segunda-feira, janeiro 11

:: Sobre saúde e família

Ela me trouxe flores bem pequenininhas ontem, num vasinho próprio para deixar na varanda, ao lado do pé de café. São florzinhas roxas, num tom quase lilás. Junto, um cartão que ela mesma escreveu dizendo que torcia para que eu melhorasse. Ele assinava ao lado. Depois fez carinho na minha nuca, bem de leve para eu não reclamar, e buscou um copo d'água gelada, que era a única coisa que conseguia pensar em ingerir.

Papai não me trouxe flores, mas segurou a minha mão de um jeito que a dor quase passou. Depois voltou. Disse que quando eu ficar boa vai fazer uma massinha que vou adorar. A parte de cima dos aspargos você faz no vapor. Compramos aquela panelinha de vapor, disse. A parte de baixo deixei no fogo com creme de leite fresco e depois bati no liquidificador. Melhor: depois ele prepara camarões graúdos, dourados, e serve com a massa. Já pensou?

Vou ter de esperar uma ou duas semanas. Talvez menos. Então, até lá, inventou outra coisa para me distrair e trazer uma certa alegria. Cortou dois cachos de banana que trouxe lá do Bonete, que ele mesmo pegou no meio do mato, como costuma fazer nas temporadas de verão. Sobre a mesa do quintal, que fica embaixo de um teto de vidro e cercada de vasos com rosinhas de todas as cores, ele colocou aquele monte de cachos de banana verde que trouxe da praia. Para mim, pediu para que ela tirasse as mais amareladas, para que eu não tenha de esperar muito para amadurecer.

Agora coloquei na minha fruteira vermelha, no centro da mesa, com o pouco de energia que me resta. Enquanto espero, vou tomar mais um copo d'água gelada e respirar bem profundamente, como disse que tenho de fazer. Depois, aposta que estarei melhor e que vou conseguir rabiscar uma coisa ou outra da matéria da semana.

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