domingo, março 28

:: Manual

Tem coisas, na vida, que se a gente não registra para consultar em momentos de aperto, passam, a gente esquece. Por isso quando eu choro lembro do que ele vivia me dizendo. Respire bem fundo. Pelo menos dez vezes. E então eu não conseguia na primeira, na segunda, nem na terceira. Mas na quarta a coisa começava a sair. E, quando eu reparava, enquanto ele continuava repetindo baixinho, eu ia respirando beeem comprido e ficava mais calma. Às vezes mais, às vezes menos. Hoje também ouço Circlesong 3, do Bobby Mcferrin, Quartando, do Androgyne, todos os discos do Juarez Maciel, e, quando aguento, Caetano. E então é como se envaziasse tudo dentro de mim e, depois de uns minutos de dor profunda, eu conseguisse me encher novamente, devagar. Me encher de coisas melhores. Bem aos poucos.

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