a tocar percussão e afins. Todas (as três) já surtamos um dia por conta dele. Eu, no meio de frilas, minha mãe na madrugada, minha sis, coitada, dormia no quarto embaixo do quarto dele e era obrigada a ouvir mais que a precussão. Bem mais. Um horror. E a gente sempre, sempre comentava como ia ser glorioso deixar o apê, por esse lado.
E foi assim: eu saí e, na primeira noite fora de casa (ou dentro, da minha própria), tive o infeliz contato com o meu vizinho de porta: ele ouve heavy metal nas alturas. Do tipo jovem-rebelde-super-empolgado-fodam-se-os-vizinhos.
Hoje fui na sis e ela resmungou assim: você não sabe... o meu vizinho de cima (existe vizinho de cima?) toca bateria, de forma mais desesperada e menos hippie que o G. (o vizinho 1).
Será tem alguma coisa a ver com o fato de não ter vindo bilhete da sorte no meu biscoito chinês?!
segunda-feira, outubro 13
domingo, outubro 12
quinta-feira, outubro 9
:: Curtas
Ela é magérrima, linda, uma sensação. E então, a amiga, no trabalho disse, assim, baixinho:
- Você está grávida?
- Você deu um fora.
- Não, é que você está com uma cara maternal..
rá rá ã---hã
* * *
Teve uma época que eu estava muito amiga dele. Muito mesmo. É que ele estava triste, se recuperando de um fim de namoro traumático. Ainda apaixonado, precisava do meu ombro para fazer seus lamentos.
Marcamos uma cerveja numa sexta. Porque sextas são sempre mais difíceis, dizia. Ele apareceu de banho tomado, cheiroso, com outro ar. Me contou assim:
- Nos vimos ontem. Eu disse pra ela me devolver o 'Neruda que me tomou e nunca leu'. Ela fez cara de X! Ela simplesmente não entendeu.
Depois eu entendi.
Ela é magérrima, linda, uma sensação. E então, a amiga, no trabalho disse, assim, baixinho:
- Você está grávida?
- Você deu um fora.
- Não, é que você está com uma cara maternal..
rá rá ã---hã
* * *
Teve uma época que eu estava muito amiga dele. Muito mesmo. É que ele estava triste, se recuperando de um fim de namoro traumático. Ainda apaixonado, precisava do meu ombro para fazer seus lamentos.
Marcamos uma cerveja numa sexta. Porque sextas são sempre mais difíceis, dizia. Ele apareceu de banho tomado, cheiroso, com outro ar. Me contou assim:
- Nos vimos ontem. Eu disse pra ela me devolver o 'Neruda que me tomou e nunca leu'. Ela fez cara de X! Ela simplesmente não entendeu.
Depois eu entendi.
terça-feira, outubro 7
segunda-feira, outubro 6
:: Momento salto alto
Hoje eu acordei desanimada - quem não acordou? - com chuva forte e a perspectiva de tomar ônibus sem guarda-chuva. Nada melhor para uma segunda-feira.
E então, mãos à obra, aqui no jornal, muito trabalho, e as pílulas do dia que deixam tudo parecer melhor.
Ela me mandou um e-mail para agradecer algumas boas ações que fiz antes de vir para cá assim: "vc é perfeita. nunca vou esquecer as ajudas masters que vc me dá".
Depois, sem motivo nem boa ação, recebo outro e-mail, de outra pessoa, assim: "vc, como amiga, deixa o resto do mundo no chinelo. é verdade".
Hoje eu acordei desanimada - quem não acordou? - com chuva forte e a perspectiva de tomar ônibus sem guarda-chuva. Nada melhor para uma segunda-feira.
E então, mãos à obra, aqui no jornal, muito trabalho, e as pílulas do dia que deixam tudo parecer melhor.
Ela me mandou um e-mail para agradecer algumas boas ações que fiz antes de vir para cá assim: "vc é perfeita. nunca vou esquecer as ajudas masters que vc me dá".
Depois, sem motivo nem boa ação, recebo outro e-mail, de outra pessoa, assim: "vc, como amiga, deixa o resto do mundo no chinelo. é verdade".
sábado, outubro 4
:: Das coisas que aprendi
- uma cozinha nunca estará completa
- nunca, jamais, economize detergente (nunca)
- não compre esponja com o lado verde para evitar o nervosismo de imaginar outras pessoas, eventualmente, lavando suas panelas inox
- se o seu vizinho ouve música alta, não há motivo para você se intimidar. ouça também.
- uma cozinha nunca estará completa
- nunca, jamais, economize detergente (nunca)
- não compre esponja com o lado verde para evitar o nervosismo de imaginar outras pessoas, eventualmente, lavando suas panelas inox
- se o seu vizinho ouve música alta, não há motivo para você se intimidar. ouça também.
sexta-feira, outubro 3
:: O banquete
Eu espalhei flores pela casa. Tem uma orquídea enorme, logo ali no chão, que ganhei de uma amiga. Uma orquídea amarela, micra e meiga, em cima da bancada branca, que ganhei de oura. No banheiro, rosinhas mini e brancas. Sobre a mesa, um arranjo lindo num vaso que ganhei pouco antes de mudar. Coloquei um disco de jazz para tentar me acalmar. Cozinhar agita.
Quando sentamos à mesa, abri minha cava rosé, Don Ramón, de uma bodega lá da Espanha, feita com uvas trepat. Ela respirou fundo e deixou escapar uma lágrima, na maior discrição. Acho que tinha uma mistura do orgulho das filhas, mas também sinto que foi uma forma de liberar o mínimo da tristeza de não nos ter mais em casa.
Brindamos. Sempre temos o que brindar. Levantamos as taças de cristal, que ela mesma me deu faz alguns dias. Logo depois da entrada, coisa simples, saladinha verde com tomatinho-cereja no sal grosso, eu e Li levantamos para servir o prato principal, que custou a ficar pronto e era absoluta surpresa. Não deixamos nem o cheiro do peixe se espalhar pela casa, por isso as flores perfumadas na sala.
Gostei mais da parte em que perguntaram, interessados, como era a receita. Eu descrevi todas as etapas com charme e detalhes. Contando do açúcar mascavo caramelizado na manteiga, da pimenta-branca ralada na hora, do fio de azeite...
Um toque artesanal parece ter impressionado, na hora da sobremesa, e dado mais força ao jantar. Bati as claras em neve do suflê de goiabada na mão. Detalhe besta esse de ainda não ter uma batedeira, né? Quem ia pensar?
Enfim, o suflê cresceu e ficou brilhoso. Ele, que estava de regime, não ia nem provar, mas acabou comendo metade do ramekin, que, atenção, fui comprar ontem de manhã, especialmente para o jantar.
Mais desapegada às bebidas, que insisto em economizar, servi um Nocello para finalizar, em tacinhas de licor (de cristal) que ganhei de Natal do meu pai.
Boa noite, beijos e abraços apertados. Me enfiei na cozinha para começar a arrumação neurótica. Cama, só na alta madrugada. E os mais doces sonhos.
Eu espalhei flores pela casa. Tem uma orquídea enorme, logo ali no chão, que ganhei de uma amiga. Uma orquídea amarela, micra e meiga, em cima da bancada branca, que ganhei de oura. No banheiro, rosinhas mini e brancas. Sobre a mesa, um arranjo lindo num vaso que ganhei pouco antes de mudar. Coloquei um disco de jazz para tentar me acalmar. Cozinhar agita.
Quando sentamos à mesa, abri minha cava rosé, Don Ramón, de uma bodega lá da Espanha, feita com uvas trepat. Ela respirou fundo e deixou escapar uma lágrima, na maior discrição. Acho que tinha uma mistura do orgulho das filhas, mas também sinto que foi uma forma de liberar o mínimo da tristeza de não nos ter mais em casa.
Brindamos. Sempre temos o que brindar. Levantamos as taças de cristal, que ela mesma me deu faz alguns dias. Logo depois da entrada, coisa simples, saladinha verde com tomatinho-cereja no sal grosso, eu e Li levantamos para servir o prato principal, que custou a ficar pronto e era absoluta surpresa. Não deixamos nem o cheiro do peixe se espalhar pela casa, por isso as flores perfumadas na sala.
Gostei mais da parte em que perguntaram, interessados, como era a receita. Eu descrevi todas as etapas com charme e detalhes. Contando do açúcar mascavo caramelizado na manteiga, da pimenta-branca ralada na hora, do fio de azeite...
Um toque artesanal parece ter impressionado, na hora da sobremesa, e dado mais força ao jantar. Bati as claras em neve do suflê de goiabada na mão. Detalhe besta esse de ainda não ter uma batedeira, né? Quem ia pensar?
Enfim, o suflê cresceu e ficou brilhoso. Ele, que estava de regime, não ia nem provar, mas acabou comendo metade do ramekin, que, atenção, fui comprar ontem de manhã, especialmente para o jantar.
Mais desapegada às bebidas, que insisto em economizar, servi um Nocello para finalizar, em tacinhas de licor (de cristal) que ganhei de Natal do meu pai.
Boa noite, beijos e abraços apertados. Me enfiei na cozinha para começar a arrumação neurótica. Cama, só na alta madrugada. E os mais doces sonhos.
quinta-feira, outubro 2
quarta-feira, outubro 1
:: Às vésperas de um jantar
Hoje saí do jornal agitada. Fico assim quando trabalho muito. Não me incomodo. Fechei uma capa linda, que adorei fazer. Depois, custo para dormir. Hoje, ainda mais, porque ainda fui ao supermercado com a sis.
É assim. Amanhã mamãe faz aniversário e será o primeiro jantar que faremos para ela, aqui em casa. A sis também deve se mudar em uma ou duas semanas. Mamãe banca a durona, mas acho que está sofrendo. Então, tentamos compensar tudo isso, com uma comidinha gostosa, só para ela.
Vamos à minicozinha fazer um robalo grelhado, com pimenta-branca ralada na hora e azeite, purê de banana-da-terra e aspargos verdes na frigideira. Já pensou? Tudo isso, do meu livro-xodo, da Carla Pernambuco, o Balaio de Sabores. Para a sobremesa, não poderia ser diferente: vamos fazer o suflê de goiabada com calda de Catupiry. hum...
Hoje no supermercado tivemos de resmungar para o moço da ala dos peixes, pois o único robalo à venda era uma peça inteira - e gigante (gigante). E ele disse, só vendo inteira. Aproveitamos que era sorridente, para brincar e ver se dava pra dobrar e fazer ele mudar de idéia. Lemos, em coral, sem nada planejado, o painel que tinha ali em cima dos peixes, bem em evidência, que dizia: "estamos aqui para fazer a coisa do jeito que você quer". Era alguma coisa assim. No maior bom humor, riu, e disse tá bom, tá bom.
Cortou o robalo em seis peças com 200 g mais ou menos. Enormes, lindas. Mas fiquei horrorizada com o preço, mais caro que o prato no Carlota, com vinho e sobremesa. Ui. Pagamos. Depois, combinamos de não remoer - porque às vezes a gente remoe mesmo. E foi assim. Cheguei há pouco, descarreguei as compras e já está tudo em ordem para amanhã. Depois eu conto como foi.
Hoje saí do jornal agitada. Fico assim quando trabalho muito. Não me incomodo. Fechei uma capa linda, que adorei fazer. Depois, custo para dormir. Hoje, ainda mais, porque ainda fui ao supermercado com a sis.
É assim. Amanhã mamãe faz aniversário e será o primeiro jantar que faremos para ela, aqui em casa. A sis também deve se mudar em uma ou duas semanas. Mamãe banca a durona, mas acho que está sofrendo. Então, tentamos compensar tudo isso, com uma comidinha gostosa, só para ela.
Vamos à minicozinha fazer um robalo grelhado, com pimenta-branca ralada na hora e azeite, purê de banana-da-terra e aspargos verdes na frigideira. Já pensou? Tudo isso, do meu livro-xodo, da Carla Pernambuco, o Balaio de Sabores. Para a sobremesa, não poderia ser diferente: vamos fazer o suflê de goiabada com calda de Catupiry. hum...
Hoje no supermercado tivemos de resmungar para o moço da ala dos peixes, pois o único robalo à venda era uma peça inteira - e gigante (gigante). E ele disse, só vendo inteira. Aproveitamos que era sorridente, para brincar e ver se dava pra dobrar e fazer ele mudar de idéia. Lemos, em coral, sem nada planejado, o painel que tinha ali em cima dos peixes, bem em evidência, que dizia: "estamos aqui para fazer a coisa do jeito que você quer". Era alguma coisa assim. No maior bom humor, riu, e disse tá bom, tá bom.
Cortou o robalo em seis peças com 200 g mais ou menos. Enormes, lindas. Mas fiquei horrorizada com o preço, mais caro que o prato no Carlota, com vinho e sobremesa. Ui. Pagamos. Depois, combinamos de não remoer - porque às vezes a gente remoe mesmo. E foi assim. Cheguei há pouco, descarreguei as compras e já está tudo em ordem para amanhã. Depois eu conto como foi.
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