sexta-feira, setembro 21

:: Tentando entender a Nespresso





Outro dia fui à Nespresso, ali na charmosa Padre João Manoel, nos Jardins. Tomei dois espressos, o Volluto (levemente torrado, encorpado e com toque de acidez) e o Cosi (com notas de limão). Fiquei ali, intrigada, tentando entender esta rede que já se instalou em 40 países e faz o maior sucesso. Então discuti um pouco com a expert Cris Couto para clarear as idéias.

A primeira coisa importante é entender que não se trata de uma cafeteria. Ali é uma butique de luxo, fria, sem aconhecago. O cafezinho ali é pretexto. O principal são as máquinas e os acessórios à venda. Quando você entende isso, fica mais fácil apreciar os blens cuidadosamente elaborados, com grãos de ótima qualidade, garimpados por aí (muitos aqui do Brasil). Do contrário, esqueça.

O espresso servido ali não pode ser comparado, jamais, aos das cafeterias da cidade. A proposta é completamente diferente. Ali, o barista desempenha papel importante no desenvolvimento dos blens, seleção dos grãos**.... Nada além. O barista não faz parte do processo de extração do café. Você tem máquinas incrivelmente ajustadas (do ponto de vista técnico) e uma mocinha sem a menor graça ali atrás do balcão para apertar um botão. Pronto. O barista não integra este processo, como nas cafeterias.

Ou seja, as máquinas são de altíssimo nível para você obter um espresso com diferentes aromas, crema na espessura correta, sem abertura, temperatura correta. As máquinas são maravilhosas para servir um cafezinho com charme em casa. O café é armazenado em coloridas capsulas à vácuo, em 9 diferentes blends, além de 3 opções para xícaras de 110ml. Mas, mais além, desista. Este espreso nunca vai poder competir com aquele que envolve o profissional, que domina as características dos grãos utilizados, com o tempo exato de extração, a regulagem das máquinas, a água com oleosidade ideal, o nivelamento preciso do café, a compactação.... E por aí vai.



A Nespresso, por exemplo, comete deslizes (ou será que no caso de uma butique não é um deslize?) como utilizar também xícaras de vidro (e não as de porcelana arredondadas na base). Por isso é importante entender a proposta. Para poder curtir aquele monte de produto com designs elegantíssimos. Aquelas capsulas coloridas, as máquinas, aquele ambiente frio e moderno.

**Na verdade, o profissional responsável pelo desenvolvimento dos blends não é, necessariamente, um barista. Aliás, isso não é função para eles. São, normalmente, agrônomos, com domínio total da produção, e também degustadores, especializados em café.

4 comentários:

Diogo disse...

Nossa gostei muito desse texto.

Aprendi sobre café sem nem perceber...

Vai contando o que você vai aprendendo tá?

lufec disse...

começo o curso segunda, aí vou ficar impossível. vc vai ter de tomar um espresso meu!

Mari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mari disse...

o mais engraçado da nespresso, fora o ar de loja da apple, é que eles tentam muito convencer a gente que café robusta valoriza a bebida...