sexta-feira, setembro 28

:: Um pedaço da saudade

Um pouco da saudade que eu sinto de NY tem a ver com as minhas tardes no gramadão do Central Park (que eu relembrei um pocuo outro dia vendo Woody Allen que amo tanto). Quando o tempo começou a melhorar e começaram a raiar aqueles dias ensolarados, ainda com alguma brisa, eu saía da escola, ia andando para a casa, sempre buscando caminhos diferentes dos que eu tinha feito de manhã, ou no dia anterior, ou na semana anterior. Eu queria olhar coisas novas, entender a disposição dos cafés, das bancas de revista, onde eu sempre parava para comprar o New York Times e, às quartas, religiosamente, a Time Out, as lojas... Eu queria entender melhor a direção das pessoas nas diferentes horas do dia e, mais, eu queria entender, de uma vez por todas, aqueles turistas alucinados pela Times Square enquanto eu só pensava ir para o Brooklyn, para Williamsburg. E então eu chegava em casa, preparava meu almoço (quando eu estava muito feliz, tinha aspargos e cogumelos nos pratos que eu inventava), comia, olhava meus e-mails, escrevia pra um ou pra outro. Desarrumava a minha mochila, pegava minha canga colorida nova que a Mari Tassi tinha me dado, bem grandona, checava se o iPod estava mesmo carregado, deixava caderninho, canetas e um livro na bolsa, colocava as havaianas verdes e saía. Eu caminhava até o Central Park... Ai, o Central Park. E então, eu deitava ali no meio, sempre no mesmo lugar. Foi assim que fiquei amiga de uma babá de duas crianças lindas, que peguei no colo e brinquei por dias. Falamos qualquer coisa em inglês no começo, eu meio tímida... Paramos. E então ela falou alguma coisa em português às crianças e eu não acreditei. Foi mais ou menos assim. Depois disso, chegou uma, duas, três babás. Depois outra e mais outra. Elas juntavam um monte de cangas (mesmo!) e espalhavam aquelas crianças fofitas ali. E eu virei conhecida depois do terceiro dia, acho. Me chamavam pelo nome e eu podia pegar no colo quem eu bem entendesse. Um dia que eu não ia, no seguinte perguntavam o que tinha acontecido. Uma delícia. Eu me sentia em casa - e estava. Às sextas, era dia das próprias mães levarem seus filhos para passear. Neste último dia de gramadão, com um aperto indscritível, tirei algumas fotos.



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