segunda-feira, novembro 5

:: Discoteca brasileira

Eu inventei de fazer jornalismo porque, nos velhos tempos, idolatrava a Patrícia Palumbo, da rádio Eldorado, e queria ser como ela quando eu crescesse. Eu queria ter o meu próprio programa de rádio. E ele ia se chamar "Discoteca Brasileira". Depois, trabalhamos juntas, realizei meu sonho de estúdio, de apertar botões e planejar um roteiro ou outro de programa. Ainda assim, queria ser como ela. Ela pegava os discos de repente, como bem entendia, sem roteiro nenhum, abria os encartes e falava. Simplesmente ela falava ao vivo, uma beleza, aquela voz espetacular, aquela seleção musical sem uma bola fora. Passou um tempo. E então eu não queria ser como ela. Me decepcionei um pouco com esse mundo. Melhor, me desiludi. Fui parar no jornal. Depois, fui aprender a tirar café espresso.

Hoje, escrevo um pouco para o jornal, coordeno estagiárias num outro trabalho, tiro café e discoteco em festas de amigos. Tudo sempre com meus discos prediletos embaixo do braço, pra cá e pra lá. Bem musical. Outro dia mesmo, fiz uma trilha para o Bardot, um cabeleireiro moderninho aqui na Vila Madalena. Eu adoro. O ambiente é uma delícia, os esmaltes são da MAC, tem uma tenda nos fundos toda rústica onde pessoas incríveis fazem massagem a quatro mãos - é algo de outro mundo, a gente some da terra por uns tempos e volta depois, cheia de óleo quente espalhado pelo corpo. A cabeleireira - e dona de tudo aquilo - simplesmente fez o cabelo da Els, do Vive La Fête, quando eles vieram fazer aquele show fantástico aqui. E foi a única que acabou com essa coisa sem graça de fio reto nas minhas madeixas. E então ela me pediu uns discos. E eu fiz. Fiz vários, misturados, com aquelas seqüências pensadas, uma ordem naquela bagunça, na diversidade. Eles estão fluindo que é uma beleza, equilibram os tipos de música muito bem, sempre com o estilo de lá, claro.

E aí, mudando de assunto, hoje é aniver de uma amiga minha. E ela é uma das coisas mais importantes da vida. Aí fiquei pensando num presente. E sempre é muito difícil. Blusinhas? Acessórios? Cadernos? Eu tinha decidido que queria dar uma coisa para a casa nova - quando houver. Eu queria alguma coisa que trouxesse muita alegria sempre. Um vaso colorido daqueles classudíssimos da Benedixt (escreve assim?) para ter flores sempre brilhando naquele sol da tarde (se estiver na sala) ou da manhã (se estiver na cozinha). Fico inventando a posição das coisas e do sol... E então desisti. Porque, depois de falar com ela no telefone pela milésima vez no dia, ela disse que queria os "discos básicos de MPB".

Isso que é muita alegria. Poder ir na Pop's neste final de dia chuvoso, depois de unhas feitas, cabeleira arrumadinha, para fuçar os discos mais incríveis da “Discoteca Brasileira” básica. Aí, por todo isso, lembrei do meu quem-sabe-programa-de-rádio e bateu aquela vontade de fazer existir. Hoje eu vou começar pelo essencial. Pelo meu essencial.

6 comentários:

Mariana Tassinari disse...

nao sei porque mas senti que eu estaria de alguma forma presente no seu blog hoje. e fiquei muito feliz quando confirmei isso! e o mais incrivel eh que logo antes de entrar nele estava olhando meus cds novos que ganhei e pensando: incriveis, era exatamente isso que eu queria! porque nessa fase dificil com musica, que so voce sabe, era deles que eu estava precisando. esses que sao "basicos"...!

Diogo disse...

vamos refazer, o discoteca brasileira 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, .....?

Felipe Marini disse...

Puxa vida, que legal! Adorei esse post!
Posso dar uma sugestão??!
Por que vc não faz o programa de radio? Faz um podcast de mes em mes e posta aqui no De menininhas!
Sei que falar é fácil e não entendo nada de fazer podcasts, mas se precisar de ajuda, juro que eu te ajudo a descobrir como fazer! Que acha??

Marcio disse...

quer fazer um lá na rádio ccsp com a discoteca de lá?

lufec disse...

ma, eu entendo muito e essa é a melhor parte - a parte que a gente sempre se entende.

di, vamos super. precisamos, ne? tanta coisa nova...

phé, foi fofo isso. a vida muda muito quando as pessoas apoiam e incentivam.

marcito, isso é papo sério. como assim? conversa comigo direito? pelamor. (ah, de novo, adoro que vc vem aqui, sempre me surpreende...)

Marcio disse...

papo sério. me liga para conversar.