segunda-feira, junho 11

:: “Take the L train”, de Brooklyn Funk Essentials

(Williamsburg e algumas coisas da vida)


Williamsburg tem a ver com as manhas com “Piruetas”, do Chico. Voce sendo acordada com um solao e um monte de amigas pulando em cima de voce e cantando "Piruetas" e dancando. Williamsburg tem a ver com “A Sweet Summer's Night On Hammer Hill”, do Jens Lekman, que eu e a Mer conhecemos juntas na Brooklyn Industries, nossa loja predileta aqui de NY. Williamsburg tem a ver com “Tive Razao”, do Seu Jorge, e tambem com “Boombox”, dos Mosquitos. Williamsburg tem a ver com um pouco de tudo da vida, porque da vontade de viver la mesmo.

Williamsburg e’ o bairro-conceito de NY, no Brooklyn. Talvez uma das minhas regioes prediletas. Mais tranquilo, com predinhos baixinhos, pequenos mercados, pequenos restaurants, pequenas lojas. Ruas arborizadas e pouco movimentadas. Por ali a gente nao acha taxi na rua e ninguem buzina. Ali e’ o canto dos jovens alternativos. De varios jovens artistas. Ali se concentra aquele povo tatuado que gosta de musica. Nos fins de semana de sol, as casas saem para a Bedford Avenue. As pessoas colcam araras nas calcadas, penduram roupas antigas. As pessoas colocam toalhas brancas nas calcadas e mostram artigos vintages lindinhos. As pessoas levam suas kombis, estacionam por ali, deixam as portas escancaradas com um monte de cases de vinis dentro e, na calcada, jogam algumas capas, alguns discos soltos pra fazer um tipo.

Williamsburg tem a ver com feijoada num dia frio ensolarado, tem a ver com risadas, tem a ver com alguns momentos especificos. Williamsburg tem a ver com roof, tem a ver com franguinho assado em domingo de chuva. Tem a ver com a Mer, tem a ver com o Roger. Eu conheci Williamsburg por conta deles. E aquele loft, inteiro envidracado, com janelao e vista linda, tudo branquinho… Aquela e’ como a minha segunda casa aqui. E eu amo. Mesmo.

Williamsburg tem a ver com o iPod no maximo, um pouco com Mundo Livre S/A, Badadmarsh & Shri, Coco Rosie. Tem ainda a ver com D2, ou com Roberta Sa junto com Pedro Luiz e a Parede, em “No Braseiro”. Tem a ver com Ze Keti, com Racionais, com Nitin Sawney. Williamsburg e’ musical pra mim… E entao, ha alguns dias, me despedi da Mer, que estava de partida pra Europa. Nao vamos mais nos ver nessa temporada. E fui caminhando ate o L train para voltar pra Manhattan. No final do dia, aquela luz Linda de sol se pondo, chorando. Nao deu pra suportar. Fui ouvindo “Somewhere Over The Rainbow”, com Israel Kamakawiwo’ole, lembrando do que eu vivi ali. Eu estava me despedindo daquilo tudo na verdade. NY e’ uma grande passagem. Vou dedicar um texto inteiro a isso. Mas, enfim, e’ um lance dificil. Porque as coisas todas sao muito intensas e as coisas todas simplesmente passam.

Fui lembrando do casamento da BZ, na beira da psicina, em SP. Essa mesma musica (que alias roubei dela) estava tocando num momento lindissimo em que cada convidado ganhou uma velinha apagada. O sol tinha acabdo de se por e depois dos depoimentos todos, as pessoas se olharam, um acendeu a velinha do outro. Foi uma simbologia delicadissima para representar a propagacao do amor, do carinho…

Williamsburg tem e ver com Chico Buarque gritando “Jorge Maravilha” e a gente gritando junto e pulando e celebrando a vida. E’ isso. Williamsburg tem a ver com a vida. E vamos comemorar.

2 comentários:

Mari disse...

Ai.
Tinha certeza que essa viagem ia ser assim, transformadora. Aproveite cada minuto que você tiver aí!
Beijos - e beijos pra Li, fala que adorei o recado dela!

cami disse...

Lu,

não tinha lido isso ainda. não sei como passou. só sei que me deu um nó na garganta. perfeita descrição: lá tudo é muito intenso, mas tudo passa. e o vazio no peito? passa?