:: Pequenos prazeres
Coisa linda que eu ganhei:
domingo, março 28
:: Quero-quero
Ando atrasada com blogues da Gi Gueiros, confesso. Mas, sabe, hoje fui dar uma geral e ler posts antigos e achei esse aqui. Tão fofita essa propaganda do Google. Me deu saudade de sentar com ela nos restaurantezinhos de NY para falar da vida. Comofaz?
Ando atrasada com blogues da Gi Gueiros, confesso. Mas, sabe, hoje fui dar uma geral e ler posts antigos e achei esse aqui. Tão fofita essa propaganda do Google. Me deu saudade de sentar com ela nos restaurantezinhos de NY para falar da vida. Comofaz?
:: Círculo
Saí de casa ontem antes das oito da manhã. Sexta, dormi tarde. E então fui à mecânica, ao inglês, ao plantão, no jornal. Em seguida, fui jogar conversa fora e comer um negócio numa cantina. Um picolé de pistache da Diletto no caminho para o Sesc Pompeia enquanto a gente ouvia Letuce bem alto e cantava junto.
Não sei como ele me convenceu de ir ao show. Minha cara estava inchada e eu só queria tomar banho e ouvir Caetano para dormir. Cheguei de cabeça baixa, para não falar com ninguém. Mas, que azar, encontrei tanta, tanta, tanta gente que tive de aceitar - e até sorrir. Mas dizem que sorrir funciona nessas horas e até ajuda.
Fora os amigos, tinha uma penca de músicos na plateia da choperia, só para ouvir a recifense. Olha: Lucas Santtana, Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci, Iará Rennó, Thalma de Freitas, Anelis Asumpção, o DJ Tutu, Thiago Petit, Catatau e por aí vai. A garota é boa. Não é ou não é?
Saí de casa ontem antes das oito da manhã. Sexta, dormi tarde. E então fui à mecânica, ao inglês, ao plantão, no jornal. Em seguida, fui jogar conversa fora e comer um negócio numa cantina. Um picolé de pistache da Diletto no caminho para o Sesc Pompeia enquanto a gente ouvia Letuce bem alto e cantava junto.
Não sei como ele me convenceu de ir ao show. Minha cara estava inchada e eu só queria tomar banho e ouvir Caetano para dormir. Cheguei de cabeça baixa, para não falar com ninguém. Mas, que azar, encontrei tanta, tanta, tanta gente que tive de aceitar - e até sorrir. Mas dizem que sorrir funciona nessas horas e até ajuda.
Fora os amigos, tinha uma penca de músicos na plateia da choperia, só para ouvir a recifense. Olha: Lucas Santtana, Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci, Iará Rennó, Thalma de Freitas, Anelis Asumpção, o DJ Tutu, Thiago Petit, Catatau e por aí vai. A garota é boa. Não é ou não é?
:: Alegria, Alegria
A gente dançava tanto no carro, depois do show da Karina Buhr, que tudo parecia muito alegre. Mas depois a gente confessou, um pro outro, não vejo a hora de chegar em casa e dar uma choradinha. A gente até riu. No jornal era assim. Um olhava ro outro: dá licença, vou ali no banheiro dar uma choradinha e já volto. E aí passava!
Ontem, não sei se passou, mas dei um disco pra ele, que gravei no fim do ano com músicas para "não se irritar no trânsito". Espero que músicas felizes funcionem.
A gente dançava tanto no carro, depois do show da Karina Buhr, que tudo parecia muito alegre. Mas depois a gente confessou, um pro outro, não vejo a hora de chegar em casa e dar uma choradinha. A gente até riu. No jornal era assim. Um olhava ro outro: dá licença, vou ali no banheiro dar uma choradinha e já volto. E aí passava!
Ontem, não sei se passou, mas dei um disco pra ele, que gravei no fim do ano com músicas para "não se irritar no trânsito". Espero que músicas felizes funcionem.
:: Caderno de notas
Karina Buhr cantou lindamente no show de hoje e quase foi capaz de me encher de alegria. Me levou para a história daquele corpo mexendo tão livremente sobre o palco. Me ajudou a montar histórias novas sobre a vida. E a chacoalhar um pouquinho também. Mesmo com aquela roupa surrada, do dia todo, mesmo com aquele calor que incomoda. Mas, de repente, ela mesma disse que esperança cansa. E, de repente, estragou tudo. Ou quase tudo. Melhor assim. Quase.
Karina Buhr cantou lindamente no show de hoje e quase foi capaz de me encher de alegria. Me levou para a história daquele corpo mexendo tão livremente sobre o palco. Me ajudou a montar histórias novas sobre a vida. E a chacoalhar um pouquinho também. Mesmo com aquela roupa surrada, do dia todo, mesmo com aquele calor que incomoda. Mas, de repente, ela mesma disse que esperança cansa. E, de repente, estragou tudo. Ou quase tudo. Melhor assim. Quase.
:: Manual
Tem coisas, na vida, que se a gente não registra para consultar em momentos de aperto, passam, a gente esquece. Por isso quando eu choro lembro do que ele vivia me dizendo. Respire bem fundo. Pelo menos dez vezes. E então eu não conseguia na primeira, na segunda, nem na terceira. Mas na quarta a coisa começava a sair. E, quando eu reparava, enquanto ele continuava repetindo baixinho, eu ia respirando beeem comprido e ficava mais calma. Às vezes mais, às vezes menos. Hoje também ouço Circlesong 3, do Bobby Mcferrin, Quartando, do Androgyne, todos os discos do Juarez Maciel, e, quando aguento, Caetano. E então é como se envaziasse tudo dentro de mim e, depois de uns minutos de dor profunda, eu conseguisse me encher novamente, devagar. Me encher de coisas melhores. Bem aos poucos.
Tem coisas, na vida, que se a gente não registra para consultar em momentos de aperto, passam, a gente esquece. Por isso quando eu choro lembro do que ele vivia me dizendo. Respire bem fundo. Pelo menos dez vezes. E então eu não conseguia na primeira, na segunda, nem na terceira. Mas na quarta a coisa começava a sair. E, quando eu reparava, enquanto ele continuava repetindo baixinho, eu ia respirando beeem comprido e ficava mais calma. Às vezes mais, às vezes menos. Hoje também ouço Circlesong 3, do Bobby Mcferrin, Quartando, do Androgyne, todos os discos do Juarez Maciel, e, quando aguento, Caetano. E então é como se envaziasse tudo dentro de mim e, depois de uns minutos de dor profunda, eu conseguisse me encher novamente, devagar. Me encher de coisas melhores. Bem aos poucos.
quinta-feira, março 25
:: A comida no meio de tudo
Engraçado. Hoje no jornal, virou piada essa coisa de eu dar um jeitinho de enfiar o assunto "comida" no meio de tudo quanto é matéria que resolvo escrever. Mas, sabe, não tem nada planejado não. É coisa que acontece naturalmente, são coisas que me chamam a atenção sem esforço. E tem coisa mais gostosa do que falar sobre uma pessoa contando também o que ela gosta de comer?
Uns trechos:
"Filho de antropólogo e psicóloga, ele passou quase três horas na mesa de um bar falando à Folha. Entre mordidas de cheese salada e goles de suco de laranja ("não bebo álcool"), surgiam as teorias sobre música erudita, popular e eletrônica. Lembrou dos instrumentos de sucata que fez na infância e do primeiro disco que comprou, "Titanomaquia" (1993), dos Titãs."
***
"Da vida pessoal, fala pouco. Mas tem coisa que não dá para esconder. Recebeu a Folha no lugar predileto de sua casa: a cozinha. E é lá que recebe os amigos da "comunidade de músicos" com o 'panelão de barro'".
***
"Sorvete de chocolate e café coado sobre a mesa. Em volta, os seis integrantes (todos de 21 anos) da banda paulistana Memórias de um Caramujo relembram as histórias que os levaram à sua primeira temporada de shows"
Engraçado. Hoje no jornal, virou piada essa coisa de eu dar um jeitinho de enfiar o assunto "comida" no meio de tudo quanto é matéria que resolvo escrever. Mas, sabe, não tem nada planejado não. É coisa que acontece naturalmente, são coisas que me chamam a atenção sem esforço. E tem coisa mais gostosa do que falar sobre uma pessoa contando também o que ela gosta de comer?
Uns trechos:
"Filho de antropólogo e psicóloga, ele passou quase três horas na mesa de um bar falando à Folha. Entre mordidas de cheese salada e goles de suco de laranja ("não bebo álcool"), surgiam as teorias sobre música erudita, popular e eletrônica. Lembrou dos instrumentos de sucata que fez na infância e do primeiro disco que comprou, "Titanomaquia" (1993), dos Titãs."
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"Da vida pessoal, fala pouco. Mas tem coisa que não dá para esconder. Recebeu a Folha no lugar predileto de sua casa: a cozinha. E é lá que recebe os amigos da "comunidade de músicos" com o 'panelão de barro'".
***
"Sorvete de chocolate e café coado sobre a mesa. Em volta, os seis integrantes (todos de 21 anos) da banda paulistana Memórias de um Caramujo relembram as histórias que os levaram à sua primeira temporada de shows"
quarta-feira, março 24
:: O piano, o jazz e... Art Tatum
Não sei por que diabos demorei tanto para ir atrás de tudo quanto é música do Art Tatum. Já tinha ouvido aqui e ali, mas essa busca detalhada, de ouvir disco por disco, só agora, depois que ganhei um vinil dele do papai e escutei, atentamente, durante uma tarde inteirinha.
E não é mesmo à toa que o pianista que influenciou Coltrane, Oscar Peterson, Charlie Parker e Herbie Hancock subiu para a lista dos meus prediletos assim, de uma hora para outra. E, muito provavelmente, é onde ele vai ficar.
Não sei por que diabos demorei tanto para ir atrás de tudo quanto é música do Art Tatum. Já tinha ouvido aqui e ali, mas essa busca detalhada, de ouvir disco por disco, só agora, depois que ganhei um vinil dele do papai e escutei, atentamente, durante uma tarde inteirinha.
E não é mesmo à toa que o pianista que influenciou Coltrane, Oscar Peterson, Charlie Parker e Herbie Hancock subiu para a lista dos meus prediletos assim, de uma hora para outra. E, muito provavelmente, é onde ele vai ficar.
quinta-feira, março 18
:: Cantada
Hoje recebi a pior cantada, ela disse. E contou que estava no farol e uma mulher jogou, dentro do carro dela, umas balas que os meninos vendiam ali na rua. Mas não quero balas. "Foi o menino do carro do lado que mandou", a moça gritou. E ela está assim, meio pra baixo, vê se pode. "Ninguém me manda flores, só bala de farol."
Hoje recebi a pior cantada, ela disse. E contou que estava no farol e uma mulher jogou, dentro do carro dela, umas balas que os meninos vendiam ali na rua. Mas não quero balas. "Foi o menino do carro do lado que mandou", a moça gritou. E ela está assim, meio pra baixo, vê se pode. "Ninguém me manda flores, só bala de farol."
:: Cheirinhos e barulhinhos
Papai voltou do sítio dia desses, depois do fim de semana. Trouxe com ele um monte de coisas para me dar. Caquis perfumados, colhidos do pé. Fez um saquinho só pra mim, com caquis bem maduros, com a casca quase rompida, caquis amadurecendo e caquis verdes. Assim terei caquis por uma semana.
O melhor é esse perfume que invade a casa.
No outro braço, trouxe vinis que garimpou de sua coleção. Papai sempre ouviu muita música. Comprava vinis igualzinho faço hoje. Leva horas fuçando e pensando no que vai comprar. E então, depois, é aquela coisa. Cada um tem a sua história e ele não esquece jamais. Não deixa passar nenhum detalhe.
Quando contei que tinha ganhado uma linda vitrolinha vermelha do meu amor, papai disse que ia me trazer os vinis que havia levado para o sítio. Desta vez, trouxe a primeira leva e fez questão de sentar comigo, depois do jantar (macarrão frio com tomatinho-cereja, manjericão do jardim e mussarela de búfala - regado com um azeite espanhol picante de dar gosto) e passar capa por capa.
Chegou a se emocionar.
Qualquer dia desses, vou registrar aqui o que apareceu de bom. Ansiosa para ouvir, com calma, todos eles... Chick Corea, Cartola, Baden, Chico e por aí vai. Até arrepia.
Papai voltou do sítio dia desses, depois do fim de semana. Trouxe com ele um monte de coisas para me dar. Caquis perfumados, colhidos do pé. Fez um saquinho só pra mim, com caquis bem maduros, com a casca quase rompida, caquis amadurecendo e caquis verdes. Assim terei caquis por uma semana.
O melhor é esse perfume que invade a casa.
No outro braço, trouxe vinis que garimpou de sua coleção. Papai sempre ouviu muita música. Comprava vinis igualzinho faço hoje. Leva horas fuçando e pensando no que vai comprar. E então, depois, é aquela coisa. Cada um tem a sua história e ele não esquece jamais. Não deixa passar nenhum detalhe.
Quando contei que tinha ganhado uma linda vitrolinha vermelha do meu amor, papai disse que ia me trazer os vinis que havia levado para o sítio. Desta vez, trouxe a primeira leva e fez questão de sentar comigo, depois do jantar (macarrão frio com tomatinho-cereja, manjericão do jardim e mussarela de búfala - regado com um azeite espanhol picante de dar gosto) e passar capa por capa.
Chegou a se emocionar.
Qualquer dia desses, vou registrar aqui o que apareceu de bom. Ansiosa para ouvir, com calma, todos eles... Chick Corea, Cartola, Baden, Chico e por aí vai. Até arrepia.
sábado, março 13
:: Pequenos prazeres
Ela reparou que outro dia eu não andava no melhor dos humores. Não era exatamente mau humor. Ela sabia. Por isso na sexta me trouxe uma surpresa, dessas de comer, que tem uma historinha por trás e tal. Uma trança feita com massa de panetone, vendida lá na Di Cunto. Ela diz, nem tudo na Di Cunto é bom, mas essa trança. Verdade. A trança é macia, tem um leve gosto adocicado, deixa aquela vontade de repetir, quando acaba. Mas ainda não fiz o que ela ensinou: coloque na chapa com manteiga. Já pensou?
Ela reparou que outro dia eu não andava no melhor dos humores. Não era exatamente mau humor. Ela sabia. Por isso na sexta me trouxe uma surpresa, dessas de comer, que tem uma historinha por trás e tal. Uma trança feita com massa de panetone, vendida lá na Di Cunto. Ela diz, nem tudo na Di Cunto é bom, mas essa trança. Verdade. A trança é macia, tem um leve gosto adocicado, deixa aquela vontade de repetir, quando acaba. Mas ainda não fiz o que ela ensinou: coloque na chapa com manteiga. Já pensou?
:: Frases
Quanto mais a gente trabalha e convive mais engraçada a coisa fica - ou mais caótica ou mais trágica. Algumas frases na firma:
Quem vai falar que meus dentes estão sujos?
Mulher com mulher é bom porque elas ficam discutindo a relação.
...É que celebridade morre na sexta, no sábado, no domingo...
Você pode fazer um favor pra mim? Depende. Você tá de vestido?
Vou ali dar uma cagadinha e já volto.
No sábado de manhã:
Me dá um gole do seu Redbull?
Não se pede gole de Redbull.
Vamos na padaria comprar um Redbull?
Quanto mais a gente trabalha e convive mais engraçada a coisa fica - ou mais caótica ou mais trágica. Algumas frases na firma:
Quem vai falar que meus dentes estão sujos?
Mulher com mulher é bom porque elas ficam discutindo a relação.
...É que celebridade morre na sexta, no sábado, no domingo...
Você pode fazer um favor pra mim? Depende. Você tá de vestido?
Vou ali dar uma cagadinha e já volto.
No sábado de manhã:
Me dá um gole do seu Redbull?
Não se pede gole de Redbull.
Vamos na padaria comprar um Redbull?
sexta-feira, março 12
quinta-feira, março 11
terça-feira, março 9
:: Cidade do interior
Verdade, sou das cidades grandes e cheias de coisas para fazer. Mas vejo sim certo romantismo nas cidadezinhas do interior, na sorveteria do bairro, nos pequenos mercados, nos encontros. Talvez seja um estado de espírito, mas, ultimamente, tenho visto romantismo até nos detalhes do dia a dia. Chega a ser cafona. Eu sei.
Hoje caminhei ali do metrô até o cantinho novo dele. Engraçado, eu, tão medrosa, cheguei a esquecer que estava no meio do centro, andando sobre calçadas sujas e malcheirosas. Logo que você salta do ônibus pisa num plano extenso, como uma praça do interior. Já é hora do jantar e estamos na terça-feira, mas ali está agitado como se fosse sábado. Como se fosse algum horário qualquer depois do jantar. Meninas de saia e batom, meninos de camisa com o primeiro, segundo e terceiro botões abertos.
E então você caminha com um ou outro livro na mão, como se estivesse voltando da escola. Um garoto chega numa rodinha de amigos e dá um oi risonho. A garota está ali na banca, de olho nas revistas de fofoca. Uma banca grande e iluminada, na calçada de paralelepípedo, em frente a uma árvore robusta, que deve dar frutos lá pelas tantas.
A luz na praça não é forte nem fraca, mas em volta das luminárias públicas ficam aqueles bichinhos irritantes, voando freneticamente. E uma música vem do bar dali do outro lado da rua. Na rua ali adiante dá pra reparar o movimento. Tem um bar ao lado do outro, com mesinhas na calçada e pessoas caminhando do outro lado da rua, voltando do trabalho, que lhes tomou o dia (isso tá certo? lhes tomou o dia?).
Você vai caminhando, com os mesmos livros debaixo dos braços, passos mais lentos. E logo ali, ao lado daqueles senhores que ficam o dia jogando damas em mesinhas que eles mesmo improvisam na praça sobre os paralelepípedos, tem uma igreja. Claro, uma igreja. Se não não seria uma cidadezinha do interior. Dá para entender. Uma construção antiga, com vitrais que fazem a gente parar e observar. E o sino toca sempre às seis da tarde. Na época da mudança do horário de verão, virou piada, o sino seguiu tocando às seis, mas não eram mais seis, eram cinco.
Uns passos a frente e tem dois pequenos mercados, produtos genéricos, uma padaria, um boteco que deve atrair a turma do futubol nos dias de jogo e vende fiado em casos especiais, aos vizinhos. Aí você chega em casa. Você chega e repara que, do seu lado da cama, agora tem um daqueles caixotes de madeira e um abajur. Um caixote de madeira meio velho que tem seu charme e dá sequência ao clima interiorano que gosto de sentir quando estou aqui. Ele preparou assim só pra mim. Improvisou um criado-mudo para que eu possa ler antes de dormir. Lembra dos livros debaixo do braço?
Depois esquenta o queijo na frigideira, coloca gelo num copo alto e enche de Coca, bem como eu gosto. Me serve delicadamente enquanto vejo um pedaço da novela da rede. Depois me dá um beijo. E eu digo o quanto gosto dele. Tem sido assim.
Verdade, sou das cidades grandes e cheias de coisas para fazer. Mas vejo sim certo romantismo nas cidadezinhas do interior, na sorveteria do bairro, nos pequenos mercados, nos encontros. Talvez seja um estado de espírito, mas, ultimamente, tenho visto romantismo até nos detalhes do dia a dia. Chega a ser cafona. Eu sei.
Hoje caminhei ali do metrô até o cantinho novo dele. Engraçado, eu, tão medrosa, cheguei a esquecer que estava no meio do centro, andando sobre calçadas sujas e malcheirosas. Logo que você salta do ônibus pisa num plano extenso, como uma praça do interior. Já é hora do jantar e estamos na terça-feira, mas ali está agitado como se fosse sábado. Como se fosse algum horário qualquer depois do jantar. Meninas de saia e batom, meninos de camisa com o primeiro, segundo e terceiro botões abertos.
E então você caminha com um ou outro livro na mão, como se estivesse voltando da escola. Um garoto chega numa rodinha de amigos e dá um oi risonho. A garota está ali na banca, de olho nas revistas de fofoca. Uma banca grande e iluminada, na calçada de paralelepípedo, em frente a uma árvore robusta, que deve dar frutos lá pelas tantas.
A luz na praça não é forte nem fraca, mas em volta das luminárias públicas ficam aqueles bichinhos irritantes, voando freneticamente. E uma música vem do bar dali do outro lado da rua. Na rua ali adiante dá pra reparar o movimento. Tem um bar ao lado do outro, com mesinhas na calçada e pessoas caminhando do outro lado da rua, voltando do trabalho, que lhes tomou o dia (isso tá certo? lhes tomou o dia?).
Você vai caminhando, com os mesmos livros debaixo dos braços, passos mais lentos. E logo ali, ao lado daqueles senhores que ficam o dia jogando damas em mesinhas que eles mesmo improvisam na praça sobre os paralelepípedos, tem uma igreja. Claro, uma igreja. Se não não seria uma cidadezinha do interior. Dá para entender. Uma construção antiga, com vitrais que fazem a gente parar e observar. E o sino toca sempre às seis da tarde. Na época da mudança do horário de verão, virou piada, o sino seguiu tocando às seis, mas não eram mais seis, eram cinco.
Uns passos a frente e tem dois pequenos mercados, produtos genéricos, uma padaria, um boteco que deve atrair a turma do futubol nos dias de jogo e vende fiado em casos especiais, aos vizinhos. Aí você chega em casa. Você chega e repara que, do seu lado da cama, agora tem um daqueles caixotes de madeira e um abajur. Um caixote de madeira meio velho que tem seu charme e dá sequência ao clima interiorano que gosto de sentir quando estou aqui. Ele preparou assim só pra mim. Improvisou um criado-mudo para que eu possa ler antes de dormir. Lembra dos livros debaixo do braço?
Depois esquenta o queijo na frigideira, coloca gelo num copo alto e enche de Coca, bem como eu gosto. Me serve delicadamente enquanto vejo um pedaço da novela da rede. Depois me dá um beijo. E eu digo o quanto gosto dele. Tem sido assim.
:: Cafezinho
Ando mesmo com o coração meio apertado porque não dou conta de fazer tudo que gostaria. Na vida. Minha agenda tem isso e aquilo e mais aquilo. Mas não dá. Ontem ela me disse uma porção de vezes para ver se entra na minha cabeça. Não dá, Lu. Repetia. Por isso que mais uma vez não consegui participar do workshop que certifica os juízes do Campeonato Brasileiro de Barista. E mais uma vez não consegui ir ao campeonato, lá no Mercadão. Paciência.
Por isso que o dia amanhece e sinto até um quentinho quando abro a "Espresso" que chegou ontem. É mesmo a minha revista querida, do coração. Deliciosa de ler e passar as páginas olhando só as fotos e depois voltar e começar de novo. Ler uma nota e uma matéria e depois voltar. Ler mais um tiquinho naquela página ali. Um presente.
Hoje foi assim. Café com leite no sofá, musiquinha de fundo, "Espresso" sobre as pernas cruzadas como um indiozinho. Fiquei recordando o curso de cafés caseiros que fiz outro dia no Coffee Lab, com a Isabela Raposeiras. Ouvi de novo um monte de coisa que eu sabia, mas é diferente. Você sempre aprende alguma coisa nova e deliciosa e fixa os demais conhecimentos.
E então fiquei aqui pensando que preciso voltar a receber meus amigos em casa com mais frequência. Quando mudei, era sempre assim, um chá, um café. Assim ou assado. Coisa boa. Se eu voltar a ficar mais tempo em casa, coisa improvável, é capaz que tome coragem para fazer comprinhas que quero tanto. Aquele moinho micro, caseiro, para moer os grãos de café antes de prepará-lo. Já pensou? Aquele cheirinho de café no ar? E aí quero comprar também, muito, muito, a aeropress. Dali sai um café especialíssimo. Depois conto mais. Minha professora acabou de chegar. Tchau!
Ando mesmo com o coração meio apertado porque não dou conta de fazer tudo que gostaria. Na vida. Minha agenda tem isso e aquilo e mais aquilo. Mas não dá. Ontem ela me disse uma porção de vezes para ver se entra na minha cabeça. Não dá, Lu. Repetia. Por isso que mais uma vez não consegui participar do workshop que certifica os juízes do Campeonato Brasileiro de Barista. E mais uma vez não consegui ir ao campeonato, lá no Mercadão. Paciência.
Por isso que o dia amanhece e sinto até um quentinho quando abro a "Espresso" que chegou ontem. É mesmo a minha revista querida, do coração. Deliciosa de ler e passar as páginas olhando só as fotos e depois voltar e começar de novo. Ler uma nota e uma matéria e depois voltar. Ler mais um tiquinho naquela página ali. Um presente.
Hoje foi assim. Café com leite no sofá, musiquinha de fundo, "Espresso" sobre as pernas cruzadas como um indiozinho. Fiquei recordando o curso de cafés caseiros que fiz outro dia no Coffee Lab, com a Isabela Raposeiras. Ouvi de novo um monte de coisa que eu sabia, mas é diferente. Você sempre aprende alguma coisa nova e deliciosa e fixa os demais conhecimentos.
E então fiquei aqui pensando que preciso voltar a receber meus amigos em casa com mais frequência. Quando mudei, era sempre assim, um chá, um café. Assim ou assado. Coisa boa. Se eu voltar a ficar mais tempo em casa, coisa improvável, é capaz que tome coragem para fazer comprinhas que quero tanto. Aquele moinho micro, caseiro, para moer os grãos de café antes de prepará-lo. Já pensou? Aquele cheirinho de café no ar? E aí quero comprar também, muito, muito, a aeropress. Dali sai um café especialíssimo. Depois conto mais. Minha professora acabou de chegar. Tchau!
quarta-feira, março 3
:: Antigamente
Já meu querido amigo artista (assim, com o "r" puxado, bem caipira, como a gente gosta), lá da época da infância, escreveu outro dia com o e-mail que ele recebe vez ou outra do Dean & Deluca copiado embaixo. Só pra dar vontade. Porque bate uma coisa meio Felicity mesmo. E aí? Quem não quer fazer compras no Dean & Deluca e depois ir a pé para casa, com casaco de frio, preparar um jantarzinho para os amigos... em NY? Quem?
Dessa vez foi melhor. A gente não fala mais a língua do "o", que era a nossa predileta de todas as línguas, a predileta, mas a gente comemora junto o mês do amendoin. Lu-xo.
"Deu saudade de você e sempre que chega isso pra mim eu lembro... E não podia deixar passar o Mês Nacional do Amendoin. Porque né?!
Beijo, vamos almoçar no Pub Key qualquer dia?"
Já meu querido amigo artista (assim, com o "r" puxado, bem caipira, como a gente gosta), lá da época da infância, escreveu outro dia com o e-mail que ele recebe vez ou outra do Dean & Deluca copiado embaixo. Só pra dar vontade. Porque bate uma coisa meio Felicity mesmo. E aí? Quem não quer fazer compras no Dean & Deluca e depois ir a pé para casa, com casaco de frio, preparar um jantarzinho para os amigos... em NY? Quem?
Dessa vez foi melhor. A gente não fala mais a língua do "o", que era a nossa predileta de todas as línguas, a predileta, mas a gente comemora junto o mês do amendoin. Lu-xo.
"Deu saudade de você e sempre que chega isso pra mim eu lembro... E não podia deixar passar o Mês Nacional do Amendoin. Porque né?!
Beijo, vamos almoçar no Pub Key qualquer dia?"
:: Pequenas alegrias
Alguns e-mails chegam para alegrar minhas manhãs. Outro dia, que graça, escreveu um recadinho breve, mais ou menos assim:
"quando li de marzipã e chocolate na matéria do finado mindlin e, logo abaixo, o seu nome bem pequenininho, pensei 'rá!' (o seu). à noite, em casa, vejo que o 'rá' não tinha falhado."
Alguns e-mails chegam para alegrar minhas manhãs. Outro dia, que graça, escreveu um recadinho breve, mais ou menos assim:
"quando li de marzipã e chocolate na matéria do finado mindlin e, logo abaixo, o seu nome bem pequenininho, pensei 'rá!' (o seu). à noite, em casa, vejo que o 'rá' não tinha falhado."
:: Um ruidinho manso
Sobe. Sobe que eu pago o seu estacionamento, ele disse. Já fazia uma ou duas semanas inteirinhas que fazia mistério com um presente que ia chegar pelo correio _e íamos aproveitar juntos, dizia. Você tem direito a três chutes. Três chutes? Mas eu gosto de jogo de adivinha. Tá. Direito a três perguntas, então.
- Que cor é?
- Vermelho e preto
- É assim ou maior? - mostrando um tanto com as mãos, do tamanho de um livro padrão.
- Maior.
- E o que você tem que me dar junto? - porque tinha dito, dias antes, é um presente que precisa de outros presentes.
- Isso não posso responder.
E então fiquei calada. Ele esperou. Mais um minuto. E levantou. Vou tirar a música para você se concentrar mais. E caminhou até a vitrola, ali na frente do sofá onde estávamos sentados. Mexeu no toca-discos. Fez que desligou. E desligou mesmo. Mas a música continuou. E vinha mais daquele cantinho dali da esquerda, perto da rede da varanda. E a caixa de som lá do outro lado.
Fui espiar. Um disco girando sobre uma vitrolinha vermelha, pequetucha, bonitica de mais. Tanto, tanto, que nem sei dizer. Nem deu pra respirar direito diante daquilo. Ele me presenteando com as músicas e seus ruidinhos _ruidinhos de que tanto gostamos. Ele me presenteando com um objeto que vai nos deixar ainda mais próximos nas caminhadas entre sebos e feiras de antiguidade pelas ruas e praças, para ficar horas ali fuçando aquele caixote de discos, na ala de música brasileira, ou aqueles outros ali, com os meus prediletos do jazz. Ui.
E não tinha acabado. Você pode escolher qualquer um dos meus vinis pra você, de presente. Qualquer um? Qualquer um. Depois de escolher, vou te dar mais cinco, dos meus. E então, ansiosa diante daqueles discos todos, fui vendo um por um. Um por um. Agradecendo aos céus que ele ainda não tinha organizado os artistas em ordem alfabética, enquanto eu desorganizava ainda mais todos eles.
Fiz uma pilhinha do lado direito com os prediletos. Um deles, antes de acabar a difícil missão de escolher um, unzinho, ele pegou e esticou os braços até as minhas pernas, cruzadas ali no chão da sala, como uma indiazinha. Caetano Veloso, o disco branco, com "Irene" e afins. Esse já era seu porque sempre lembro de você quando ouço.
E aí, a pilhinha pronta, com Nina, Baden, Tim Maia, Louis, Caetano, Chico. Ui. E eu precisava escolher um. Reduzi a pilha: Time Out, do Brubeck, e Temporada de Verão, dos meus queridos brasileiros. Ele puxou Temporada de Verão: se você não escolher esse, apontando para Dave Brubeck, não vai levar nenhum. E eu escolhi. Já tava feito. Peguei, beijei, quase abracei. O disco. Depois ele. E de novo. E de novo.
Depois veio o ritual dele escolher mais cinco para me dar. Mais cinco discos da coleção dele. Quando vou esquecer de uma coisa dessa? Quando? Fez charme, separou um, outro, mais outro. Juntou tudo de novo. Separou o quarto, o quinto. Juntou. Fez uma pilhinha com todos, mais de cinco. Juntou. Segurou firme. Olhou bem no fundo dos meus olhos. Esticou os braços. E me deu todos eles.
Bessie Smith, Nina Simone, Tim Maia de antigamente, Chico e seus caros amigos, Elis sorrindo com a mão na boca, naquele disco que canta "Bicho do Mato" que tanto adoro, Baden abraçado com Grappelli no outro (como assim ele me deu até esse?), a Gal Profana, Temporada de Verão... Tudo para um começo perfeito (e impossível) de uma coleção que deve ocupar aquele e aquele canto da minha sala.
E esse ruidinho que se espalha por aqui e me deixa num aconchego como se ele estivesse aqui, nos cantos todos. Como se eu estivesse nos braços dele. Quase adormecendo.
Sobe. Sobe que eu pago o seu estacionamento, ele disse. Já fazia uma ou duas semanas inteirinhas que fazia mistério com um presente que ia chegar pelo correio _e íamos aproveitar juntos, dizia. Você tem direito a três chutes. Três chutes? Mas eu gosto de jogo de adivinha. Tá. Direito a três perguntas, então.
- Que cor é?
- Vermelho e preto
- É assim ou maior? - mostrando um tanto com as mãos, do tamanho de um livro padrão.
- Maior.
- E o que você tem que me dar junto? - porque tinha dito, dias antes, é um presente que precisa de outros presentes.
- Isso não posso responder.
E então fiquei calada. Ele esperou. Mais um minuto. E levantou. Vou tirar a música para você se concentrar mais. E caminhou até a vitrola, ali na frente do sofá onde estávamos sentados. Mexeu no toca-discos. Fez que desligou. E desligou mesmo. Mas a música continuou. E vinha mais daquele cantinho dali da esquerda, perto da rede da varanda. E a caixa de som lá do outro lado.
Fui espiar. Um disco girando sobre uma vitrolinha vermelha, pequetucha, bonitica de mais. Tanto, tanto, que nem sei dizer. Nem deu pra respirar direito diante daquilo. Ele me presenteando com as músicas e seus ruidinhos _ruidinhos de que tanto gostamos. Ele me presenteando com um objeto que vai nos deixar ainda mais próximos nas caminhadas entre sebos e feiras de antiguidade pelas ruas e praças, para ficar horas ali fuçando aquele caixote de discos, na ala de música brasileira, ou aqueles outros ali, com os meus prediletos do jazz. Ui.
E não tinha acabado. Você pode escolher qualquer um dos meus vinis pra você, de presente. Qualquer um? Qualquer um. Depois de escolher, vou te dar mais cinco, dos meus. E então, ansiosa diante daqueles discos todos, fui vendo um por um. Um por um. Agradecendo aos céus que ele ainda não tinha organizado os artistas em ordem alfabética, enquanto eu desorganizava ainda mais todos eles.
Fiz uma pilhinha do lado direito com os prediletos. Um deles, antes de acabar a difícil missão de escolher um, unzinho, ele pegou e esticou os braços até as minhas pernas, cruzadas ali no chão da sala, como uma indiazinha. Caetano Veloso, o disco branco, com "Irene" e afins. Esse já era seu porque sempre lembro de você quando ouço.
E aí, a pilhinha pronta, com Nina, Baden, Tim Maia, Louis, Caetano, Chico. Ui. E eu precisava escolher um. Reduzi a pilha: Time Out, do Brubeck, e Temporada de Verão, dos meus queridos brasileiros. Ele puxou Temporada de Verão: se você não escolher esse, apontando para Dave Brubeck, não vai levar nenhum. E eu escolhi. Já tava feito. Peguei, beijei, quase abracei. O disco. Depois ele. E de novo. E de novo.
Depois veio o ritual dele escolher mais cinco para me dar. Mais cinco discos da coleção dele. Quando vou esquecer de uma coisa dessa? Quando? Fez charme, separou um, outro, mais outro. Juntou tudo de novo. Separou o quarto, o quinto. Juntou. Fez uma pilhinha com todos, mais de cinco. Juntou. Segurou firme. Olhou bem no fundo dos meus olhos. Esticou os braços. E me deu todos eles.
Bessie Smith, Nina Simone, Tim Maia de antigamente, Chico e seus caros amigos, Elis sorrindo com a mão na boca, naquele disco que canta "Bicho do Mato" que tanto adoro, Baden abraçado com Grappelli no outro (como assim ele me deu até esse?), a Gal Profana, Temporada de Verão... Tudo para um começo perfeito (e impossível) de uma coleção que deve ocupar aquele e aquele canto da minha sala.
E esse ruidinho que se espalha por aqui e me deixa num aconchego como se ele estivesse aqui, nos cantos todos. Como se eu estivesse nos braços dele. Quase adormecendo.
segunda-feira, março 1
:: Minha primeira vez
Tá. Lá pelas tantas, a gente tem mesmo de entrevistar um chef importante. Depois passa e a gente acostuma. É. Lá pelas tantas um avião cai bem no dia do seu plantão e você entra na roda. Tem ainda as chuvas que matam um monte de gente ou o tiroteio do bairro nobre. Acontece. Aí dá uma tremedeira aquele primeiro dia de trabalho novo. De missões novas. É até bom, quando passa. Lá pelas tantas tem também o segundo encontro, o terceiro. Tem a véspera das provas e das reuniões importantes. Tem ainda o dia das provas e das reuniões importantes. Depois passa.
E então, neste fim de semana, tive minha primeira vez numa situação de emergência. Enrolada nos cobertores, celebrando o friozinho que tinha chegado no domingo, pensando que ia dedicar aquele dia inteiro ao nada, tocou meu telefone. Vestido de algodão, meia e havaianas e tive de sair voando para a minicasa me trocar em segundos. Jeans e camiseta preta. Pode All Star? Pode. E fui. Pouco depois estava ali no velório do Mindlin.
Pouco depois estava ali no velório cutucando aquele, aquele e mais aquele _e aquela senhora também_ para saber isso e aquilo. Um chora e não diz. Outro nem respira. Outro tenta responder alguma coisa, mas aponta um mais adiante, que “vai saber falar melhor”. E no meio de políticos e de nomes do mais alto gabarito, o rabino começa o discurso, um belo discurso, e eu fico sabendo que Mindlin gostava muito de chocolate e marzipã. Por isso que fiquei preparada para partir para o enterro, pouco depois. E tomei chuva e procurei aquela e aquela pessoa que eu precisava ouvir.
Depois fui para o jornal. Corri com tudo. Quase 20h e eu nem tinha almoçado. Mas, engraçado, aquele jantarzinho no Mocotó, com o Rodrigo Oliveira e a Lourdes Hernández na cozinha, nos mandando as mais deliciosas combinações do Brasil e do México, fez com que tudo passasse. Dá-lhe pimenta.
Tá. Lá pelas tantas, a gente tem mesmo de entrevistar um chef importante. Depois passa e a gente acostuma. É. Lá pelas tantas um avião cai bem no dia do seu plantão e você entra na roda. Tem ainda as chuvas que matam um monte de gente ou o tiroteio do bairro nobre. Acontece. Aí dá uma tremedeira aquele primeiro dia de trabalho novo. De missões novas. É até bom, quando passa. Lá pelas tantas tem também o segundo encontro, o terceiro. Tem a véspera das provas e das reuniões importantes. Tem ainda o dia das provas e das reuniões importantes. Depois passa.
E então, neste fim de semana, tive minha primeira vez numa situação de emergência. Enrolada nos cobertores, celebrando o friozinho que tinha chegado no domingo, pensando que ia dedicar aquele dia inteiro ao nada, tocou meu telefone. Vestido de algodão, meia e havaianas e tive de sair voando para a minicasa me trocar em segundos. Jeans e camiseta preta. Pode All Star? Pode. E fui. Pouco depois estava ali no velório do Mindlin.
Pouco depois estava ali no velório cutucando aquele, aquele e mais aquele _e aquela senhora também_ para saber isso e aquilo. Um chora e não diz. Outro nem respira. Outro tenta responder alguma coisa, mas aponta um mais adiante, que “vai saber falar melhor”. E no meio de políticos e de nomes do mais alto gabarito, o rabino começa o discurso, um belo discurso, e eu fico sabendo que Mindlin gostava muito de chocolate e marzipã. Por isso que fiquei preparada para partir para o enterro, pouco depois. E tomei chuva e procurei aquela e aquela pessoa que eu precisava ouvir.
Depois fui para o jornal. Corri com tudo. Quase 20h e eu nem tinha almoçado. Mas, engraçado, aquele jantarzinho no Mocotó, com o Rodrigo Oliveira e a Lourdes Hernández na cozinha, nos mandando as mais deliciosas combinações do Brasil e do México, fez com que tudo passasse. Dá-lhe pimenta.
:: Registros chulos
Não sei bem por que diabos às vezes me dá na telha reproduzir aqui coisas imbecis, que não interessam a ninguém. Mas acontece. Depois de uns meses ou mais, eu releio, me acho idiota e passa. Acabo dando risada, no final das contas.
Hoje foi assim. Ela mandou e-mail com um trecho que me deu vontade de copiar aqui. É o que vou fazer, olha:
"Vamos usar a tecnica de 'esquartejar o problema' . Temos que fazer como o Luftal faz com os gases, sabe? Ele quebra a camada superficial e transforma um grande gás em vários microgases que são quase imperceptíveis!"
Não sei bem por que diabos às vezes me dá na telha reproduzir aqui coisas imbecis, que não interessam a ninguém. Mas acontece. Depois de uns meses ou mais, eu releio, me acho idiota e passa. Acabo dando risada, no final das contas.
Hoje foi assim. Ela mandou e-mail com um trecho que me deu vontade de copiar aqui. É o que vou fazer, olha:
"Vamos usar a tecnica de 'esquartejar o problema' . Temos que fazer como o Luftal faz com os gases, sabe? Ele quebra a camada superficial e transforma um grande gás em vários microgases que são quase imperceptíveis!"
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