segunda-feira, março 1

:: Minha primeira vez

Tá. Lá pelas tantas, a gente tem mesmo de entrevistar um chef importante. Depois passa e a gente acostuma. É. Lá pelas tantas um avião cai bem no dia do seu plantão e você entra na roda. Tem ainda as chuvas que matam um monte de gente ou o tiroteio do bairro nobre. Acontece. Aí dá uma tremedeira aquele primeiro dia de trabalho novo. De missões novas. É até bom, quando passa. Lá pelas tantas tem também o segundo encontro, o terceiro. Tem a véspera das provas e das reuniões importantes. Tem ainda o dia das provas e das reuniões importantes. Depois passa.

E então, neste fim de semana, tive minha primeira vez numa situação de emergência. Enrolada nos cobertores, celebrando o friozinho que tinha chegado no domingo, pensando que ia dedicar aquele dia inteiro ao nada, tocou meu telefone. Vestido de algodão, meia e havaianas e tive de sair voando para a minicasa me trocar em segundos. Jeans e camiseta preta. Pode All Star? Pode. E fui. Pouco depois estava ali no velório do Mindlin.

Pouco depois estava ali no velório cutucando aquele, aquele e mais aquele _e aquela senhora também_ para saber isso e aquilo. Um chora e não diz. Outro nem respira. Outro tenta responder alguma coisa, mas aponta um mais adiante, que “vai saber falar melhor”. E no meio de políticos e de nomes do mais alto gabarito, o rabino começa o discurso, um belo discurso, e eu fico sabendo que Mindlin gostava muito de chocolate e marzipã. Por isso que fiquei preparada para partir para o enterro, pouco depois. E tomei chuva e procurei aquela e aquela pessoa que eu precisava ouvir.

Depois fui para o jornal. Corri com tudo. Quase 20h e eu nem tinha almoçado. Mas, engraçado, aquele jantarzinho no Mocotó, com o Rodrigo Oliveira e a Lourdes Hernández na cozinha, nos mandando as mais deliciosas combinações do Brasil e do México, fez com que tudo passasse. Dá-lhe pimenta.

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