segunda-feira, outubro 29

:: Umas voltas por aí

Eu sempre tenho preguiça de ir ao centro. Sobretudo nesses dias de calor insuportável. Eu reclamo do cheiro ruim, fico irritada com o trânsito, fico acabada com o tanto de polícia na rua e com os mendigos detonados que vivem ali jogados. Isso tudo realmente me abala e, para piorar, tenho um certo medo, confesso. Mas, sempre que eu supero essa birra inicial e vou, vale muito a pena. Eu saio de lá feliz com as novas descobertas, querendo voltar. O processo, depois, se repete. Mas, pelo menos, eu acumulo bons motivos para superar a preguiça mais uma vez. Assim vai.

Hoje foi a mesma coisa. Acordei cheia de preguiça e com a pressão estranha por conta do calor. Tinha de descer logo depois do banho para esperar o carro do jornal e ir até o centro. As janelas abertas e aquele bafo, sem ar-condicionado. Fui. Chegando lá, aconteceu o previsto: aquela onda de irritação, o calor cada vez pior, o trânsito, a pressão. O carro parou num farol e eu desci.

Era ali na Rua do Comércio, ao lado da Bolsa de Valores, que eu precisava ir. Caminhei por aquelas ruas onde não anda carro. Olhei os camelôs gritando e aquele trânsito todo de pessoas comuns. Mais adiante, estava o Salve Jorge. Lembrei da picanha na chapa que comi ali outro dia, num sábado, e foi delicioso. Mais uns passos e cheguei no Caffè Latte. Foi pisar ali dentro para agradecer e sentir todo o esforço aparente compensado.

Uma decoração charmosinha e clean, com piso claro, mesinhas e poltronas confortáveis, um balcão atraente com quitutes quentinhos, uma prateleira com os cafés Pessegueiro e Orfeu expostos _também para venda_ e uma máquina de café vermelha toda bonitona, fazendo a maior presença ali no meio.

Sentei sozinha em uma das poltronas, deixei minha bolsa pendurada e meu livro fechado sobre a mesinha baixa. Peguei o jornal que estava ao lado (podia ser o Valor, Folha de S.Paulo ou Estadão, além dos guias) e fiquei lendo as críticas dos shows do Tim. Enquanto isso, um jazz tocava baixinho, fazendo o som ambiente perfeito. Ar-condicionado na medida, um paraíso. Abri o cardápio, dei uma olhada com calma nos driques de café e pedi um cappuccino gelado, que estava fora do cardápio, mas é servido normalmente se o cliente quiser.

Veio com as proporções corretas de leite, leite vaporizado e espresso Pessegueiro e duas pedrinhas de gelo. Um pouco de chocolate polvilhado interferindo na receita clássica italiana, mas ok, estava gostoso. Fiquei com vontade de ficar ali por mais tempo e aproveitar para almoçar. Não deu tempo. Por isso tenho de voltar.

Tem saladinhas bacanas, com kani e outras cositas mas. Entre os pratos rápidos, lasanha de legumes ou filé com shiitake e shimeji servido com legumes grelhados. Para um lanche rápido, me interessou o sanduíche de salmão com geléia de pimenta e, para a sobremesa, fiquei curiosa para experimentar o cheesecake de tangerina.

A manhã foi ótima e agora minha listinha de "motivos para voltar ao centro" tem mais um item de peso, já devidamente registrado no meu Moleskine que anda na bolsa.

5 comentários:

Unknown disse...

lu, eh a bru, que gostoso ler seu blog. parece que sai com uma amiga por sao paulo... muitos beijos e voce esta convidadissima pra ficar um pouquinho com a gente. vem?

Unknown disse...

obs, este brunella eh coisa do deh, haha.

lufec disse...

bru, bru, amei que vc veio aqui e escreveu! muito fofinha. a melhor parte foi o "convidadissima". londres sempre esta nos planos, né. e o brunella (coisa do dé) foi a cara de vcs. adorei. beijo, beijo.

Diogo disse...

Amo o centro!

O café estava bem tirado? Ou não dá pra avaliar se não for um espresso puro?

Anônimo disse...

I must confess que esse foi teu início de post mais patricinha de todos os tempos.
O centro de uma cidade é seu coração. Se é sujo, fede e tem mendigos, isso se deve a mais da metade da cidade lhe dar as costas e contruir seus paraísos particulares para marginalizados, já que quem vive longe do centro e está à margem, é marginal.
Visto isso, toda idéia de revitalização central esbarra na identidade cultural do paulistano médio, se isso existir. Sempre me causou tamanho estranhamento não entender quem são os habitantes originais dessa cidade, o que fazem, com o que tem raízes... são tão poucos, em sua própria cidade, que perderam qualquer interesse, por qualquer coisa que não seja globalizada, metropolitana e com cara de novaiorquina ou londrina.
Querem tanto ser newyorkers, mas se esquecem que o centro da cidade estadounidense é a ilha de manhantan - correspondente paralelo a qualquer praça da república e não ao parque villa lobos.
E tenho dito!