quinta-feira, novembro 22

:: Para você, o que você gosta

Eu não sou das mais fãs de Marisa Monte. Nunca fui. Mas acho ela uma gênia para escolher os parceiros e os repertórios dos discos. O que eu gosto 100% (e único que tenho original), é o "Mais". Deve ter um pouco a ver com o momento em que eu ouvia. Uma coisa de pré-adolescente com aqueles milhões de problemas, mas com momentos de felicidade suprema para equilibrar. Com certeza tem a ver com isso.

Outro dia, resolvi ouvir no carro um daqueles discos que montei pro Bardot (aquele incrível cabeleireiro da Vila Madalena). E lá estava "Diariamente", que eu sempre jurei que tinha letra de Arnaldo Antunes, mas não. Quem escreveu foi o Nando Reis.

E então eu entrei numa viagem deliciosa ao passado de quando eu estava na escola. Quando eu era pequena, eu amava as aulas de matemática e de educação física. E odiava química (que ainda estava dentro da matéria "ciências") e artes. Eu odiava aula de artes porque nunca soube desenhar. Eu nunca soube pintar. Eu nunca soube fazer nada de argila.

Mas, no meio disso tudo, teve uma aula que não vou esquecer mais. Ouvimos "Diariamente". Uma. Duas. Três vezes. Naquela sala deliciosa, inteira de vidro, com piso de cimento queimado e mesonas - podíamos nos debruçar sobre. Tínhamos de prestar atenção na letra e mergulhamos todos juntos naquilo. Lembro do sol que batia.

Depois, a proposta era desenhar (ou qualquer coisa desse mundo complexo da arte) alguma coisa que tivesse a ver com a música. Nessa hora, eu travei. Todos os meus rabiscos saiam abaixo da minha média de perfeccionista. Uma das minhas melhores amigas fez um trabalho lindo de morrer de um jacaré preso numa calota. Filha de artista, claro.

Foi assim. Fui andando de carro e aumento o som e a história voltou inteira e eu vivi tudo de novo.

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