quinta-feira, junho 11

:: Feriado trabalhado

Enfim eu aprendi a não sofrer de trabalhar nos feriados. Mais que isso, eu aprendi a gostar. A gente acorda naquele silêncio absoluto, com calma (porque no dia anterior a coisa foi até alta madrugada no jornal). Toma água-de-coco porque vai pular o café da manhã já pensando no almoço. Coloca uma música matinal, um pouco de Django, um pouco de Caetano, um pouco de Nina. Arruma as coisas devagar, o vestido que ficou pra fora do armário, a escova de dente caída sobre a bancada do banheiro, o pé de meia que ficou esquecido ali no varal. Rega o pé de café, abre as cortinas pro sol que vai e vem. Toma banho bem demorado e aproveita pra usar aqueles cremes todos que a gente nunca tem tempo de usar numa semana normal.

A gente pula a academia para ganhar tempo em casa e nem sente culpa porque é feriado. A gente pode sair mais tarde porque não tem trânsito. A gente consegue até administrar as ansiedades. Porque é mais ou menos assim, ando mesmo ansiosa com essa coisa do show do Caetano estar cada dia mais perto.

Depois dá pra improvisar um almocinho rápido e usar as panelas que a gente mais gosta. Os pratos que a gente mais gosta. Os copos que a gente mais gosta. Mesmo com o armário meio vazio (céus), a gente inventa alguma coisa qualquer pra comer. Hoje voltei à infância e fiz um macarrãozinho cabelo-de-anjo com ovo. E o ovo de casa acabou, mas tenho tempo de administrar as ansiedades, então devo ir no mercado mais tarde.

Hoje já deu tempo de queimar o dedo na panela quente e até sentir dor, já deu tempo de cutucar a cutícula do mindinho, já deu tempo de organizar a gaveta de calcinhas. Hoje já deu tempo de gravar disco novo, com Devendra, Caetano, Chico, Comadre Fulôzinha, Django, Cazuza e Bebel, Emiliana Torrini, Hot Chip... Bem no clima interno da gente.

E então vim pro jornal. E o telefone não toca. As pessoas falam mais baixo do que o normal e ficam mais caladas do que o normal também. É quase um presente pré-aniversário. Meu trabalho rende mais, bem mais, e até posso me dar ao luxo de uma pequena pausa pra um texto ou outro dos registros pessoais. É mais ou menos assim.

Um comentário:

ian.press comunicação disse...

e eu adoro, pq vc escreve tão bem que não dá vontade de parar de ler. depois de uma ausência temporária dos blogs, o seu foi o primeiro.

o segundo será o da mari. rá

bj