:: Do jeito dela
Ela finalmente me convidou para ir à sua casa. Um dia, depois de muita insistência, confessou que o problema era o banheiro. O banheiro marrom. Tudo isso porque um dia, quando resolvi mudar radicalmente os meus banheiros, tinha dito: "tudo, menos banheiro marrom". Ainda penso assim. Acho que ela não entendeu que, banheiro marrom, sempre é uma escolha do outro, nunca da gente. E a casa, claro, não é dela. E o proprietário, que dúvida, escolheu vasos e azulejos em tons de marrom - tons de marrom, vejam.
Eu entrei de cabeça baixa, com o espumante na mão esquerda. Dei um meio abraço e pedi, por favor, para ver o banheiro. Depois, fui conhecer a casinha, linda, que tem uma janela na altura da copa da árvore, que fica na calçada.
Sentei no chão, num cantinho, um pouco tímida diante dos amigos que não conheço bem e fiquei observando os discos no armário que sustenta a TV. Todos em desordem. E então, esperei o momento em que ela começou a descrever com detalhes os quitutes que estavam sobre a mesa, decorados com florzinhas coloridas e um vaso de lisanthus brancos, suas preferidas.
Ela contou sobre a torta de tomates confitados com queijo e melado de romã. E repetia: "melado de romã, Lulu". Aí vinham os brioches, as pequenas foccacias com alecrim, o pãozinho rústico de nozes e damasco, o salmão marinado, o pão-de-festa, os delicados barquinhos de tapioca com queijo, saindo do forno, com aquele perfume pela casa, o brie com geléia de framboesa (que ela acabou de trazer, na própria mala, de Paris). E então as frutas vermelhas - e ele nunca, nunca tinha comido uma cereja na vida. O suco de lichia. Os espumantes para os brindes (um, dois, três).
Os brindes. Sempre os brindes.
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3 comentários:
hummm, festinha na casa de maria eugênia, me parece...
EU SEI O QUE É TER UM BANHEIRO MARROM!!!!!!!!! E posso dizer que, depois de mais de 4 anos de convivência, nossa relação definitivamnte chegou ao fim.
eu fiquei triste
queria ter sido convidada
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