:: Ali no paraíso
Eu vou dar um pulinho ali no meu paraíso particular e já volto. Bom ano pra gente, com as uvas e as ondas e o vestido verde - porque cansei dessa coisa do branco da paz; eu quero mais sorte e mais coincidências. Bom ano com os sete pedidos e os vários desejos e as reflexões e os balanços (ai, os balanços).
terça-feira, dezembro 30
:: Pequenos prazeres
Ela veio aqui tomar sol, nadar e comer salada de minialface comigo no domingo. Antes, me trouxe um disco na bolsa, com a playlist "to dance" que ela tem no iPod e eu queria ouvir sempre. E então, ouvimos e dançamos "Hot'n Cold" (Basement Jaxx) loucamente, como se não houvesse amanhã. Ela falou pelos cotovelos, um monte de bobagem que me fez rir até cansar o abdomi (ela falaria assim, "abdomi"). E então, tomou Stella na minha varanda, bem do lado do meu pé de café, tomou banho com meu novo sabonete líquido da L'occitane e, no cabelo, usou meu creme Paul Mitchell, assim, toda-toda, só para o encontro que tinha logo em seguida. Ela sabe, ela está no topo.
Ela veio aqui tomar sol, nadar e comer salada de minialface comigo no domingo. Antes, me trouxe um disco na bolsa, com a playlist "to dance" que ela tem no iPod e eu queria ouvir sempre. E então, ouvimos e dançamos "Hot'n Cold" (Basement Jaxx) loucamente, como se não houvesse amanhã. Ela falou pelos cotovelos, um monte de bobagem que me fez rir até cansar o abdomi (ela falaria assim, "abdomi"). E então, tomou Stella na minha varanda, bem do lado do meu pé de café, tomou banho com meu novo sabonete líquido da L'occitane e, no cabelo, usou meu creme Paul Mitchell, assim, toda-toda, só para o encontro que tinha logo em seguida. Ela sabe, ela está no topo.
domingo, dezembro 28
:: Vale-fim de ano
Minha mãe me ensinou que não devemos reclamar de presente, jamais. E sempre, sempre é preciso agradecer. No final das contas, eu virei mesmo uma mocinha educada. Mas, então, chega o fim de ano e a firma dá aqueles panetones que sempre doo para alguém que vai ficar mais feliz do que eu e aquele vale-compras. No ano passado, a gente podia gastar nos supermercados da rede Extra e eu amei porque sou habitué do Sam's Club - pronto, falei!
E então, neste ano, recebemos um vale-compras nos supermercados Sonda. E hoje, pós-natal e pré-volta ao plantão no jornal, fiz a listinha básica de coisas que tenho de repor aqui em casa. Saco de lixo, Veja, detergente (que, lembra, nunca devemos economizar), amaciante e afins.
Uma compra assim, impessoal, pensei, pode ser feita em qualquer lugar e lá fui eu toda bem-disposta ver na internet que tanto amo os endereços do Sonda. E ia descendo a barra ali do lado direito para ver a lista completa e ia aparecendo assim: Penha, Tatuapé, Cidade Dutra, Itaim Paulista, Jaçanã, Santo Amaro, Tremembé, Itaberana, Carapicuiba, Vila Rio, Piedade... E a lista quase acabando... E mais Vila São José, São José dos Campos...
E então, fechei tudo e fui tomar um bronze na piscina e nadar um pouco na água gelada para ver se surgia uma idéia sensacional de que diabos fazer com esse incrível vale-compras.
Minha mãe me ensinou que não devemos reclamar de presente, jamais. E sempre, sempre é preciso agradecer. No final das contas, eu virei mesmo uma mocinha educada. Mas, então, chega o fim de ano e a firma dá aqueles panetones que sempre doo para alguém que vai ficar mais feliz do que eu e aquele vale-compras. No ano passado, a gente podia gastar nos supermercados da rede Extra e eu amei porque sou habitué do Sam's Club - pronto, falei!
E então, neste ano, recebemos um vale-compras nos supermercados Sonda. E hoje, pós-natal e pré-volta ao plantão no jornal, fiz a listinha básica de coisas que tenho de repor aqui em casa. Saco de lixo, Veja, detergente (que, lembra, nunca devemos economizar), amaciante e afins.
Uma compra assim, impessoal, pensei, pode ser feita em qualquer lugar e lá fui eu toda bem-disposta ver na internet que tanto amo os endereços do Sonda. E ia descendo a barra ali do lado direito para ver a lista completa e ia aparecendo assim: Penha, Tatuapé, Cidade Dutra, Itaim Paulista, Jaçanã, Santo Amaro, Tremembé, Itaberana, Carapicuiba, Vila Rio, Piedade... E a lista quase acabando... E mais Vila São José, São José dos Campos...
E então, fechei tudo e fui tomar um bronze na piscina e nadar um pouco na água gelada para ver se surgia uma idéia sensacional de que diabos fazer com esse incrível vale-compras.
sábado, dezembro 27
:: Rascunhos
Ela gosta daquele biquinho que a Nina Simone faz no palco de maiô, super à vontade. Coloca o DVD e volta, play e volta, play e volta e repete. Não acredita como pode ser tão incrível e diz para eu comprar DVDs assim quando for viajar. Dança funk e rap no meio da pista e dá pequenas requebradas em lugares públicos quando ouve alguma coisa que mexe. Faz aquele biquinho. Nem percebe. Mas é mania e fica sexy, confesso. Ela vai com o peito pra frente e a bunda pra trás. Valoriza o quadril para esconder os mínimos peitos. Conta que já pegou no silicone da amiga no banheiro e que sim, teve vontade de imitar. Mas não. Quando era pequena achava ruim o cabelo meio enrolado e deixava até a cintura para fazer charme. E abalava os corações. Lia desde a infância. Lia. Lia muito. E rápido. E eu, que nunca conseguia acabar os livros da escola no prazo, às vezes convidava ela pra ir para o sítio comigo e ela lia para mim, os meus livros, em voz alta, durante as longas horas de viagem. Nas piscina, pouco depois, papai levava pra gente cachos de uva e a gente fazia pose para tirar foto. E a gente guarda até hoje. E vê o potencial da vaidade desde cedo. Apesar do chulé. Até ontem, ela tinha um pé minúsculo que exalava um cheiro quase insuportável. Ela se recusava a brincar de boneca e, por ela, ficava o dia entretida nas mais diversas brincadeiras de menino. A vizinha lá da vila dizia, ai, que sobrancelhas bonitas você tem, grossas, né, e ela odiava. Ela gostava do elogio, desde sempre, mas não gostava da tal da sobrancelha grossa. Quando a gente era bem pequena e tinha almoço na casa dela, ficávamos horas brincando naquela escada aberta e perigosa, enquanto os adultos, em coro, diziam, tomem cuidado na escada. Isso não é lugar para criança. E então, a gente ficava no quarto dela, micro, e brincando ali, naquele pedaço de mundo, de gato-mia, no escuro. Por anos, o melhor esconderijo foi o mesmo. Dentro do armário de sapatos. Ai, o armário de sapatos. Depois daquilo, era público essa coisa do chulé. Hoje, ela tem pés sedosos e macios, usa cremes especiais e tudo. Ela não queria casar, nem ter filhos jovem. Ela nem era romântica. Sofreu por alguns amores, transou tarde, fez alguns amores sofrer. Depois, recebeu uma carta de amor que carregou por meses na bolsa para reler alguns trechos e casou. Ela casou ouvindo Feeling Good, da nossa Nina. E eu chorei até borrar a maquiagem. Ela não ia se vestir de noiva, na vida. E então, ela estava ali, de noiva, com um vestido autêntico e tudo, sapatinhos cor-de-rosa, cabeleira luxo. Ela também usa cremes especiais para o cabelo. Ela, que devia mesmo pular banho quando era pequena, usa muitos cremes especiais e faz propaganda. Ela, que fez uma tatuagem tribal nas costas quando jovenzinha, fingindo que era rebelde (mas não), usa até maquiagem hoje em dia. Mais. Ela bate pernas em Paris, loucamente. Não compra nada, além do supermercado, e fica em pânico quando passa numa vitrine de maquiagens. Ela tem pernas pequenas e não consegue andar rápido na rua por isso. Acha a risada da Erikah Badu em Plenty a melhor. A melhor depois da minha, acho. Ela gosta quando eu tenho ataque de riso e sempre, sempre me faz rir. Virou barista mas não esconde que toma Nescafé e com um pouquinho de chocolate do padre, assim. Mas nunca muito quente. Nos almoços da firma era sempre um problema. A gente demorava mais na hora do café só porque ela tem muita sensibilidade e não conseguia beber nada muito quente. Nem mais ou menos quente. Ela me ensinou “Picture on the Wall”, do JBs. Eu ensinei Blosson Dearie pra ela. Poucos sabem que ela, toda diva e deslumbrante, tinha um pêlo alien no braço que dava até para fazer trança. Mas não se acanhava. Hoje, imagina, nem pensa mais nos peitos pequenos. Ela usa botas até o joelho no inverno com saia. E eu digo, quero ser assim quando eu crescer. E ela, quando cresceu, até brincou de ser DJ comigo. E tocamos juntas numa festa em que quase ninguém dançou. A gente anotou algumas coisas daquela noite. Quando pediram para peloamordedeus tocar funk enquanto, sim, estava tocando Curtis. Era mais ou menos assim. E depois, as horas no sofá da casa nova dela. De adulto. Os segredos e mais conselhos que sempre, sempre foram positivos. Porque ela é assim. Ela é assim com a vida e a vida fica assim com ela. Por isso que dá sempre mais e mais vontade de estar perto. E então, quando ela está longe, a gente tenta apagar. E escreve até esquecer.
Ela gosta daquele biquinho que a Nina Simone faz no palco de maiô, super à vontade. Coloca o DVD e volta, play e volta, play e volta e repete. Não acredita como pode ser tão incrível e diz para eu comprar DVDs assim quando for viajar. Dança funk e rap no meio da pista e dá pequenas requebradas em lugares públicos quando ouve alguma coisa que mexe. Faz aquele biquinho. Nem percebe. Mas é mania e fica sexy, confesso. Ela vai com o peito pra frente e a bunda pra trás. Valoriza o quadril para esconder os mínimos peitos. Conta que já pegou no silicone da amiga no banheiro e que sim, teve vontade de imitar. Mas não. Quando era pequena achava ruim o cabelo meio enrolado e deixava até a cintura para fazer charme. E abalava os corações. Lia desde a infância. Lia. Lia muito. E rápido. E eu, que nunca conseguia acabar os livros da escola no prazo, às vezes convidava ela pra ir para o sítio comigo e ela lia para mim, os meus livros, em voz alta, durante as longas horas de viagem. Nas piscina, pouco depois, papai levava pra gente cachos de uva e a gente fazia pose para tirar foto. E a gente guarda até hoje. E vê o potencial da vaidade desde cedo. Apesar do chulé. Até ontem, ela tinha um pé minúsculo que exalava um cheiro quase insuportável. Ela se recusava a brincar de boneca e, por ela, ficava o dia entretida nas mais diversas brincadeiras de menino. A vizinha lá da vila dizia, ai, que sobrancelhas bonitas você tem, grossas, né, e ela odiava. Ela gostava do elogio, desde sempre, mas não gostava da tal da sobrancelha grossa. Quando a gente era bem pequena e tinha almoço na casa dela, ficávamos horas brincando naquela escada aberta e perigosa, enquanto os adultos, em coro, diziam, tomem cuidado na escada. Isso não é lugar para criança. E então, a gente ficava no quarto dela, micro, e brincando ali, naquele pedaço de mundo, de gato-mia, no escuro. Por anos, o melhor esconderijo foi o mesmo. Dentro do armário de sapatos. Ai, o armário de sapatos. Depois daquilo, era público essa coisa do chulé. Hoje, ela tem pés sedosos e macios, usa cremes especiais e tudo. Ela não queria casar, nem ter filhos jovem. Ela nem era romântica. Sofreu por alguns amores, transou tarde, fez alguns amores sofrer. Depois, recebeu uma carta de amor que carregou por meses na bolsa para reler alguns trechos e casou. Ela casou ouvindo Feeling Good, da nossa Nina. E eu chorei até borrar a maquiagem. Ela não ia se vestir de noiva, na vida. E então, ela estava ali, de noiva, com um vestido autêntico e tudo, sapatinhos cor-de-rosa, cabeleira luxo. Ela também usa cremes especiais para o cabelo. Ela, que devia mesmo pular banho quando era pequena, usa muitos cremes especiais e faz propaganda. Ela, que fez uma tatuagem tribal nas costas quando jovenzinha, fingindo que era rebelde (mas não), usa até maquiagem hoje em dia. Mais. Ela bate pernas em Paris, loucamente. Não compra nada, além do supermercado, e fica em pânico quando passa numa vitrine de maquiagens. Ela tem pernas pequenas e não consegue andar rápido na rua por isso. Acha a risada da Erikah Badu em Plenty a melhor. A melhor depois da minha, acho. Ela gosta quando eu tenho ataque de riso e sempre, sempre me faz rir. Virou barista mas não esconde que toma Nescafé e com um pouquinho de chocolate do padre, assim. Mas nunca muito quente. Nos almoços da firma era sempre um problema. A gente demorava mais na hora do café só porque ela tem muita sensibilidade e não conseguia beber nada muito quente. Nem mais ou menos quente. Ela me ensinou “Picture on the Wall”, do JBs. Eu ensinei Blosson Dearie pra ela. Poucos sabem que ela, toda diva e deslumbrante, tinha um pêlo alien no braço que dava até para fazer trança. Mas não se acanhava. Hoje, imagina, nem pensa mais nos peitos pequenos. Ela usa botas até o joelho no inverno com saia. E eu digo, quero ser assim quando eu crescer. E ela, quando cresceu, até brincou de ser DJ comigo. E tocamos juntas numa festa em que quase ninguém dançou. A gente anotou algumas coisas daquela noite. Quando pediram para peloamordedeus tocar funk enquanto, sim, estava tocando Curtis. Era mais ou menos assim. E depois, as horas no sofá da casa nova dela. De adulto. Os segredos e mais conselhos que sempre, sempre foram positivos. Porque ela é assim. Ela é assim com a vida e a vida fica assim com ela. Por isso que dá sempre mais e mais vontade de estar perto. E então, quando ela está longe, a gente tenta apagar. E escreve até esquecer.
:: Sobre as comidinhas
Eu não contei para minha mãe que, na hora h, eu fiquei mesmo com preguiça de lavar a minialface que ela tinha me dado, toda animada, e acabei servindo, de entrada, apenas o foie gras, dos sonhos, e, depois, a salada de bacalhau com lentilha. E ele, imagina, não gosta de feijão, olhou para aquela coisa arredondada e marrom no prato e disse, adoro bacalhau, mas feijão... Lentilha é parecido com feijão, não é?
Eu não contei para minha mãe que, na hora h, eu fiquei mesmo com preguiça de lavar a minialface que ela tinha me dado, toda animada, e acabei servindo, de entrada, apenas o foie gras, dos sonhos, e, depois, a salada de bacalhau com lentilha. E ele, imagina, não gosta de feijão, olhou para aquela coisa arredondada e marrom no prato e disse, adoro bacalhau, mas feijão... Lentilha é parecido com feijão, não é?
:: Os presentes prediletos
E então ele veio aqui almoçar comigo pela primeira vez. Depois de rodar dois ou três lugares já distantes do bairro, comprou uma plantinha com pequenos frutinhos cor de laranja - algo que chamou de pimentão e eu ri. Depois, tirou de um saco plástico do Extra o regador que eu tanto queria e disse "mas eu não comprei no Extra, hein Lu". Só por isso, acho que vou cuidar melhor do meu pé de café, que, aliás, floriu pela segunda vez aqui na minha varanda por esses dias.
E então ele veio aqui almoçar comigo pela primeira vez. Depois de rodar dois ou três lugares já distantes do bairro, comprou uma plantinha com pequenos frutinhos cor de laranja - algo que chamou de pimentão e eu ri. Depois, tirou de um saco plástico do Extra o regador que eu tanto queria e disse "mas eu não comprei no Extra, hein Lu". Só por isso, acho que vou cuidar melhor do meu pé de café, que, aliás, floriu pela segunda vez aqui na minha varanda por esses dias.
:: Do que não amadurece
Ao telefone, no meio das juras de amor, ela comia bacalhau e abria presentes. Por isso que ficou tentando entender por que diabos ele vinha aqui quase todos os dias para tentar entrar um pouco dentro da vida dela pelas beiradas e, ainda assim, resistiu tanto, tanto em escrever para desejar Feliz Natal.
Ao telefone, no meio das juras de amor, ela comia bacalhau e abria presentes. Por isso que ficou tentando entender por que diabos ele vinha aqui quase todos os dias para tentar entrar um pouco dentro da vida dela pelas beiradas e, ainda assim, resistiu tanto, tanto em escrever para desejar Feliz Natal.
domingo, dezembro 21
quarta-feira, dezembro 17
:: Amigo-secreto
Confesso. Eu estava mesmo muito tensa com o amigo-secreto da firma. Porque tem aquelas histórias clássicas de quem compra presentes legais e ganha coisas estranhas. Uma amiga minha mesmo, em pleno amigo-secreto da família, uma família enorme e abonada, foi tirada por um dos primos - o mais alternativo de todos, que fez física na USP e é casado com uma bióloga, sabe? E então, depois dela presentear, com algo incrível e de muito bom gosto, foi presenteada por ele. Adivinha? Um mata mosquito. Ela sorriu e agradeceu. Foi pro quarto e me ligou no instante seguinte: "Ziza, eu ganhei um mata mosquito".
Pois então, por conta dessas histórias, eu estava mesmo meio tensa. Pra ele, eu tinha comprado um jogo de xícaras de café. Depois de alguns problemas não-revelados, decidiu-se que não íamos mais presentear - e a festinha também foi suspensa. E eu, que queria tanto preparar o guacamole com a receita da Má, que é um espetáculo, tive de me conformar.
Mais reviravoltas e resolvemos que, quem quisesse, dava o seu presente. Assim, sem agito, nem nada. Chegava pertinho, falando baixo, sem mistério, e: "olha, eu tirei você, aqui está o meu presente". No final das contas, foi mais ou menos assim. Também por isso, ninguém sabia muito bem quem ia e quem não ia ganhar presente. Afinal, teve a turma dos resistentes.
Depois de tudo, ufa. Quem me tirou foi a menina das pernas mais lindas, que abraça apertado, tem um bom gosto extremo e é gastona. Um luxo. Foi por conta disso que eu ganhei um caderno (sem pauta, ela sabe direitinho) da Papel Craft, com capa de couro laranja, um arraso. No lindo pacotinho também tinha um lápis e um bonequinho que me apaguei horrores e que batizei de picachu. Vou fotografar e colocar aqui qualquer hora.
O melhor foi que ela abraçou muito, muito forte. E, melhor ainda, foi ela me contar, assim, que ainda falta um pedaço. "Eu só preciso comprar umas tintas para acabar o quadrinho das galinhas d'angola." Ai, a galinha d'angola que eu tanto queria para pendurar na minha minicozinha. Por isso (e por outras) que ela está em alta no balanço do ano.
Confesso. Eu estava mesmo muito tensa com o amigo-secreto da firma. Porque tem aquelas histórias clássicas de quem compra presentes legais e ganha coisas estranhas. Uma amiga minha mesmo, em pleno amigo-secreto da família, uma família enorme e abonada, foi tirada por um dos primos - o mais alternativo de todos, que fez física na USP e é casado com uma bióloga, sabe? E então, depois dela presentear, com algo incrível e de muito bom gosto, foi presenteada por ele. Adivinha? Um mata mosquito. Ela sorriu e agradeceu. Foi pro quarto e me ligou no instante seguinte: "Ziza, eu ganhei um mata mosquito".
Pois então, por conta dessas histórias, eu estava mesmo meio tensa. Pra ele, eu tinha comprado um jogo de xícaras de café. Depois de alguns problemas não-revelados, decidiu-se que não íamos mais presentear - e a festinha também foi suspensa. E eu, que queria tanto preparar o guacamole com a receita da Má, que é um espetáculo, tive de me conformar.
Mais reviravoltas e resolvemos que, quem quisesse, dava o seu presente. Assim, sem agito, nem nada. Chegava pertinho, falando baixo, sem mistério, e: "olha, eu tirei você, aqui está o meu presente". No final das contas, foi mais ou menos assim. Também por isso, ninguém sabia muito bem quem ia e quem não ia ganhar presente. Afinal, teve a turma dos resistentes.
Depois de tudo, ufa. Quem me tirou foi a menina das pernas mais lindas, que abraça apertado, tem um bom gosto extremo e é gastona. Um luxo. Foi por conta disso que eu ganhei um caderno (sem pauta, ela sabe direitinho) da Papel Craft, com capa de couro laranja, um arraso. No lindo pacotinho também tinha um lápis e um bonequinho que me apaguei horrores e que batizei de picachu. Vou fotografar e colocar aqui qualquer hora.
O melhor foi que ela abraçou muito, muito forte. E, melhor ainda, foi ela me contar, assim, que ainda falta um pedaço. "Eu só preciso comprar umas tintas para acabar o quadrinho das galinhas d'angola." Ai, a galinha d'angola que eu tanto queria para pendurar na minha minicozinha. Por isso (e por outras) que ela está em alta no balanço do ano.
segunda-feira, dezembro 15
:: Do jeito dela
Ela finalmente me convidou para ir à sua casa. Um dia, depois de muita insistência, confessou que o problema era o banheiro. O banheiro marrom. Tudo isso porque um dia, quando resolvi mudar radicalmente os meus banheiros, tinha dito: "tudo, menos banheiro marrom". Ainda penso assim. Acho que ela não entendeu que, banheiro marrom, sempre é uma escolha do outro, nunca da gente. E a casa, claro, não é dela. E o proprietário, que dúvida, escolheu vasos e azulejos em tons de marrom - tons de marrom, vejam.
Eu entrei de cabeça baixa, com o espumante na mão esquerda. Dei um meio abraço e pedi, por favor, para ver o banheiro. Depois, fui conhecer a casinha, linda, que tem uma janela na altura da copa da árvore, que fica na calçada.
Sentei no chão, num cantinho, um pouco tímida diante dos amigos que não conheço bem e fiquei observando os discos no armário que sustenta a TV. Todos em desordem. E então, esperei o momento em que ela começou a descrever com detalhes os quitutes que estavam sobre a mesa, decorados com florzinhas coloridas e um vaso de lisanthus brancos, suas preferidas.
Ela contou sobre a torta de tomates confitados com queijo e melado de romã. E repetia: "melado de romã, Lulu". Aí vinham os brioches, as pequenas foccacias com alecrim, o pãozinho rústico de nozes e damasco, o salmão marinado, o pão-de-festa, os delicados barquinhos de tapioca com queijo, saindo do forno, com aquele perfume pela casa, o brie com geléia de framboesa (que ela acabou de trazer, na própria mala, de Paris). E então as frutas vermelhas - e ele nunca, nunca tinha comido uma cereja na vida. O suco de lichia. Os espumantes para os brindes (um, dois, três).
Os brindes. Sempre os brindes.
Ela finalmente me convidou para ir à sua casa. Um dia, depois de muita insistência, confessou que o problema era o banheiro. O banheiro marrom. Tudo isso porque um dia, quando resolvi mudar radicalmente os meus banheiros, tinha dito: "tudo, menos banheiro marrom". Ainda penso assim. Acho que ela não entendeu que, banheiro marrom, sempre é uma escolha do outro, nunca da gente. E a casa, claro, não é dela. E o proprietário, que dúvida, escolheu vasos e azulejos em tons de marrom - tons de marrom, vejam.
Eu entrei de cabeça baixa, com o espumante na mão esquerda. Dei um meio abraço e pedi, por favor, para ver o banheiro. Depois, fui conhecer a casinha, linda, que tem uma janela na altura da copa da árvore, que fica na calçada.
Sentei no chão, num cantinho, um pouco tímida diante dos amigos que não conheço bem e fiquei observando os discos no armário que sustenta a TV. Todos em desordem. E então, esperei o momento em que ela começou a descrever com detalhes os quitutes que estavam sobre a mesa, decorados com florzinhas coloridas e um vaso de lisanthus brancos, suas preferidas.
Ela contou sobre a torta de tomates confitados com queijo e melado de romã. E repetia: "melado de romã, Lulu". Aí vinham os brioches, as pequenas foccacias com alecrim, o pãozinho rústico de nozes e damasco, o salmão marinado, o pão-de-festa, os delicados barquinhos de tapioca com queijo, saindo do forno, com aquele perfume pela casa, o brie com geléia de framboesa (que ela acabou de trazer, na própria mala, de Paris). E então as frutas vermelhas - e ele nunca, nunca tinha comido uma cereja na vida. O suco de lichia. Os espumantes para os brindes (um, dois, três).
Os brindes. Sempre os brindes.
domingo, dezembro 14
sábado, dezembro 13
quinta-feira, dezembro 11
:: Quando preciso me conformar
("piciso" muito, eu ia dizer pra elas)
A partir do dia primeiro do ano, o jornal vai adotar as regras do novo acordo ortográfico. Na semana passada, tivemos aulas de português com a professora que nos atende 24h para tirar dúvidas ao telefone - a glória. Confesso, estou meio nervosa.
Primeiro, porque, imagina, eu vou ter de viver sem tremas. Como é que vou ser capaz de escrever linguiça e não lingüiça? Além do português, é uma questão de charme. Depois, tive de relembrar as regras dos ditongos, hiatos, paroxítonas, oxítonas, monossílabos tônicos e afins para aprender, em seguida, as novas formas de usar acentos agudos em palavras como assembleia, ideia, heroico - pasmem: todos perderm o acento.
Atenção, está assim na ficha da aula: "quando o hiato é antecedido de ditongo, os acentos agudos nos hiatos "i" e "u", desaparace. A-hã. Claro. Óbvio. E então, a boa notícia: o acento circunflexo nas letras dobradas de-sa-pa-re-ce! Chega de veem, leem, voo, enjoo com acento. Ufa.
Eis que surgem as novas regras para hífen e voltei a ficar passada. Até esqueci que "o acento circunflexo nas letras dobradas de-sa-pa-re-ce" e tal. Pois estudei hífens a minha vida inteira. Decorei a lista até aprender de verdade e agora, atenção, tudo, tudo mudou. Bem, micro-ondas agora teremos de grafar assim, com hífen. Assim como temos novidades em palavras como: antissocial, paraquedas, contrarregra, benfeito, autorretrato, arqui-inimigo e afins, em suas novas versões.
Pior, pêra perde o acento e vira pera. Pára também e tudo vira para. E agora?
("piciso" muito, eu ia dizer pra elas)
A partir do dia primeiro do ano, o jornal vai adotar as regras do novo acordo ortográfico. Na semana passada, tivemos aulas de português com a professora que nos atende 24h para tirar dúvidas ao telefone - a glória. Confesso, estou meio nervosa.
Primeiro, porque, imagina, eu vou ter de viver sem tremas. Como é que vou ser capaz de escrever linguiça e não lingüiça? Além do português, é uma questão de charme. Depois, tive de relembrar as regras dos ditongos, hiatos, paroxítonas, oxítonas, monossílabos tônicos e afins para aprender, em seguida, as novas formas de usar acentos agudos em palavras como assembleia, ideia, heroico - pasmem: todos perderm o acento.
Atenção, está assim na ficha da aula: "quando o hiato é antecedido de ditongo, os acentos agudos nos hiatos "i" e "u", desaparace. A-hã. Claro. Óbvio. E então, a boa notícia: o acento circunflexo nas letras dobradas de-sa-pa-re-ce! Chega de veem, leem, voo, enjoo com acento. Ufa.
Eis que surgem as novas regras para hífen e voltei a ficar passada. Até esqueci que "o acento circunflexo nas letras dobradas de-sa-pa-re-ce" e tal. Pois estudei hífens a minha vida inteira. Decorei a lista até aprender de verdade e agora, atenção, tudo, tudo mudou. Bem, micro-ondas agora teremos de grafar assim, com hífen. Assim como temos novidades em palavras como: antissocial, paraquedas, contrarregra, benfeito, autorretrato, arqui-inimigo e afins, em suas novas versões.
Pior, pêra perde o acento e vira pera. Pára também e tudo vira para. E agora?
quarta-feira, dezembro 10
domingo, dezembro 7
:: Da agenda cultural
Na sexta fomos ver o show da Ná Ozzetti. Arrepiou tudo. E então lembrei de quando eu era pequenininha e ouvia Rumo sem parar e mamãe imitava o barulho do carro com a boca, assim. Mais tarde um pouquinho, quando fazia sol na casa da Vila, mamãe colocava o vinil da Ná pra gente ouvir. Enquanto a sis cantava junto com ela, que cantavam junto com a Ná, eu tentava desenhar a capa do disco num papel branco, com lápis, igualzinho, e mamãe dizia, que lindo que ficou, filhota.
Na sexta fomos ver o show da Ná Ozzetti. Arrepiou tudo. E então lembrei de quando eu era pequenininha e ouvia Rumo sem parar e mamãe imitava o barulho do carro com a boca, assim. Mais tarde um pouquinho, quando fazia sol na casa da Vila, mamãe colocava o vinil da Ná pra gente ouvir. Enquanto a sis cantava junto com ela, que cantavam junto com a Ná, eu tentava desenhar a capa do disco num papel branco, com lápis, igualzinho, e mamãe dizia, que lindo que ficou, filhota.
sexta-feira, dezembro 5
quinta-feira, dezembro 4
Como hoje estou correndo-correndo-correndo, recuperei um dos textos mais lindos que já fizeram pra mim na vida, de m.y. Vale?
:: luiza
eu servia a uma principessa. mas ela encontrou outros reinos. aprendi o mal jeito de ir embora e fui. vaguei por outras terras, tive aventuras, sofri derrotas e aprendi a ciência das estrelas. voltei às terras de luiza por acaso e dentro daquela imensidão de campos e céus, deixei a armadura de caveleiro para os mais novos. fui ter com a principessa e percebi que a imortalidade das estrelas era imprecisa.
descobri que abandonei uma principessa solar, que existia em sistemas frágeis. deixei de ver os campos, os céus e a pessoa que era. o quão bonito eram suas coisas terrenas, o cabelo, a compaixão, o jeito com que fazia seus chamamentos. disse-me ela que também não evitou que eu partisse porque não sabia o que era partir.
percebi nesse dia a principessa que nunca deixaria de me acudir e que me amava o tanto quanto podia e ofereci-lhe um reino e minha vassalagem para que não nos perdêssemos mais.
:: luiza
eu servia a uma principessa. mas ela encontrou outros reinos. aprendi o mal jeito de ir embora e fui. vaguei por outras terras, tive aventuras, sofri derrotas e aprendi a ciência das estrelas. voltei às terras de luiza por acaso e dentro daquela imensidão de campos e céus, deixei a armadura de caveleiro para os mais novos. fui ter com a principessa e percebi que a imortalidade das estrelas era imprecisa.
descobri que abandonei uma principessa solar, que existia em sistemas frágeis. deixei de ver os campos, os céus e a pessoa que era. o quão bonito eram suas coisas terrenas, o cabelo, a compaixão, o jeito com que fazia seus chamamentos. disse-me ela que também não evitou que eu partisse porque não sabia o que era partir.
percebi nesse dia a principessa que nunca deixaria de me acudir e que me amava o tanto quanto podia e ofereci-lhe um reino e minha vassalagem para que não nos perdêssemos mais.
quarta-feira, dezembro 3
:: As regiões da cidade
Eu trabalho em um canto da cidade que não suporto, principalmente porque não tem onde comer bem - tem apenas o Casserole, mas eu não ganho pra isso; Casserole é pra dia de aniversário. Para chegar, passo por lugares como o "sukão", a "belíssima bella", o "kilo do lord" e o "quase tudo - materias de construção".
Eu trabalho em um canto da cidade que não suporto, principalmente porque não tem onde comer bem - tem apenas o Casserole, mas eu não ganho pra isso; Casserole é pra dia de aniversário. Para chegar, passo por lugares como o "sukão", a "belíssima bella", o "kilo do lord" e o "quase tudo - materias de construção".
terça-feira, dezembro 2
:: Diálogos
Hoje me ligaram da Livraria da Vila, por onde eu passo todas as semanas, para me avisar que o livro que encomendei chegou. Teve aquele dia que fiz uma pilha de livros ali no café, levei a lista de todas as indicações e não tinha nada, sabe? E então, liguei pra ele desesperada pedindo sugestões - imagina, um domingo de manhã e ele acordando. Então, me disse que eu tinha de ler "Mulherzinhas", da Louisa May Alcott. Também não tinha e encomendei. Acabei levando o Voltaire.
E então, hoje, quando desliguei o telefone, virei para o meu amigo repórter-que-entende-tudo-de-literatura:
- Chegou meu livro! "Mulherzinhas".
- Da Louisa May Alcott?
- Sim. Eu vou gostar?
- Você gosta de Jane Austen?
- Amo, tá na lista das prediletas.
- Então vai.
Virou para seu computador e continuou trabalhando horrores.
Hoje me ligaram da Livraria da Vila, por onde eu passo todas as semanas, para me avisar que o livro que encomendei chegou. Teve aquele dia que fiz uma pilha de livros ali no café, levei a lista de todas as indicações e não tinha nada, sabe? E então, liguei pra ele desesperada pedindo sugestões - imagina, um domingo de manhã e ele acordando. Então, me disse que eu tinha de ler "Mulherzinhas", da Louisa May Alcott. Também não tinha e encomendei. Acabei levando o Voltaire.
E então, hoje, quando desliguei o telefone, virei para o meu amigo repórter-que-entende-tudo-de-literatura:
- Chegou meu livro! "Mulherzinhas".
- Da Louisa May Alcott?
- Sim. Eu vou gostar?
- Você gosta de Jane Austen?
- Amo, tá na lista das prediletas.
- Então vai.
Virou para seu computador e continuou trabalhando horrores.
segunda-feira, dezembro 1
sábado, novembro 29
:: Onde eu bato cartão
Auditório Ibirapuera. Estávamos no café, fazendo o trabalho ficar bem (bem mesmo) mais divertido do que ele é. E ele quis ser simpático e perguntou se eu queria ir ao show do Hurtmold - porque sabe que sempre digo não para os programas não-planejados. E eu disse sim. Fomos nós três ver aqueles bons (e tão gatinhos) músicos e ainda aproveitamos uma palhinha do Camelo que, até ontem eu não acreditava que estava mesmo com a Mallu Magalhães - mas eu vi com os meus próprios olhos e fiquei realmente chocada: é verdade. E ela é uma minipessoa.
Ouve comigo? eu ia dizer pra ele...
Auditório Ibirapuera. Estávamos no café, fazendo o trabalho ficar bem (bem mesmo) mais divertido do que ele é. E ele quis ser simpático e perguntou se eu queria ir ao show do Hurtmold - porque sabe que sempre digo não para os programas não-planejados. E eu disse sim. Fomos nós três ver aqueles bons (e tão gatinhos) músicos e ainda aproveitamos uma palhinha do Camelo que, até ontem eu não acreditava que estava mesmo com a Mallu Magalhães - mas eu vi com os meus próprios olhos e fiquei realmente chocada: é verdade. E ela é uma minipessoa.
Ouve comigo? eu ia dizer pra ele...
:: As preocupações pré-casamento e pré-filho
Ela o conheceu há pouco tempo e nem pensa em casamento. Mas, na vida, quer casar. Quer muito. Então, no meio dos detalhes, disse que está muito preocupada porque ele tem o lóbulo da orelha colado e ela quer ter um filho com o lóbulo da orelha descolado. Ela diz, eu reparo muito nas mãos e nos olhos e nos lóbulos das orelhas. Como eu só fui perceber isso agora? Que ele tem o lóbulo colado? Está muito preocupada.
Ela o conheceu há pouco tempo e nem pensa em casamento. Mas, na vida, quer casar. Quer muito. Então, no meio dos detalhes, disse que está muito preocupada porque ele tem o lóbulo da orelha colado e ela quer ter um filho com o lóbulo da orelha descolado. Ela diz, eu reparo muito nas mãos e nos olhos e nos lóbulos das orelhas. Como eu só fui perceber isso agora? Que ele tem o lóbulo colado? Está muito preocupada.
sexta-feira, novembro 28
:: Brutal
Ela sempre fala "brutal" e a gente imita. A gente imita e depois ri. E hoje fomos, las 3 chicas, almoçar juntas em um restaurante baiano, para eu continuar a apuração de uma matéria que estou fazendo. Enquanto eu tomava suco de umbu e contava a história dele pra elas, porque elas andam irritadas comigo porque, no fundo, eu sou uma pessoa fechada, ela disse os "racionais passionais" são os que mais sofrem.
Ela sempre fala "brutal" e a gente imita. A gente imita e depois ri. E hoje fomos, las 3 chicas, almoçar juntas em um restaurante baiano, para eu continuar a apuração de uma matéria que estou fazendo. Enquanto eu tomava suco de umbu e contava a história dele pra elas, porque elas andam irritadas comigo porque, no fundo, eu sou uma pessoa fechada, ela disse os "racionais passionais" são os que mais sofrem.
quinta-feira, novembro 27
:: Enrolada na cozinha
Ele sempre diz que eu só escrevo as coisas boas, então, é como se esse texto das tragédias na cozinha fosse feito só pra ele.
***
Eu tinha planejado tudo muito rápido, por conta da eterna falta de tempo. Mas, enfim, chegou o dia em que ela viria me ver. Saí correndo do jornal, fui fazer uma matéria na rua, depois fui ao supermercado e ...casa. Não sei se era o cansaço ou o pouco tempo que eu tinha, mas me atrapalhei inteira na cozinha e fiquei um pouco tensa, confesso. Eu me enrolei até com a água do macarrão, imagina.
Os pratos não saíram lindos como eu previa e nem consegui me organizar a ponto de servir entrada e prato principal numa seqüência (ai, os tremas...) ideal. Tentei adiantar a entrada e, claro, fiz a besteira de misturar o molhinho da salada antes da hora e aí as minirrúculas (sim, dobra-se o “r”) ficaram meio murchas na hora de ir pra mesa.
Enfim, servi a saladinha de rúcula e presunto cru e não-figo (porque perdi o figo no caminho entre o supermercado e a casa, juro) numa cestinha de parmesão - que eu mesma fiz! Depois, tinha um espaguete ao limone, com raspas de limão-siciliano e taiti (pra ficar verdinho e amarelo) e manjericão.
Ele sempre diz que eu só escrevo as coisas boas, então, é como se esse texto das tragédias na cozinha fosse feito só pra ele.
***
Eu tinha planejado tudo muito rápido, por conta da eterna falta de tempo. Mas, enfim, chegou o dia em que ela viria me ver. Saí correndo do jornal, fui fazer uma matéria na rua, depois fui ao supermercado e ...casa. Não sei se era o cansaço ou o pouco tempo que eu tinha, mas me atrapalhei inteira na cozinha e fiquei um pouco tensa, confesso. Eu me enrolei até com a água do macarrão, imagina.
Os pratos não saíram lindos como eu previa e nem consegui me organizar a ponto de servir entrada e prato principal numa seqüência (ai, os tremas...) ideal. Tentei adiantar a entrada e, claro, fiz a besteira de misturar o molhinho da salada antes da hora e aí as minirrúculas (sim, dobra-se o “r”) ficaram meio murchas na hora de ir pra mesa.
Enfim, servi a saladinha de rúcula e presunto cru e não-figo (porque perdi o figo no caminho entre o supermercado e a casa, juro) numa cestinha de parmesão - que eu mesma fiz! Depois, tinha um espaguete ao limone, com raspas de limão-siciliano e taiti (pra ficar verdinho e amarelo) e manjericão.
terça-feira, novembro 25
:: Holerite
A gente sempre abre o holerite, vira uma pra outra e pergunta:
- E aí, alguma novidade?
E cai na risada. Já é tradição.
Somos as únicas do jornal inteiro, acho, que fazemos isso religiosamente. Hoje, liguei no ramal dela para perguntar:
- E aí, abriu seu holerite?
E ela:
- Ai, eu ainda fico muito fascinada com essa coisa do mundo dos adultos, de ter 13º salário.
A gente sempre abre o holerite, vira uma pra outra e pergunta:
- E aí, alguma novidade?
E cai na risada. Já é tradição.
Somos as únicas do jornal inteiro, acho, que fazemos isso religiosamente. Hoje, liguei no ramal dela para perguntar:
- E aí, abriu seu holerite?
E ela:
- Ai, eu ainda fico muito fascinada com essa coisa do mundo dos adultos, de ter 13º salário.
:: O cobrador
Sempre que pego o ônibus atrasada tem um cobrador muito incrível. Um negão alto e magro, com seus 40/50 anos e sempre, sempre sorrindo. Ele conversa sem parar e fala assim para cada um que passa na catraca:
- Oi, amigão
- Bom dia, lindona
- Oi, bela
- Bom dia, queridão
A gente até esquece que está atrasada.
Sempre que pego o ônibus atrasada tem um cobrador muito incrível. Um negão alto e magro, com seus 40/50 anos e sempre, sempre sorrindo. Ele conversa sem parar e fala assim para cada um que passa na catraca:
- Oi, amigão
- Bom dia, lindona
- Oi, bela
- Bom dia, queridão
A gente até esquece que está atrasada.
segunda-feira, novembro 24
:: Ludoteca
Quando meu pai me trouxe esse sapo da Amazônia, eu nunca, nunca pensei que pudesse me desprender dele a ponto de dar o bicho na mão de uma criança. Mas, então, a minha pituquinha ali, com aqueles olhos, aquela pernoquinha fofa e eu não resisti.
Tem também as bolinhas da geladeira. Quando ela viu, até falou. Ela fala "bó, bó, bó" (bola, hein?). De repente, a gente estava ali esparramada no tapete vermelho, brincando loucamente com os meus objetos prediletos, que morro de ciúme. A glória.
Descobri que minha casa é lúdica, um ambiente perfeito para crianças - e que eu posso suportar bem essa coisa de mexerem nas minhas coisas.
Quando meu pai me trouxe esse sapo da Amazônia, eu nunca, nunca pensei que pudesse me desprender dele a ponto de dar o bicho na mão de uma criança. Mas, então, a minha pituquinha ali, com aqueles olhos, aquela pernoquinha fofa e eu não resisti.
Tem também as bolinhas da geladeira. Quando ela viu, até falou. Ela fala "bó, bó, bó" (bola, hein?). De repente, a gente estava ali esparramada no tapete vermelho, brincando loucamente com os meus objetos prediletos, que morro de ciúme. A glória.
Descobri que minha casa é lúdica, um ambiente perfeito para crianças - e que eu posso suportar bem essa coisa de mexerem nas minhas coisas.
:: Frases-pérola
Ela é nossa chefe, ela levanta da cadeira no meio do fechamento, de repente, e ela, em voz alta, pede atenção:
- Tenho duas coisas pra dizer:
um: é proibido assobiar Young Folks aqui
dois: eu exijo um amigo-secreto amanhã
Por isso que eu agradeço sempre, sempre, antes de dormir.
Ela também diz que é preciso "ajudar o coleguinha", que "só vai embora hoje quem sugerir um bom título pra capa", que "se vocês não ficaram satisfeitos com os dias de plantão no Ano Novo e no Natal podem vir falar comigo".
Ela é nossa chefe, ela levanta da cadeira no meio do fechamento, de repente, e ela, em voz alta, pede atenção:
- Tenho duas coisas pra dizer:
um: é proibido assobiar Young Folks aqui
dois: eu exijo um amigo-secreto amanhã
Por isso que eu agradeço sempre, sempre, antes de dormir.
Ela também diz que é preciso "ajudar o coleguinha", que "só vai embora hoje quem sugerir um bom título pra capa", que "se vocês não ficaram satisfeitos com os dias de plantão no Ano Novo e no Natal podem vir falar comigo".
:: Almoço da firma
- Sempre que eu falo como é aqui, que a gente ganha pouco e trabalha muito, acham que, ainda assim, meu trabalho é uma maravilha.
- Comigo não é assim, pra mim as pessoas falam: "Sai desse inferno, peloamordedeus"!
- Mas eu converso com jornalista tipo da revista da Igreja Universal, né?
- Sempre que eu falo como é aqui, que a gente ganha pouco e trabalha muito, acham que, ainda assim, meu trabalho é uma maravilha.
- Comigo não é assim, pra mim as pessoas falam: "Sai desse inferno, peloamordedeus"!
- Mas eu converso com jornalista tipo da revista da Igreja Universal, né?
domingo, novembro 23
sexta-feira, novembro 21
:: Por e-mail
Penso muito em vc, todos os dias. Motivos:
4) pq amo sua casa e quero uma igual
5) pq nossos encontros (adorados) nunca são suficientes pra liquidar os assuntos pendentes
7) pq vc é a melhor companhia para conversar sobre temas realmente importantes
9) pq música boa me faz lembrar de vc (e tenho escutado várias)
10) pq meu punho dói e eu faço ginástica laboral sempre que dá (haha)
11) pq eu morro de saudades
Pulei alguns itens, mas, minutos depois, chega um recadinho no celular:
Mais um motivo: pq pintei as unhas de vermelho 40º.
Penso muito em vc, todos os dias. Motivos:
4) pq amo sua casa e quero uma igual
5) pq nossos encontros (adorados) nunca são suficientes pra liquidar os assuntos pendentes
7) pq vc é a melhor companhia para conversar sobre temas realmente importantes
9) pq música boa me faz lembrar de vc (e tenho escutado várias)
10) pq meu punho dói e eu faço ginástica laboral sempre que dá (haha)
11) pq eu morro de saudades
Pulei alguns itens, mas, minutos depois, chega um recadinho no celular:
Mais um motivo: pq pintei as unhas de vermelho 40º.
:: Sobre almoços de domingo
Era o segundo fim de semana que ela tentava marcar o almoço-família-do-namorado-quase-marido. Enfim, deu certo e domingo eu ia participar do ritual-mostrar-casa-nova e tal.
Chegamos primeiro que os outros convidados. A casa estava impecável, com sol entrando por todos os lados. Mesa posta, virada de lá pra cá, porque do jeito original, com uma ponta encostada na parede, ia ficar tudo meio apertado. Ela já estava com a minibarriga encostada ali atrás, no fogão, para preparar o arroz numa grande panela.
No centro da sala, aperitivos delicados, como o tomatinho-cereja com flor-de-sal, à vontade. Hum, eu pensei. No som, seleção finíssima de bossa nova. O bobó de camarão já estava pronto, com camarões limpinhos, graúdos. Hum, eu pensei.
À mesa, todos sentados, um espumante rosé, depois um vinho rosé e eu na coca light, em um copo de vidro que imita a latinha - sou mesmo fã, confesso. Tem algo de adolescente nisso. Eu sei.
Depois da entrada, uma salada que estava deliciosa, com frango defumado, simples de fazer, que quero copiar num almoço em casa, urgente, ela serviu o bobó com arroz. E aqueles camarões aparecendo por todos os lados... Hum, eu pensei...
Talheres quase cruzados, e a mãe dela chega com o pai só para “um oi rápido”. Ficam em pé em volta da mesa, jogando ótima conversa fora, cheia de graça. E a mãe se vira para o aparador das travessas e repara que falta o.... cuscuz! Onde está o cuscuz?, ela diz.
A minipessoa, a filha, a anfitriã, a dona da casa impecável, aquela que preparou playlist de bossa nova com toda a elegância, aquela que dá miniabraços para receber os convidados, tinha, simplesmente, esquecido de servir o cuscuz.
Talheres descruzados, foi uma ótima notícia, recomeçamos o almoço mais uma vez. Na maior tranqüilidade e alegria.
Era o segundo fim de semana que ela tentava marcar o almoço-família-do-namorado-quase-marido. Enfim, deu certo e domingo eu ia participar do ritual-mostrar-casa-nova e tal.
Chegamos primeiro que os outros convidados. A casa estava impecável, com sol entrando por todos os lados. Mesa posta, virada de lá pra cá, porque do jeito original, com uma ponta encostada na parede, ia ficar tudo meio apertado. Ela já estava com a minibarriga encostada ali atrás, no fogão, para preparar o arroz numa grande panela.
No centro da sala, aperitivos delicados, como o tomatinho-cereja com flor-de-sal, à vontade. Hum, eu pensei. No som, seleção finíssima de bossa nova. O bobó de camarão já estava pronto, com camarões limpinhos, graúdos. Hum, eu pensei.
À mesa, todos sentados, um espumante rosé, depois um vinho rosé e eu na coca light, em um copo de vidro que imita a latinha - sou mesmo fã, confesso. Tem algo de adolescente nisso. Eu sei.
Depois da entrada, uma salada que estava deliciosa, com frango defumado, simples de fazer, que quero copiar num almoço em casa, urgente, ela serviu o bobó com arroz. E aqueles camarões aparecendo por todos os lados... Hum, eu pensei...
Talheres quase cruzados, e a mãe dela chega com o pai só para “um oi rápido”. Ficam em pé em volta da mesa, jogando ótima conversa fora, cheia de graça. E a mãe se vira para o aparador das travessas e repara que falta o.... cuscuz! Onde está o cuscuz?, ela diz.
A minipessoa, a filha, a anfitriã, a dona da casa impecável, aquela que preparou playlist de bossa nova com toda a elegância, aquela que dá miniabraços para receber os convidados, tinha, simplesmente, esquecido de servir o cuscuz.
Talheres descruzados, foi uma ótima notícia, recomeçamos o almoço mais uma vez. Na maior tranqüilidade e alegria.
quarta-feira, novembro 19
:: Costumes femininos
Por isso que eu digo: no fundo, esse blog é mesmo para meninas!
Pois só elas devem entender o fato de eu ter acordado bem mais cedo do que o necessário, depois de, ontem, ter saído de madrugada do jornal, para ir à manicure. E lá, pedir, de quebra, para lavarem meu cabelo, com cremes e frescurinhas especiais. Lavem! Lavem! E, depois de tudo isso, achar que nada será capaz de estragar meu dia.
Por isso que eu digo: no fundo, esse blog é mesmo para meninas!
Pois só elas devem entender o fato de eu ter acordado bem mais cedo do que o necessário, depois de, ontem, ter saído de madrugada do jornal, para ir à manicure. E lá, pedir, de quebra, para lavarem meu cabelo, com cremes e frescurinhas especiais. Lavem! Lavem! E, depois de tudo isso, achar que nada será capaz de estragar meu dia.
terça-feira, novembro 18
:: Dos escritos
Foi assim que mandei pra ele.
E foi mais ou menos assim que mandei pra ela.
"E então eu tinha apenas uma missão para o fim de semana: ir à livraria escolher meu próximo livro... Sábado é dia de compromissos burocráticos. Sobrou para domingo. Lá na Livraria da Vila, gosto de separar uma pilha de livros e pedir um expresso curto lá nos fundos, sob as árvores. Fuçar, fuçar... E, bem depois, ir pro caixa. E então foi assim, a pilha de livros, o café. E a lista completa de tudo que tinham me indicado. Metade, não tinha disponível. De resto, nada, nada, me agradava. No fim, depois de um telefone de confiança, levei um Voltaire. Mas ainda com certa insatisfação. Acho que o que eu queria mesmo era um livro seu, recém-lançado, ali na prateleira central. Cadê? Eu pensei..."
Foi assim que mandei pra ele.
E foi mais ou menos assim que mandei pra ela.
"E então eu tinha apenas uma missão para o fim de semana: ir à livraria escolher meu próximo livro... Sábado é dia de compromissos burocráticos. Sobrou para domingo. Lá na Livraria da Vila, gosto de separar uma pilha de livros e pedir um expresso curto lá nos fundos, sob as árvores. Fuçar, fuçar... E, bem depois, ir pro caixa. E então foi assim, a pilha de livros, o café. E a lista completa de tudo que tinham me indicado. Metade, não tinha disponível. De resto, nada, nada, me agradava. No fim, depois de um telefone de confiança, levei um Voltaire. Mas ainda com certa insatisfação. Acho que o que eu queria mesmo era um livro seu, recém-lançado, ali na prateleira central. Cadê? Eu pensei..."
domingo, novembro 16
:: Ainda, as amizades
"amorzinho, fugi e vim pra casa.
aluguei Em Paris, passei na Benjamin e comprei delícias... agora irei deitar em minha cama e desfrutar o Louis Garrel, em plena quinta-feira, 18h30. Rá!
desculpe minhas reclamações nesta semana. (com certeza você iria me perguntar todos os dias "você está de mau humor hoje?". E eu ia responder que sim todas as vezes).
Adoro que a gente se ama.
um beijo"
"amorzinho, fugi e vim pra casa.
aluguei Em Paris, passei na Benjamin e comprei delícias... agora irei deitar em minha cama e desfrutar o Louis Garrel, em plena quinta-feira, 18h30. Rá!
desculpe minhas reclamações nesta semana. (com certeza você iria me perguntar todos os dias "você está de mau humor hoje?". E eu ia responder que sim todas as vezes).
Adoro que a gente se ama.
um beijo"
:: Amigos que não passam
Tenho amigos que não passam nunca. Eles mudam de cidade, mudam de país, mudam de telefone, de gosto, de namorado, de casa, de cantores prediletos. Eles mudam a aparência, mudam o círculo de amizades, os hábitos de leitura e os pratos prediletos. Ainda assim, esses amigos que mudam tanto, enquanto a gente também muda muda muda, ficam. E então, hoje, aqui na minha minicasa, onde gosto tanto de estar, ela escreveu, até fazer meus olhos encherem assim.
"Bem que vc podia dar uma escapada-delinquente e vir passar um fim de semana aqui comigo, né? Pensa só: instituto moreira salles, gula-gula, praia vermelha, livraria da travessa.... hum?"
Tenho amigos que não passam nunca. Eles mudam de cidade, mudam de país, mudam de telefone, de gosto, de namorado, de casa, de cantores prediletos. Eles mudam a aparência, mudam o círculo de amizades, os hábitos de leitura e os pratos prediletos. Ainda assim, esses amigos que mudam tanto, enquanto a gente também muda muda muda, ficam. E então, hoje, aqui na minha minicasa, onde gosto tanto de estar, ela escreveu, até fazer meus olhos encherem assim.
"Bem que vc podia dar uma escapada-delinquente e vir passar um fim de semana aqui comigo, né? Pensa só: instituto moreira salles, gula-gula, praia vermelha, livraria da travessa.... hum?"
sábado, novembro 15
:: Ao mesmo tempo
Enquanto penso o que vou fazer hoje à noite, se vou ao show da Orquestra Imperial dançar com as meninas, se aceito o convite de ir pra Granja na casa de um amigo bater papo, se vou assistir ao novo filme do Woody Allen, que quero muito, se vou ter uma conversa meio séria sobre a vida, enquanto penso nisso tudo, a máquina das roupas coloridas está quase no final.
Já arrumei as compras do supermercado nos armários e resolvi abrir todas as minhas bolsas para organizar o que tinha de papel lá dentro. Enquanto ouço Chico, de janelas abertas, enquanto observo o meu pé de café, os alhos confit estão no forno, com sal grosso e alecrim, quase prontos.
Enquanto penso o que vou fazer hoje à noite, se vou ao show da Orquestra Imperial dançar com as meninas, se aceito o convite de ir pra Granja na casa de um amigo bater papo, se vou assistir ao novo filme do Woody Allen, que quero muito, se vou ter uma conversa meio séria sobre a vida, enquanto penso nisso tudo, a máquina das roupas coloridas está quase no final.
Já arrumei as compras do supermercado nos armários e resolvi abrir todas as minhas bolsas para organizar o que tinha de papel lá dentro. Enquanto ouço Chico, de janelas abertas, enquanto observo o meu pé de café, os alhos confit estão no forno, com sal grosso e alecrim, quase prontos.
quinta-feira, novembro 13
:: Salto alto
Hoje li numa reportagem da "Wish" que o restaurante Masa, em NY, subiu para três estrelas no guia Michelin. E então lembrei do almoço glorioso que tive lá, nos meus últimos dias de NY e, computando, já fui em dois três estrelas na vida (rá rá), contando com o Le Bernardin, que está na lista dos 50 do mundo.
Hoje li numa reportagem da "Wish" que o restaurante Masa, em NY, subiu para três estrelas no guia Michelin. E então lembrei do almoço glorioso que tive lá, nos meus últimos dias de NY e, computando, já fui em dois três estrelas na vida (rá rá), contando com o Le Bernardin, que está na lista dos 50 do mundo.
quarta-feira, novembro 12
terça-feira, novembro 11
:: Sobre a sorte
Dizem que grilo verde dá sorte. E hoje eu estava sentada no ônibus, ouvindo Maria Bethânia no iPod e, sério, um grilo verde, enorme, pousou bem no meu braço. E eu, delicadamente, deu um peteleco nele. O cara ao lado riu. E eu disse: ainda bem que estou acostumada com bichos, se fosse uma perua, ia dar um ataque. Ele concordou, simpático. Mal sabe que eu me controlei muito pra não começar a gritar lá no meio. Fui finíssima, como se aquilo tudo só fosse um sinal de sorte.
Dizem que grilo verde dá sorte. E hoje eu estava sentada no ônibus, ouvindo Maria Bethânia no iPod e, sério, um grilo verde, enorme, pousou bem no meu braço. E eu, delicadamente, deu um peteleco nele. O cara ao lado riu. E eu disse: ainda bem que estou acostumada com bichos, se fosse uma perua, ia dar um ataque. Ele concordou, simpático. Mal sabe que eu me controlei muito pra não começar a gritar lá no meio. Fui finíssima, como se aquilo tudo só fosse um sinal de sorte.
domingo, novembro 9
:: Sobre meu pé de café
Hoje acordei bem disposta para comprar flores. Fui com a minha madrinha no Uemura. Olhamos de tudo. E tivemos idéias, idéias e idéias. Porque ainda não estava muito apegada à minha varandinha. E então parece que tudo mudou: ali está meu pé de café.
Eu digo assim que é o meu primeiro pé de café. Mas não sei. Eu cresci entre os pés de café, eu caminhava, puxava uns frutos para comer, andava no meio da plantação em época de florada, por entre aquelas flores branquinhas e perfumadas. Hoje, enfim, eu tenho o meu pé de café. Só meu. Ele fica ali num cantinho onde bate sol e eu posso ficar sentada no banquinho na Barauna, que ganhei um dia desses, admirando. Na loja, eu falei pro vendedor, e agora, como vou conseguir trabalhar? E ele achou graça. Mas, é mesmo isso que eu penso. E eu também acho graça.
Plantamos num vaso lindo de morrer que eu comprei junto, arrumei também uma pimentinha fofis num vasinho amarelo que eu já tinha aqui em casa, vazio. E tudo aqui ganhou cor. Tem também os vasos de flores que arrumei, um grande, que fica no centro da minimesa, um minivaso no lavabo e outro no meu banheiro. Tudo bem delicado. E eu pensando, ai, o meu pé de café...
Hoje acordei bem disposta para comprar flores. Fui com a minha madrinha no Uemura. Olhamos de tudo. E tivemos idéias, idéias e idéias. Porque ainda não estava muito apegada à minha varandinha. E então parece que tudo mudou: ali está meu pé de café.
Eu digo assim que é o meu primeiro pé de café. Mas não sei. Eu cresci entre os pés de café, eu caminhava, puxava uns frutos para comer, andava no meio da plantação em época de florada, por entre aquelas flores branquinhas e perfumadas. Hoje, enfim, eu tenho o meu pé de café. Só meu. Ele fica ali num cantinho onde bate sol e eu posso ficar sentada no banquinho na Barauna, que ganhei um dia desses, admirando. Na loja, eu falei pro vendedor, e agora, como vou conseguir trabalhar? E ele achou graça. Mas, é mesmo isso que eu penso. E eu também acho graça.
Plantamos num vaso lindo de morrer que eu comprei junto, arrumei também uma pimentinha fofis num vasinho amarelo que eu já tinha aqui em casa, vazio. E tudo aqui ganhou cor. Tem também os vasos de flores que arrumei, um grande, que fica no centro da minimesa, um minivaso no lavabo e outro no meu banheiro. Tudo bem delicado. E eu pensando, ai, o meu pé de café...
sexta-feira, novembro 7
:: Rotina reinventada
Aqui é assim: mais sóbrio, parece. Mas, então, ela chega para ajudar com alguns comandos novos, de textos novos, de páginas novas. É praticamente tudo novo. Ela nunca tem tempo, mas para ajudar você com comandos e sistema e sugestões e um colinho, sempre arruma tempo. Ela anda pela Redação sem parar, é brava, às vezes, e seríssima, sempre - digo, séria para trabalhar, comprometida. Eu adoro ver ao vivo.
Outra ela também está na maior correria. Ainda mais do que na vida normal - aqui, na verdade, não tem muito essa coisa de vida normal, mas enfim. E então, ela me apresenta ao pessoal da diagramação, arte e fotografia e volta a escrever sem parar. Eu disse, vou ser sua estagiária nesses dois dias. Ela ri, mas acha a idéia simpática. Ter uma estagiária que não é estagiária, mas que está empenhada como se fosse uma. Telefone e computador sem parar, ela levanta por frações de segundos e vem à minha mesa com dois chocolatinhos: um Godiva, da Papua Nova-Guiná, com 70% cacau, e outro da Neuhaus, que acabou de trazer da Bélgica. Por isso que não dói me habituar a uma rotina reinventada.
Aqui é assim: mais sóbrio, parece. Mas, então, ela chega para ajudar com alguns comandos novos, de textos novos, de páginas novas. É praticamente tudo novo. Ela nunca tem tempo, mas para ajudar você com comandos e sistema e sugestões e um colinho, sempre arruma tempo. Ela anda pela Redação sem parar, é brava, às vezes, e seríssima, sempre - digo, séria para trabalhar, comprometida. Eu adoro ver ao vivo.
Outra ela também está na maior correria. Ainda mais do que na vida normal - aqui, na verdade, não tem muito essa coisa de vida normal, mas enfim. E então, ela me apresenta ao pessoal da diagramação, arte e fotografia e volta a escrever sem parar. Eu disse, vou ser sua estagiária nesses dois dias. Ela ri, mas acha a idéia simpática. Ter uma estagiária que não é estagiária, mas que está empenhada como se fosse uma. Telefone e computador sem parar, ela levanta por frações de segundos e vem à minha mesa com dois chocolatinhos: um Godiva, da Papua Nova-Guiná, com 70% cacau, e outro da Neuhaus, que acabou de trazer da Bélgica. Por isso que não dói me habituar a uma rotina reinventada.
quinta-feira, novembro 6
:: Shuffle
Eu sou muito apegada a alguns objetos pessoais - e agora também a minha cozinha inteira. Dos discos e livros, que não gosto de emprestar, tem também a minha Nikon, que é o maior xodó, o laptop e o iPod. Às vezes, fico pensando o que vou fazer quando meu Ipod parar de funcionar - porque iPods, sabemos, pára de funcionar um dia e nunca mais... Bate certo desespero.
Cada dia, aliás, fico mais impressionada com a magia do meu shuffle. Parece que capta as vibrações em seqüências (ai, os tremas que eu vou ficar a partir de janeiro) que combinam com o estado de espírito, uma coisa.
Olha só como foi hoje, no caminho pro jornal:
Jamiroquai
Elis Regina
Teresa Cristina
Postal Service
Caetano Veloso
João Gilberto
Thelonious Monk
Stevie Wonder
Eric Clapton
Caetano Veloso (again)
Vampire Weekend
Madeleine Peyroux
Milton Nascimento
Brooklyn Funk
Julie Delpy
Mayra Andrade (e minha música predileta, atenção)
Mundo Livre SA
Feist
Martina Topley Bird
Citzen Cope
Chico Buarque
Eu sou muito apegada a alguns objetos pessoais - e agora também a minha cozinha inteira. Dos discos e livros, que não gosto de emprestar, tem também a minha Nikon, que é o maior xodó, o laptop e o iPod. Às vezes, fico pensando o que vou fazer quando meu Ipod parar de funcionar - porque iPods, sabemos, pára de funcionar um dia e nunca mais... Bate certo desespero.
Cada dia, aliás, fico mais impressionada com a magia do meu shuffle. Parece que capta as vibrações em seqüências (ai, os tremas que eu vou ficar a partir de janeiro) que combinam com o estado de espírito, uma coisa.
Olha só como foi hoje, no caminho pro jornal:
Jamiroquai
Elis Regina
Teresa Cristina
Postal Service
Caetano Veloso
João Gilberto
Thelonious Monk
Stevie Wonder
Eric Clapton
Caetano Veloso (again)
Vampire Weekend
Madeleine Peyroux
Milton Nascimento
Brooklyn Funk
Julie Delpy
Mayra Andrade (e minha música predileta, atenção)
Mundo Livre SA
Feist
Martina Topley Bird
Citzen Cope
Chico Buarque
quarta-feira, novembro 5
:: O relato da entrada do jantar
Uns dias antes, eu abri o moleskine e anotei um monte, todas as recomendações. Vá ao Mercadão, na banca Ki Peixe, e fale com o japonês. Chegando lá, o japonês tinha se aposentado. Fiz o tipo da cliente de anos e pedi para falar com quem pudesse me atender com a mesma competência. Tudo certo. Seu Cícero fez às vezes do japa e ficou tudo certo. Exibiu todos os seus atuns, fresquíssimos, gordos, em lindas peças. Dizia, ao funcionário, mostre aquele, vire, vire de novo, pra lá, pra cá. Tá vendo?, ele dizia olhando pra mim. E eu estava _e a boca salivando. Eu preciso de mais ou menos um quilo, quanto está aquele ali, mais fresco e mais gordo? Ótimo. Eu quero aquele. Corte em toras para sashimi? O funcionário, que balbuciava algumas poucas palavras, embalou a vácuo, pediu minha sacola térmica _pois eu vou ao Mercadão com sacola térmica. Antes de guardar, me mostrou os cortes. Aprovei (como não?). Colocou gelo, sem que eu pedisse. Arrumou tudo, passou um pano e eu estava ali, apertando as mãos do Cícero e agradecendo. Eu volto para contar como foi o jantar.
***
O peixe ficou no fundo da geladeira, naquele pedaço mais geladinho, para suportar, muito bem, até o dia seguinte. E o dia seguinte começou tenso. Ela tensa, eu tensa. Relógio correndo e a coisa só ficava mais tensa. Caetano Veloso para acalmar _sempre funciona. A coisa foi amolecendo, fomos conversando lado a lado, disputando o melhor espaço na bancada preta da cozinha e certo cuidado para não estragar as unhas, que fizemos juntas um pouco antes de começar a produção. Tudo em ordem, mas ainda com as roupas do dia no corpo, chegam os primeiros convidados. Ela foi primeiro se arrumar. Eu fiz sala. Eu fui depois. A mesa criou certo impacto na chegada. Estava lindamente arrumada, com as louças novas que compramos na Liberdade, os hashis, a panela de shabu-shabu, que ajuda a no efeito.
***
Enquanto eu dava explicações sobre o saquê que eu ia servir _pois, claro, eu escolhi um “tobubetsu junmai”, com fermentação natural, sem adição de destilados, e com aproveitamento de 65% ou menos do arroz (que, quanto mais polido, melhor a bebida final)_, ela tirou a embalagem da geladeira. Somos uma dupla organizada na cozinha, é divertido. Ela esquentou uma frigideira nova, antiaderente, até ficar bem quente e começou a selar, rapidamente, o atum. Ao lado, eu estava esperando com uma faca bem afiada. Lentamente cortei as peças em sashimis, tombei um no outro em uma louça branca comprida e retomei a lista dos ingredientes _que já estavam ali, separados.
***
Cozinha e sala juntas permite uma interação e movimento que eu sempre aprendi a gostar muito com a família. Não foi diferente. Um passava perto, dava aquela olhadinha de lado, fazia perguntas. Antes de finalizar, circulei a flor-de-sal (vinda diretamente da França) entre os convidados para que todos provassem um pouco. É algo que merece ser provado sozinho. Depois, finalizei a entrada. Primeiro, um fio de azeite trufado. Em seguida, raiz-forte em pó. Um outro temperinho da S&B que mistura pimenta dedo-de-moça e gergelim torrado (fica bem vermelhinho com uns pontos pretos). Flor-de-sal e, para acabar, as lascas de limão-siciliano em duas espessuras diferentes.
***
Todos sentam à mesa e é hora de explicar a receita, o dia de ir até o Mercadão-Cícero; a embalagem-a-vácuo-mais-temperos-da-Liberdade; onde-se-come-na-Liberdade-ára-uma-pausa; onde-se-come-no-centrão-idem; a frigideira-bem-quente-mais-lascas-de-limão-siciliano e tal. Porque eu adoro esses pequenos rituais e meu eleitorado idem. E aí comemos.
Uns dias antes, eu abri o moleskine e anotei um monte, todas as recomendações. Vá ao Mercadão, na banca Ki Peixe, e fale com o japonês. Chegando lá, o japonês tinha se aposentado. Fiz o tipo da cliente de anos e pedi para falar com quem pudesse me atender com a mesma competência. Tudo certo. Seu Cícero fez às vezes do japa e ficou tudo certo. Exibiu todos os seus atuns, fresquíssimos, gordos, em lindas peças. Dizia, ao funcionário, mostre aquele, vire, vire de novo, pra lá, pra cá. Tá vendo?, ele dizia olhando pra mim. E eu estava _e a boca salivando. Eu preciso de mais ou menos um quilo, quanto está aquele ali, mais fresco e mais gordo? Ótimo. Eu quero aquele. Corte em toras para sashimi? O funcionário, que balbuciava algumas poucas palavras, embalou a vácuo, pediu minha sacola térmica _pois eu vou ao Mercadão com sacola térmica. Antes de guardar, me mostrou os cortes. Aprovei (como não?). Colocou gelo, sem que eu pedisse. Arrumou tudo, passou um pano e eu estava ali, apertando as mãos do Cícero e agradecendo. Eu volto para contar como foi o jantar.
***
O peixe ficou no fundo da geladeira, naquele pedaço mais geladinho, para suportar, muito bem, até o dia seguinte. E o dia seguinte começou tenso. Ela tensa, eu tensa. Relógio correndo e a coisa só ficava mais tensa. Caetano Veloso para acalmar _sempre funciona. A coisa foi amolecendo, fomos conversando lado a lado, disputando o melhor espaço na bancada preta da cozinha e certo cuidado para não estragar as unhas, que fizemos juntas um pouco antes de começar a produção. Tudo em ordem, mas ainda com as roupas do dia no corpo, chegam os primeiros convidados. Ela foi primeiro se arrumar. Eu fiz sala. Eu fui depois. A mesa criou certo impacto na chegada. Estava lindamente arrumada, com as louças novas que compramos na Liberdade, os hashis, a panela de shabu-shabu, que ajuda a no efeito.
***
Enquanto eu dava explicações sobre o saquê que eu ia servir _pois, claro, eu escolhi um “tobubetsu junmai”, com fermentação natural, sem adição de destilados, e com aproveitamento de 65% ou menos do arroz (que, quanto mais polido, melhor a bebida final)_, ela tirou a embalagem da geladeira. Somos uma dupla organizada na cozinha, é divertido. Ela esquentou uma frigideira nova, antiaderente, até ficar bem quente e começou a selar, rapidamente, o atum. Ao lado, eu estava esperando com uma faca bem afiada. Lentamente cortei as peças em sashimis, tombei um no outro em uma louça branca comprida e retomei a lista dos ingredientes _que já estavam ali, separados.
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Cozinha e sala juntas permite uma interação e movimento que eu sempre aprendi a gostar muito com a família. Não foi diferente. Um passava perto, dava aquela olhadinha de lado, fazia perguntas. Antes de finalizar, circulei a flor-de-sal (vinda diretamente da França) entre os convidados para que todos provassem um pouco. É algo que merece ser provado sozinho. Depois, finalizei a entrada. Primeiro, um fio de azeite trufado. Em seguida, raiz-forte em pó. Um outro temperinho da S&B que mistura pimenta dedo-de-moça e gergelim torrado (fica bem vermelhinho com uns pontos pretos). Flor-de-sal e, para acabar, as lascas de limão-siciliano em duas espessuras diferentes.
***
Todos sentam à mesa e é hora de explicar a receita, o dia de ir até o Mercadão-Cícero; a embalagem-a-vácuo-mais-temperos-da-Liberdade; onde-se-come-na-Liberdade-ára-uma-pausa; onde-se-come-no-centrão-idem; a frigideira-bem-quente-mais-lascas-de-limão-siciliano e tal. Porque eu adoro esses pequenos rituais e meu eleitorado idem. E aí comemos.
terça-feira, novembro 4
domingo, novembro 2
sábado, novembro 1
:: Pequenos desesperos
Acordar bem cedo no sábado, ir a uma reunião, almoçar em um restaurante para fazer matéria (para discutir a reunião da manhã), ir pra casa, arrumar a bolsa com caderno e afins rapidamente, caminhar, ao sol, até o ponto de ônibus, esperar o ônibus que não chega para ir para o plantão da noite no jornal, enquanto, ali bem ao lado, está rolando aquela jam session do Matic, ao ar livre, com todo mundo na rua.
Acordar bem cedo no sábado, ir a uma reunião, almoçar em um restaurante para fazer matéria (para discutir a reunião da manhã), ir pra casa, arrumar a bolsa com caderno e afins rapidamente, caminhar, ao sol, até o ponto de ônibus, esperar o ônibus que não chega para ir para o plantão da noite no jornal, enquanto, ali bem ao lado, está rolando aquela jam session do Matic, ao ar livre, com todo mundo na rua.
quinta-feira, outubro 30
:: Quando fui bater pernas na Liberdade
Ir à Liberdade é quase um ato de coragem. Você precisa se conhecer muito bem para não enlouquecer num bairro como esse. Talvez eu não me conheça tão bem assim.
Depois do metrô, a gente pensa rapidamente em onde comer, para recarregar as energias para as compras. O jantar está marcado para sexta-feira. Sexta agora, depois e amanhã.
A entrada daquela galeria assusta um pouco, mas, garanto, lá dentro tem um restaurante gostoso. Vamos. E fomos. As meninas. Ela comeu sushi e sashimi, ela tirinhas de carne com gengibre, e, sobre a mesa, também tampuras de camarão porque a outra estava com desejo.
Na hora de pagar, ninguém resiste ao sorvete Melona. Ninguém. Prontas, fomos à Casa Bueno. Ela disse, por escrito, que a carne fatiada fica nos fundos, ao lado esquerdo. E lá estava. Não pergunte ao atendente, pois ele vai dizer é para sukiyaki, e você quer, na verdade, usar no shabu-shabu, vai se confundir. Tudo vai dar certo. Compre as acelgas maiores e confira se tem perfex em casa para limpar o shiitake e o shimeji. Tudo ticado. Eu e minhas listas intermnáveis.
No carrinho, aproveito para colocar potinhos sortidos - eu nunca aguento - e também umas latinhas de suco de lichia Chin Chin. No finalzinho, dá para mastigar uns quadradinhos de fruta. Incrível mesmo.
Ainda bem que na receita estão marcados dois temperinhos da S&B. Porque, mesmo que não tivesse, acho que eu teria comprado. Para acabar, só para acabar, eu digo, vou pegar uma caixinha de chá de jasmim. Olha a caixinha... Naquela voz amolecida.
É hora de ir naquela loja-que-a-gente-quer-comprar-tudo ali na frente da Bakery Itiriki. Então respiro fundo e penso, não vou entrar na Bakery. Hoje não. Na loja, ela caminha por todos os corredores até me levar na ala das cerâmicas. Pegamos coisas e devolvemos pelo caminho. Pegamos e devolvemos. Quando o carrinho tem mais coisas que pegamos do que devolvemos, olhamos uma para a outra: assim está bem.
E chegam as cerâmicas. Aqueles potinhos pintados que preenchem mais espaço vazio e a gente sempre tentando nos convencer de que precisamos. E como vamos servir o caldo? É a nossa primeira grande recepção. Então fechamos a conta carregando sacolas, temperos, travessas e um monte de novas idéias.
Em casa, hora de dormir, amanhã é dia de Mercadão.
Ir à Liberdade é quase um ato de coragem. Você precisa se conhecer muito bem para não enlouquecer num bairro como esse. Talvez eu não me conheça tão bem assim.
Depois do metrô, a gente pensa rapidamente em onde comer, para recarregar as energias para as compras. O jantar está marcado para sexta-feira. Sexta agora, depois e amanhã.
A entrada daquela galeria assusta um pouco, mas, garanto, lá dentro tem um restaurante gostoso. Vamos. E fomos. As meninas. Ela comeu sushi e sashimi, ela tirinhas de carne com gengibre, e, sobre a mesa, também tampuras de camarão porque a outra estava com desejo.
Na hora de pagar, ninguém resiste ao sorvete Melona. Ninguém. Prontas, fomos à Casa Bueno. Ela disse, por escrito, que a carne fatiada fica nos fundos, ao lado esquerdo. E lá estava. Não pergunte ao atendente, pois ele vai dizer é para sukiyaki, e você quer, na verdade, usar no shabu-shabu, vai se confundir. Tudo vai dar certo. Compre as acelgas maiores e confira se tem perfex em casa para limpar o shiitake e o shimeji. Tudo ticado. Eu e minhas listas intermnáveis.
No carrinho, aproveito para colocar potinhos sortidos - eu nunca aguento - e também umas latinhas de suco de lichia Chin Chin. No finalzinho, dá para mastigar uns quadradinhos de fruta. Incrível mesmo.
Ainda bem que na receita estão marcados dois temperinhos da S&B. Porque, mesmo que não tivesse, acho que eu teria comprado. Para acabar, só para acabar, eu digo, vou pegar uma caixinha de chá de jasmim. Olha a caixinha... Naquela voz amolecida.
É hora de ir naquela loja-que-a-gente-quer-comprar-tudo ali na frente da Bakery Itiriki. Então respiro fundo e penso, não vou entrar na Bakery. Hoje não. Na loja, ela caminha por todos os corredores até me levar na ala das cerâmicas. Pegamos coisas e devolvemos pelo caminho. Pegamos e devolvemos. Quando o carrinho tem mais coisas que pegamos do que devolvemos, olhamos uma para a outra: assim está bem.
E chegam as cerâmicas. Aqueles potinhos pintados que preenchem mais espaço vazio e a gente sempre tentando nos convencer de que precisamos. E como vamos servir o caldo? É a nossa primeira grande recepção. Então fechamos a conta carregando sacolas, temperos, travessas e um monte de novas idéias.
Em casa, hora de dormir, amanhã é dia de Mercadão.
quarta-feira, outubro 29
:: Das trilhas da Mostra
Não fiz a maratona Mostra Internacional de Cinema como nos últimos anos. Ainda assim, anotei no caderninho que anda pra lá e pra cá na bolsa que o próximo disco que preciso comprar, depois de um do Oscar Brown Jr., é a trilha de Palermo Shooting. O Wim Winders nunca decepciona. E as trilhas continuam irresistíveis.
Não fiz a maratona Mostra Internacional de Cinema como nos últimos anos. Ainda assim, anotei no caderninho que anda pra lá e pra cá na bolsa que o próximo disco que preciso comprar, depois de um do Oscar Brown Jr., é a trilha de Palermo Shooting. O Wim Winders nunca decepciona. E as trilhas continuam irresistíveis.
segunda-feira, outubro 27
terça-feira, outubro 21
:: Sobre as experiências
Tem momentos da vida que chamo de experiência. Foi mais ou menos assim neste domingo, no almoço que fui na casa da chef Lourdes Hernandez, a "cozinheira atrevida". Além da companhia de C.A. Dória, Cris Couto, Rogério Voltan e cia. experimentei, enfim, o tal do huitlacoche, um fungo que se hospeda nos fios da espiga do milho, um alimento doce e negro, que, no México, é comparado com as trufas. Para acompanhar, uma indescritível margarita de tamarindo.
Tem momentos da vida que chamo de experiência. Foi mais ou menos assim neste domingo, no almoço que fui na casa da chef Lourdes Hernandez, a "cozinheira atrevida". Além da companhia de C.A. Dória, Cris Couto, Rogério Voltan e cia. experimentei, enfim, o tal do huitlacoche, um fungo que se hospeda nos fios da espiga do milho, um alimento doce e negro, que, no México, é comparado com as trufas. Para acompanhar, uma indescritível margarita de tamarindo.
:: Pequenos prazeres
Ontem mamãe me ligou durante o dia para dizer que tinha presente. E agora eu sempre pergunto: pra mim ou para a casa? Porque minha casa sempre ganha presentinhos, os mais lindos. E ela disse, pra você.
Quando cheguei em casa, descasquei batatas com o descascador que C. me deu outro dia, depois de ter ido lá descascar batatas e notar que eu só tinha facas. E o descascador? ela disse.
Preparei uma carne que gosto muito, pensando deixar comidinha pronta para a semana e evitar combinações estranhas para o jantar, quando chego muito cansada do trabalho. As batatas ficaram douradas ao forno, com alecrim e sal grosso e espalharam um perfume pela casa.
Mamãe ligou quando desliguei o forno. Resolveu passar em casa e ficou para o jantar. Levou meu presente - um pijama bem quentinho, como eu gosto - e aproveitou para elogiar meus feitos na cozinha.
Ontem mamãe me ligou durante o dia para dizer que tinha presente. E agora eu sempre pergunto: pra mim ou para a casa? Porque minha casa sempre ganha presentinhos, os mais lindos. E ela disse, pra você.
Quando cheguei em casa, descasquei batatas com o descascador que C. me deu outro dia, depois de ter ido lá descascar batatas e notar que eu só tinha facas. E o descascador? ela disse.
Preparei uma carne que gosto muito, pensando deixar comidinha pronta para a semana e evitar combinações estranhas para o jantar, quando chego muito cansada do trabalho. As batatas ficaram douradas ao forno, com alecrim e sal grosso e espalharam um perfume pela casa.
Mamãe ligou quando desliguei o forno. Resolveu passar em casa e ficou para o jantar. Levou meu presente - um pijama bem quentinho, como eu gosto - e aproveitou para elogiar meus feitos na cozinha.
:: Pequenos prazeres
Depois de uma recaída, o médico disse a ela você precisa caminhar todos os dias. Então, nos fins de semana, quando estou em casa e o dia está bonito, ela sempre aproveita pra passar lá, num percurso um pouco mais longo. No caminho, ela compra flores (sempre) e colhe frutinhas nas árvores dos jardins. Outro dia, me levou pitangas e amoras.
Depois de uma recaída, o médico disse a ela você precisa caminhar todos os dias. Então, nos fins de semana, quando estou em casa e o dia está bonito, ela sempre aproveita pra passar lá, num percurso um pouco mais longo. No caminho, ela compra flores (sempre) e colhe frutinhas nas árvores dos jardins. Outro dia, me levou pitangas e amoras.
segunda-feira, outubro 20
:: No restaurante
Eu sei que quando a gente escreve muito sobre uma coisa fica um pouco chata. Não é chata, é mais exigente, talvez. Aí, hoje fui fazer uma matéria, no almoço. Um self-service de comida natural. E perguntei a uma garçonete:
- Esse tomate é orgânico?
[pois agora eu aprendi que se disserem "sim", preciso perguntar, como, quando, por quê? rá rá]
E então, ela disse "não sei" e não falou mais nada, nunca mais. Virou, simplesmente, como se nada (na-da) tivesse acontecido.
Sentei. Comecei a comer. Chamei outra mocinha:
- Tem guardanapo?
- Tem.
E saiu. E nunca (nun-ca) mais voltou. E eu fiquei sem guardanapo.
Então, entende, não é exatamente que a gente fica chata. Tem coisa que simplesmente não dá pra tolerar. Não é?
Eu sei que quando a gente escreve muito sobre uma coisa fica um pouco chata. Não é chata, é mais exigente, talvez. Aí, hoje fui fazer uma matéria, no almoço. Um self-service de comida natural. E perguntei a uma garçonete:
- Esse tomate é orgânico?
[pois agora eu aprendi que se disserem "sim", preciso perguntar, como, quando, por quê? rá rá]
E então, ela disse "não sei" e não falou mais nada, nunca mais. Virou, simplesmente, como se nada (na-da) tivesse acontecido.
Sentei. Comecei a comer. Chamei outra mocinha:
- Tem guardanapo?
- Tem.
E saiu. E nunca (nun-ca) mais voltou. E eu fiquei sem guardanapo.
Então, entende, não é exatamente que a gente fica chata. Tem coisa que simplesmente não dá pra tolerar. Não é?
sábado, outubro 18
sexta-feira, outubro 17
quinta-feira, outubro 16
:: Ainda sobre mudanças
Quando a gente morava na casa da minha mãe, era uma irritação extrema (ex-tre-ma) quando nosso vizinho de cima começava a tocar percussão e afins. Todas (as três) já surtamos um dia por conta dele. Eu, no meio de frilas, minha mãe na madrugada, minha sis, coitada, dormia no quarto embaixo do quarto dele e era obrigada a ouvir mais que a precussão. Bem mais. Um horror. E a gente sempre, sempre comentava como ia ser glorioso deixar o apê, por esse lado.
E foi assim: eu saí e, na primeira noite fora de casa (ou dentro, da minha própria), tive o infeliz contato com o meu vizinho de porta: ele ouve heavy metal nas alturas. Do tipo jovem-rebelde-super-empolgado-fodam-se-os-vizinhos.
Hoje fui na sis e ela resmungou assim: você não sabe... o meu vizinho de cima (existe vizinho de cima?) toca bateria, de forma mais desesperada e menos hippie que o G. (o vizinho 1).
Será tem alguma coisa a ver com o fato de não ter vindo bilhete da sorte no meu biscoito chinês?!
Quando a gente morava na casa da minha mãe, era uma irritação extrema (ex-tre-ma) quando nosso vizinho de cima começava a tocar percussão e afins. Todas (as três) já surtamos um dia por conta dele. Eu, no meio de frilas, minha mãe na madrugada, minha sis, coitada, dormia no quarto embaixo do quarto dele e era obrigada a ouvir mais que a precussão. Bem mais. Um horror. E a gente sempre, sempre comentava como ia ser glorioso deixar o apê, por esse lado.
E foi assim: eu saí e, na primeira noite fora de casa (ou dentro, da minha própria), tive o infeliz contato com o meu vizinho de porta: ele ouve heavy metal nas alturas. Do tipo jovem-rebelde-super-empolgado-fodam-se-os-vizinhos.
Hoje fui na sis e ela resmungou assim: você não sabe... o meu vizinho de cima (existe vizinho de cima?) toca bateria, de forma mais desesperada e menos hippie que o G. (o vizinho 1).
Será tem alguma coisa a ver com o fato de não ter vindo bilhete da sorte no meu biscoito chinês?!
segunda-feira, outubro 13
domingo, outubro 12
quinta-feira, outubro 9
:: Curtas
Ela é magérrima, linda, uma sensação. E então, a amiga, no trabalho disse, assim, baixinho:
- Você está grávida?
- Você deu um fora.
- Não, é que você está com uma cara maternal..
rá rá ã---hã
* * *
Teve uma época que eu estava muito amiga dele. Muito mesmo. É que ele estava triste, se recuperando de um fim de namoro traumático. Ainda apaixonado, precisava do meu ombro para fazer seus lamentos.
Marcamos uma cerveja numa sexta. Porque sextas são sempre mais difíceis, dizia. Ele apareceu de banho tomado, cheiroso, com outro ar. Me contou assim:
- Nos vimos ontem. Eu disse pra ela me devolver o 'Neruda que me tomou e nunca leu'. Ela fez cara de X! Ela simplesmente não entendeu.
Depois eu entendi.
Ela é magérrima, linda, uma sensação. E então, a amiga, no trabalho disse, assim, baixinho:
- Você está grávida?
- Você deu um fora.
- Não, é que você está com uma cara maternal..
rá rá ã---hã
* * *
Teve uma época que eu estava muito amiga dele. Muito mesmo. É que ele estava triste, se recuperando de um fim de namoro traumático. Ainda apaixonado, precisava do meu ombro para fazer seus lamentos.
Marcamos uma cerveja numa sexta. Porque sextas são sempre mais difíceis, dizia. Ele apareceu de banho tomado, cheiroso, com outro ar. Me contou assim:
- Nos vimos ontem. Eu disse pra ela me devolver o 'Neruda que me tomou e nunca leu'. Ela fez cara de X! Ela simplesmente não entendeu.
Depois eu entendi.
terça-feira, outubro 7
segunda-feira, outubro 6
:: Momento salto alto
Hoje eu acordei desanimada - quem não acordou? - com chuva forte e a perspectiva de tomar ônibus sem guarda-chuva. Nada melhor para uma segunda-feira.
E então, mãos à obra, aqui no jornal, muito trabalho, e as pílulas do dia que deixam tudo parecer melhor.
Ela me mandou um e-mail para agradecer algumas boas ações que fiz antes de vir para cá assim: "vc é perfeita. nunca vou esquecer as ajudas masters que vc me dá".
Depois, sem motivo nem boa ação, recebo outro e-mail, de outra pessoa, assim: "vc, como amiga, deixa o resto do mundo no chinelo. é verdade".
Hoje eu acordei desanimada - quem não acordou? - com chuva forte e a perspectiva de tomar ônibus sem guarda-chuva. Nada melhor para uma segunda-feira.
E então, mãos à obra, aqui no jornal, muito trabalho, e as pílulas do dia que deixam tudo parecer melhor.
Ela me mandou um e-mail para agradecer algumas boas ações que fiz antes de vir para cá assim: "vc é perfeita. nunca vou esquecer as ajudas masters que vc me dá".
Depois, sem motivo nem boa ação, recebo outro e-mail, de outra pessoa, assim: "vc, como amiga, deixa o resto do mundo no chinelo. é verdade".
sábado, outubro 4
:: Das coisas que aprendi
- uma cozinha nunca estará completa
- nunca, jamais, economize detergente (nunca)
- não compre esponja com o lado verde para evitar o nervosismo de imaginar outras pessoas, eventualmente, lavando suas panelas inox
- se o seu vizinho ouve música alta, não há motivo para você se intimidar. ouça também.
- uma cozinha nunca estará completa
- nunca, jamais, economize detergente (nunca)
- não compre esponja com o lado verde para evitar o nervosismo de imaginar outras pessoas, eventualmente, lavando suas panelas inox
- se o seu vizinho ouve música alta, não há motivo para você se intimidar. ouça também.
sexta-feira, outubro 3
:: O banquete
Eu espalhei flores pela casa. Tem uma orquídea enorme, logo ali no chão, que ganhei de uma amiga. Uma orquídea amarela, micra e meiga, em cima da bancada branca, que ganhei de oura. No banheiro, rosinhas mini e brancas. Sobre a mesa, um arranjo lindo num vaso que ganhei pouco antes de mudar. Coloquei um disco de jazz para tentar me acalmar. Cozinhar agita.
Quando sentamos à mesa, abri minha cava rosé, Don Ramón, de uma bodega lá da Espanha, feita com uvas trepat. Ela respirou fundo e deixou escapar uma lágrima, na maior discrição. Acho que tinha uma mistura do orgulho das filhas, mas também sinto que foi uma forma de liberar o mínimo da tristeza de não nos ter mais em casa.
Brindamos. Sempre temos o que brindar. Levantamos as taças de cristal, que ela mesma me deu faz alguns dias. Logo depois da entrada, coisa simples, saladinha verde com tomatinho-cereja no sal grosso, eu e Li levantamos para servir o prato principal, que custou a ficar pronto e era absoluta surpresa. Não deixamos nem o cheiro do peixe se espalhar pela casa, por isso as flores perfumadas na sala.
Gostei mais da parte em que perguntaram, interessados, como era a receita. Eu descrevi todas as etapas com charme e detalhes. Contando do açúcar mascavo caramelizado na manteiga, da pimenta-branca ralada na hora, do fio de azeite...
Um toque artesanal parece ter impressionado, na hora da sobremesa, e dado mais força ao jantar. Bati as claras em neve do suflê de goiabada na mão. Detalhe besta esse de ainda não ter uma batedeira, né? Quem ia pensar?
Enfim, o suflê cresceu e ficou brilhoso. Ele, que estava de regime, não ia nem provar, mas acabou comendo metade do ramekin, que, atenção, fui comprar ontem de manhã, especialmente para o jantar.
Mais desapegada às bebidas, que insisto em economizar, servi um Nocello para finalizar, em tacinhas de licor (de cristal) que ganhei de Natal do meu pai.
Boa noite, beijos e abraços apertados. Me enfiei na cozinha para começar a arrumação neurótica. Cama, só na alta madrugada. E os mais doces sonhos.
Eu espalhei flores pela casa. Tem uma orquídea enorme, logo ali no chão, que ganhei de uma amiga. Uma orquídea amarela, micra e meiga, em cima da bancada branca, que ganhei de oura. No banheiro, rosinhas mini e brancas. Sobre a mesa, um arranjo lindo num vaso que ganhei pouco antes de mudar. Coloquei um disco de jazz para tentar me acalmar. Cozinhar agita.
Quando sentamos à mesa, abri minha cava rosé, Don Ramón, de uma bodega lá da Espanha, feita com uvas trepat. Ela respirou fundo e deixou escapar uma lágrima, na maior discrição. Acho que tinha uma mistura do orgulho das filhas, mas também sinto que foi uma forma de liberar o mínimo da tristeza de não nos ter mais em casa.
Brindamos. Sempre temos o que brindar. Levantamos as taças de cristal, que ela mesma me deu faz alguns dias. Logo depois da entrada, coisa simples, saladinha verde com tomatinho-cereja no sal grosso, eu e Li levantamos para servir o prato principal, que custou a ficar pronto e era absoluta surpresa. Não deixamos nem o cheiro do peixe se espalhar pela casa, por isso as flores perfumadas na sala.
Gostei mais da parte em que perguntaram, interessados, como era a receita. Eu descrevi todas as etapas com charme e detalhes. Contando do açúcar mascavo caramelizado na manteiga, da pimenta-branca ralada na hora, do fio de azeite...
Um toque artesanal parece ter impressionado, na hora da sobremesa, e dado mais força ao jantar. Bati as claras em neve do suflê de goiabada na mão. Detalhe besta esse de ainda não ter uma batedeira, né? Quem ia pensar?
Enfim, o suflê cresceu e ficou brilhoso. Ele, que estava de regime, não ia nem provar, mas acabou comendo metade do ramekin, que, atenção, fui comprar ontem de manhã, especialmente para o jantar.
Mais desapegada às bebidas, que insisto em economizar, servi um Nocello para finalizar, em tacinhas de licor (de cristal) que ganhei de Natal do meu pai.
Boa noite, beijos e abraços apertados. Me enfiei na cozinha para começar a arrumação neurótica. Cama, só na alta madrugada. E os mais doces sonhos.
quinta-feira, outubro 2
quarta-feira, outubro 1
:: Às vésperas de um jantar
Hoje saí do jornal agitada. Fico assim quando trabalho muito. Não me incomodo. Fechei uma capa linda, que adorei fazer. Depois, custo para dormir. Hoje, ainda mais, porque ainda fui ao supermercado com a sis.
É assim. Amanhã mamãe faz aniversário e será o primeiro jantar que faremos para ela, aqui em casa. A sis também deve se mudar em uma ou duas semanas. Mamãe banca a durona, mas acho que está sofrendo. Então, tentamos compensar tudo isso, com uma comidinha gostosa, só para ela.
Vamos à minicozinha fazer um robalo grelhado, com pimenta-branca ralada na hora e azeite, purê de banana-da-terra e aspargos verdes na frigideira. Já pensou? Tudo isso, do meu livro-xodo, da Carla Pernambuco, o Balaio de Sabores. Para a sobremesa, não poderia ser diferente: vamos fazer o suflê de goiabada com calda de Catupiry. hum...
Hoje no supermercado tivemos de resmungar para o moço da ala dos peixes, pois o único robalo à venda era uma peça inteira - e gigante (gigante). E ele disse, só vendo inteira. Aproveitamos que era sorridente, para brincar e ver se dava pra dobrar e fazer ele mudar de idéia. Lemos, em coral, sem nada planejado, o painel que tinha ali em cima dos peixes, bem em evidência, que dizia: "estamos aqui para fazer a coisa do jeito que você quer". Era alguma coisa assim. No maior bom humor, riu, e disse tá bom, tá bom.
Cortou o robalo em seis peças com 200 g mais ou menos. Enormes, lindas. Mas fiquei horrorizada com o preço, mais caro que o prato no Carlota, com vinho e sobremesa. Ui. Pagamos. Depois, combinamos de não remoer - porque às vezes a gente remoe mesmo. E foi assim. Cheguei há pouco, descarreguei as compras e já está tudo em ordem para amanhã. Depois eu conto como foi.
Hoje saí do jornal agitada. Fico assim quando trabalho muito. Não me incomodo. Fechei uma capa linda, que adorei fazer. Depois, custo para dormir. Hoje, ainda mais, porque ainda fui ao supermercado com a sis.
É assim. Amanhã mamãe faz aniversário e será o primeiro jantar que faremos para ela, aqui em casa. A sis também deve se mudar em uma ou duas semanas. Mamãe banca a durona, mas acho que está sofrendo. Então, tentamos compensar tudo isso, com uma comidinha gostosa, só para ela.
Vamos à minicozinha fazer um robalo grelhado, com pimenta-branca ralada na hora e azeite, purê de banana-da-terra e aspargos verdes na frigideira. Já pensou? Tudo isso, do meu livro-xodo, da Carla Pernambuco, o Balaio de Sabores. Para a sobremesa, não poderia ser diferente: vamos fazer o suflê de goiabada com calda de Catupiry. hum...
Hoje no supermercado tivemos de resmungar para o moço da ala dos peixes, pois o único robalo à venda era uma peça inteira - e gigante (gigante). E ele disse, só vendo inteira. Aproveitamos que era sorridente, para brincar e ver se dava pra dobrar e fazer ele mudar de idéia. Lemos, em coral, sem nada planejado, o painel que tinha ali em cima dos peixes, bem em evidência, que dizia: "estamos aqui para fazer a coisa do jeito que você quer". Era alguma coisa assim. No maior bom humor, riu, e disse tá bom, tá bom.
Cortou o robalo em seis peças com 200 g mais ou menos. Enormes, lindas. Mas fiquei horrorizada com o preço, mais caro que o prato no Carlota, com vinho e sobremesa. Ui. Pagamos. Depois, combinamos de não remoer - porque às vezes a gente remoe mesmo. E foi assim. Cheguei há pouco, descarreguei as compras e já está tudo em ordem para amanhã. Depois eu conto como foi.
terça-feira, setembro 30
:: As histórias da gaveta
Ele mora numa casa de adulto, lá na Granja, com três quartos, um fogão com seis bocas e tudo. Tem um quadro dos Simpsons que todo mundo ama e eu também, que fica em cima de uma lareira (é, ele tem uma lareira). É meio difícil chegar de carro (sozinha, à noite, jamais). Mas, quando a gente chega, tem um monte de meninos animados, que abraçam bem forte, e cantam junto com o shuffle do macbook ligado na tomada. Às vezes dançam.
Ele cresceu, virou um homem de negócios. Não usa gravata, mas sempre está engomado, dá para perceber. Acorda cedo, tem um negócio próprio e outro negócio com chefes, porque gosta sempre de aprender.
Ele até fez aniversário outro dia. Fez churrasco e pediu para que levássemos cerveja, que é coisa meio de adolescente, mas ele cresceu. Cresceu mesmo. Custou a ganhar certa malícia, mas ganhou. Hoje fala das mulheres e come trufas negras com vinho tinto. Tem um lado meio tímido. Quando dança (se dança) são segundos - e pára.
Ele é perfumado e tem cara de metódico e organizado. Mas não. No quarto, tem camisetas misturadas com livros (ou livros escondidos no meio de camisetas). E tem uma caixinha que ele guarda as cartas de amor. "São poucas, então eu guardo", ele diz.
No sábado, uma correria, de loja em loja, para acertar no presente. Estava marcado pras 14h. Eu cheguei um pouco atrasada, às 20h30. Mas lá estava, com três embrulhos. Eu gosto dessa coisa de embrulhos. Eu gosto até dos embrulhos em papel-bolha.
Na Livraria da Vila, comprei um livro lindo (que eu queria pra mim), de drinques, gringo, com receitas e várias fotos daqueles coquetéis coloridos, para o centro de mesa. Eu queria, também, comprar um copo para cada tipo de drinque, uns cinco. Mas não achei porque não deu tempo de ir à loja dos copos avulsos. Enfim, comprei outros copos e um kit bar, pra ele ficar ali naquela cozinha aberta, que dá vista para as pequenas árvores frutíferas que ele plantou ali no jardim, e mostrar, mesmo, que ele cresceu.
Ele mora numa casa de adulto, lá na Granja, com três quartos, um fogão com seis bocas e tudo. Tem um quadro dos Simpsons que todo mundo ama e eu também, que fica em cima de uma lareira (é, ele tem uma lareira). É meio difícil chegar de carro (sozinha, à noite, jamais). Mas, quando a gente chega, tem um monte de meninos animados, que abraçam bem forte, e cantam junto com o shuffle do macbook ligado na tomada. Às vezes dançam.
Ele cresceu, virou um homem de negócios. Não usa gravata, mas sempre está engomado, dá para perceber. Acorda cedo, tem um negócio próprio e outro negócio com chefes, porque gosta sempre de aprender.
Ele até fez aniversário outro dia. Fez churrasco e pediu para que levássemos cerveja, que é coisa meio de adolescente, mas ele cresceu. Cresceu mesmo. Custou a ganhar certa malícia, mas ganhou. Hoje fala das mulheres e come trufas negras com vinho tinto. Tem um lado meio tímido. Quando dança (se dança) são segundos - e pára.
Ele é perfumado e tem cara de metódico e organizado. Mas não. No quarto, tem camisetas misturadas com livros (ou livros escondidos no meio de camisetas). E tem uma caixinha que ele guarda as cartas de amor. "São poucas, então eu guardo", ele diz.
No sábado, uma correria, de loja em loja, para acertar no presente. Estava marcado pras 14h. Eu cheguei um pouco atrasada, às 20h30. Mas lá estava, com três embrulhos. Eu gosto dessa coisa de embrulhos. Eu gosto até dos embrulhos em papel-bolha.
Na Livraria da Vila, comprei um livro lindo (que eu queria pra mim), de drinques, gringo, com receitas e várias fotos daqueles coquetéis coloridos, para o centro de mesa. Eu queria, também, comprar um copo para cada tipo de drinque, uns cinco. Mas não achei porque não deu tempo de ir à loja dos copos avulsos. Enfim, comprei outros copos e um kit bar, pra ele ficar ali naquela cozinha aberta, que dá vista para as pequenas árvores frutíferas que ele plantou ali no jardim, e mostrar, mesmo, que ele cresceu.
terça-feira, setembro 23
:: Dos lugares prediletos
No sábado, entre um compromisso e outro, fui almoçar com sis mais amiga no Pasquale, um lugar que eu gosto, volto sempre e indico. Pela alcachofrinha no azeite de entrada, pelas azeitonas temperadas, pela caponata que, realmente, não tem igual. E aquele pãozinho também merece seu crédito.
Aí, eu já decorei a lista dos pratos e fic palpitando na hora do pedido, dizendo que "levemente apimentado" é levemente mes-mo e que aquelas pancettas ficam melhores mesmo com aquela massa. Lá, a gente escolhe a massa e o que vem junto. Sempre al dente e com aquele gostinho caseiro que adoro.
Lá é bom para um vinho ou uma cerveja. Lá tem criança, tem quarentões bem charmosos e grupos de amigas. Quando a parreira da varanda fica verdinha, é sinal que dali a pouco as uvas vão começar a aparecer e se pendurar até alcançar as cabeças de quem entra ali - e dá um certo clima de animação. Tem gente, até, que "compra" um cacho ou outro. Coloca seu nome numa fitinha e o dinheiro vai pra alguma comunidade carente. Eu gosto.
Enfim, eu estava lá, um pouco afobada com o movimento exagerado de umas crianças - que estavam realmente felizes. Em uma mesa, estava um dos músicos do Funk Como Le Gusta, que tem um filho fofo que usa óculos e acho que vai ser músico quando crescer. Lá embaixo, estava Alex Atala, com a mulher e os filhos - uma delas, pequenina, de coque no cabelo e roupinha de bailarina. E tinha até fã pedindo para tirar foto junto, pode?
Eu observei o movimento todo enquanto esperava o carro, no cantinho do salão, para não tomar chuva - não suporto.
No sábado, entre um compromisso e outro, fui almoçar com sis mais amiga no Pasquale, um lugar que eu gosto, volto sempre e indico. Pela alcachofrinha no azeite de entrada, pelas azeitonas temperadas, pela caponata que, realmente, não tem igual. E aquele pãozinho também merece seu crédito.
Aí, eu já decorei a lista dos pratos e fic palpitando na hora do pedido, dizendo que "levemente apimentado" é levemente mes-mo e que aquelas pancettas ficam melhores mesmo com aquela massa. Lá, a gente escolhe a massa e o que vem junto. Sempre al dente e com aquele gostinho caseiro que adoro.
Lá é bom para um vinho ou uma cerveja. Lá tem criança, tem quarentões bem charmosos e grupos de amigas. Quando a parreira da varanda fica verdinha, é sinal que dali a pouco as uvas vão começar a aparecer e se pendurar até alcançar as cabeças de quem entra ali - e dá um certo clima de animação. Tem gente, até, que "compra" um cacho ou outro. Coloca seu nome numa fitinha e o dinheiro vai pra alguma comunidade carente. Eu gosto.
Enfim, eu estava lá, um pouco afobada com o movimento exagerado de umas crianças - que estavam realmente felizes. Em uma mesa, estava um dos músicos do Funk Como Le Gusta, que tem um filho fofo que usa óculos e acho que vai ser músico quando crescer. Lá embaixo, estava Alex Atala, com a mulher e os filhos - uma delas, pequenina, de coque no cabelo e roupinha de bailarina. E tinha até fã pedindo para tirar foto junto, pode?
Eu observei o movimento todo enquanto esperava o carro, no cantinho do salão, para não tomar chuva - não suporto.
:: Sobre e-mails e saudades
Ela me escreveu bem comprido outro dia e eu ainda não tive tempo de responder. Sempre que ela escreve - e eu fico com saudade - acontece alguma coisa dentro de mim que eu não sei explicar. Não consigo responder se não for com a mesma dedicação. Para os amigos, ainda não aprendi essa coisa de fazer resumo. Por isso que a saudade sempre aperta...
"ny, a cidade que morre de saudade de você, está em seus melhores dias. o céu azul nnao tem uma nuvem, o sol se põe dvinamente. atras daquele skyline que você conhece... tea friozinho tipo jeans e cashemere, sabe? e agora comeca aquela safra boa de filmes, mais as visitinhas dos amigos, e a prearaçao para o inverno maldito."
Ela me escreveu bem comprido outro dia e eu ainda não tive tempo de responder. Sempre que ela escreve - e eu fico com saudade - acontece alguma coisa dentro de mim que eu não sei explicar. Não consigo responder se não for com a mesma dedicação. Para os amigos, ainda não aprendi essa coisa de fazer resumo. Por isso que a saudade sempre aperta...
"ny, a cidade que morre de saudade de você, está em seus melhores dias. o céu azul nnao tem uma nuvem, o sol se põe dvinamente. atras daquele skyline que você conhece... tea friozinho tipo jeans e cashemere, sabe? e agora comeca aquela safra boa de filmes, mais as visitinhas dos amigos, e a prearaçao para o inverno maldito."
domingo, setembro 21
:: MMW
Eu já conhecia Medeski, Martin and Wood há um bom tempo, mas fui atrás de muito mais depois que ele me apresentou "Boozer", do A Go Go, de John Scofield.
E então, esses três músicos que resolveram se juntar, que respiram Thelonius Monk e Coltrane, vieram pra cá, pra bem perto de mim.
O show de hoje foi um espetáculo, desses que arrepiam a gente.
Eu já conhecia Medeski, Martin and Wood há um bom tempo, mas fui atrás de muito mais depois que ele me apresentou "Boozer", do A Go Go, de John Scofield.
E então, esses três músicos que resolveram se juntar, que respiram Thelonius Monk e Coltrane, vieram pra cá, pra bem perto de mim.
O show de hoje foi um espetáculo, desses que arrepiam a gente.
:: Flashes
**Elas resolveram fazer compras de coisas de cozinha no Pari, enquanto eu fazia prova de inglês - ergh!
E, muito engraçadinhas, compraram um monte (um monte!) por muito (muito) pouco. rá. E, naquela animação pós-compras, me diziam, por telefone: Fomos à Paris (assim: "Parri") fazer umas comprinhas. Eu adorei e vou adotar a moda.
**Outro dia meu encanador (que é fofo) veio aqui resolver um miniproblema. Eu deixei a chave pra ele e um bilhete, explicando o problema. Quando voltei pra casa, bem tarde, tinha bilhete dele no verso do papel que dizia: "mim liga pra mim te explicar o poblema". E eu achei isso muito fofo. Liguei e ele me explicou com detalhes. Acho isso incrível, os tipos de conhecimento. Cada um com o seu, né?
**Antes da prova de inglês a professora disse que podíamos guardar a pen pois usaríamos pencil. E a menina falou em português: "mas eu prefiro usar lápis..."
** Ela tinha intestino preso e sofria à beça. Hoje ela toma sei-la-o-que e me contou, outro dia, que não tem tempo feio: "hoje é em qualquer lugar, na Etna, no Extra, em casa, na casa da minha avó, qualquer lugar". rá rá - eu ri por horas e fiz meu abdominal do mês, adoro.
**Elas resolveram fazer compras de coisas de cozinha no Pari, enquanto eu fazia prova de inglês - ergh!
E, muito engraçadinhas, compraram um monte (um monte!) por muito (muito) pouco. rá. E, naquela animação pós-compras, me diziam, por telefone: Fomos à Paris (assim: "Parri") fazer umas comprinhas. Eu adorei e vou adotar a moda.
**Outro dia meu encanador (que é fofo) veio aqui resolver um miniproblema. Eu deixei a chave pra ele e um bilhete, explicando o problema. Quando voltei pra casa, bem tarde, tinha bilhete dele no verso do papel que dizia: "mim liga pra mim te explicar o poblema". E eu achei isso muito fofo. Liguei e ele me explicou com detalhes. Acho isso incrível, os tipos de conhecimento. Cada um com o seu, né?
**Antes da prova de inglês a professora disse que podíamos guardar a pen pois usaríamos pencil. E a menina falou em português: "mas eu prefiro usar lápis..."
** Ela tinha intestino preso e sofria à beça. Hoje ela toma sei-la-o-que e me contou, outro dia, que não tem tempo feio: "hoje é em qualquer lugar, na Etna, no Extra, em casa, na casa da minha avó, qualquer lugar". rá rá - eu ri por horas e fiz meu abdominal do mês, adoro.
sexta-feira, setembro 19
:: Sobre as coisas que a gente não esquece
Outro dia, eu estava meio chorosa e liguei pra ela. Ela disse: estou indo pra sua casa, vamos jantar. Eu amei. Ela passou no super, comprou morangos vermelhinhos. Eu passei em outro e comprei alguns ingredientes que faltavam. Cozinhamos até tarde.
Eu disse que não gostava (não sabia) de descascar batatas. Ela disse que gostava. Abri a terceira gaveta e deixei ela escolher uma faca - no meio de todas, tenho uma faca para cada coisa. Disse que só não podia pegar a minha faca de tomates, que ganhei do meu pai (ja-mais). Acho que ela aprendeu.
E então, ela começou a descascar as batatas lindamente, enquanto eu preparava a carne, que logo ia para o forno. Ouvíamos Novos Baianos e estava tudo bem melhor no coração. Enquanto isso, falava do incrível descascador que conheceu em Londres.
Depois de uma semana, ela escreve e diz que tem presentinho. Eu vou fazer uma visita enquanto ela está no computador. E ela tira um pacote da bolsa, meio desengonçado, no papel bolha, mas com um toque especial (sempre). E lá estava o descascador. Eu não resisto a esse tipo de coisa. Não esqueço nunca.
Fez piadinha, que não quer ir na minha casa para cozinhar e tal. Mas eu fiquei pensando... será que ela não quer vir nem descascar tomates?
Outro dia, eu estava meio chorosa e liguei pra ela. Ela disse: estou indo pra sua casa, vamos jantar. Eu amei. Ela passou no super, comprou morangos vermelhinhos. Eu passei em outro e comprei alguns ingredientes que faltavam. Cozinhamos até tarde.
Eu disse que não gostava (não sabia) de descascar batatas. Ela disse que gostava. Abri a terceira gaveta e deixei ela escolher uma faca - no meio de todas, tenho uma faca para cada coisa. Disse que só não podia pegar a minha faca de tomates, que ganhei do meu pai (ja-mais). Acho que ela aprendeu.
E então, ela começou a descascar as batatas lindamente, enquanto eu preparava a carne, que logo ia para o forno. Ouvíamos Novos Baianos e estava tudo bem melhor no coração. Enquanto isso, falava do incrível descascador que conheceu em Londres.
Depois de uma semana, ela escreve e diz que tem presentinho. Eu vou fazer uma visita enquanto ela está no computador. E ela tira um pacote da bolsa, meio desengonçado, no papel bolha, mas com um toque especial (sempre). E lá estava o descascador. Eu não resisto a esse tipo de coisa. Não esqueço nunca.
Fez piadinha, que não quer ir na minha casa para cozinhar e tal. Mas eu fiquei pensando... será que ela não quer vir nem descascar tomates?
terça-feira, setembro 16
domingo, setembro 14
:: Dos domingos feiosos
Domingo chuvoso era sempre motivo pra certo desânimo. Hoje não. Hoje acordo, vejo o tempo ruim e penso que está perfeito para ficar em casa (e isso é bom!). Foi assim. Acordei, coloquei um disco que adoro, do Yo Yo Ma tocando Piazzolla, que de repente dá aqueles arrepios e tal. E então fui para a cozinha preparar alho confit, com alecrim e sal grosso, e, enquanto eu lavava os morangos vermelhinhos que ela trouxe na sexta, quando veio jantar (para a seção "da pra aguentar?"), deixo a banana no fogo, com açúcar e um toque de suco de laranja. É mais ou menos assim...
Domingo chuvoso era sempre motivo pra certo desânimo. Hoje não. Hoje acordo, vejo o tempo ruim e penso que está perfeito para ficar em casa (e isso é bom!). Foi assim. Acordei, coloquei um disco que adoro, do Yo Yo Ma tocando Piazzolla, que de repente dá aqueles arrepios e tal. E então fui para a cozinha preparar alho confit, com alecrim e sal grosso, e, enquanto eu lavava os morangos vermelhinhos que ela trouxe na sexta, quando veio jantar (para a seção "da pra aguentar?"), deixo a banana no fogo, com açúcar e um toque de suco de laranja. É mais ou menos assim...
sábado, setembro 13
:: Os pequenos intervalos
Entre o inglês, que durou a manhã inteira, e o workshop de café, que vai durar tarde inteira, resolvi dar um pulo em casa para comer alguma coisa.
E então, enquanto esquento uma comidinha muito gostosa que preparei em alguma meia-noite da semana, ouço Transa, do Caetano, bem alto.
Entre o inglês, que durou a manhã inteira, e o workshop de café, que vai durar tarde inteira, resolvi dar um pulo em casa para comer alguma coisa.
E então, enquanto esquento uma comidinha muito gostosa que preparei em alguma meia-noite da semana, ouço Transa, do Caetano, bem alto.
sexta-feira, setembro 12
:: Sobre levar a fama
Eu tenho fama de dramática e exagerada. Sempre, desde pequena, com todo o tipo de gente. Eu tento explicar que não é bem assim, que eu posso até ser (um pouco rá rá) exagerada, mas sinto grande mesmo, amo muito, odeio muito.
Eu já dizia isso quando era pequena. Minha mãe, quando eu era menor ainda, me chamava de Tática Progressista de Infiltração Comunista e dizia: "quando menos se espera já tomou o poder".
Pois então, eu perdi moral algumas vezes na hora de elogiar. E então, outro dia, eu elogiei muito uma amiga que é realmente incrível e ela fez voz-de-elogio-seu-não-vale. E eu fiquei brava:
"Você que é boa e eu que levo a fama de generosa?"
Eu tenho fama de dramática e exagerada. Sempre, desde pequena, com todo o tipo de gente. Eu tento explicar que não é bem assim, que eu posso até ser (um pouco rá rá) exagerada, mas sinto grande mesmo, amo muito, odeio muito.
Eu já dizia isso quando era pequena. Minha mãe, quando eu era menor ainda, me chamava de Tática Progressista de Infiltração Comunista e dizia: "quando menos se espera já tomou o poder".
Pois então, eu perdi moral algumas vezes na hora de elogiar. E então, outro dia, eu elogiei muito uma amiga que é realmente incrível e ela fez voz-de-elogio-seu-não-vale. E eu fiquei brava:
"Você que é boa e eu que levo a fama de generosa?"
quarta-feira, setembro 10
terça-feira, setembro 9
segunda-feira, setembro 8
:: Perguntas e respostas
Quando a gente "elege" um mestre, a vida fica muito mais cheia de detalhes.
O e-mail que eu mandei era assim: "me ajuda?":
Eu: quando aparece esse "bis" nos endereços de paris, o que quer dizer?
exemplo: 1 bis Rue Jean Mermoz
Ele: "Bis" é usado quando tem dois endereços (duas casas, duas lojas etc.) no mesmo número. Às vezes é um imóvel que no passado era uma casa só, ou uma loja só etc., e depois foi dividido em dois, com dois donos, duas ocupações. Como em Paris a numeração costuma ser por ordem crescente, e não pela metragem da rua como aqui, então o imóvel 1 tem ao lado o imóvel 2. Se o 1 se divide, não tem outro número pra ele. Então um deles fica como 1 bis. Como aqui às vezes, se há duas ocupações no mesmo imóvel, costuma-se usar coisas do tipo "nº 22 fundos", "nº 22 altos" etc.
Eu: mais uma... pode? o que é esse Fg. aqui neste endereço: Rue du Fg St. Denis...
Ele: É rue du Faubourg St. Denis. Faubourg vem de "fora do burgo", quer dizer subúrbio. Na Paris medieval, o subúrbio eram as áreas que ficavam fora da muralha, da cidade cercada. Em geral as vias que davam nestas muralhas tinham o mesmo nome das ruas que as continuavam dentro da cidade. Então tem a rue St. Denis que, a partir de um determinado ponto, vira rue du Faubourg St. Denis. Assim como rue Poissonière / rue du Faubourg Poissonière, rue St. Honoré / rue du Faubourg St. Honoré etc. -- há dezenas. Só que hoje essas ruas não estão mais no "faubourg", a cidade cresceu e elas estão no meio da cidade atual. Não são mais subúrbio.
Eu: uau. acho que vou te fazer mais perguntas. depois de muitas, muitas, vou a paris.
Ele: Melhor ir logo a Paris. Mas enquanto não vai, pode ir perguntando...
Quando a gente "elege" um mestre, a vida fica muito mais cheia de detalhes.
O e-mail que eu mandei era assim: "me ajuda?":
Eu: quando aparece esse "bis" nos endereços de paris, o que quer dizer?
exemplo: 1 bis Rue Jean Mermoz
Ele: "Bis" é usado quando tem dois endereços (duas casas, duas lojas etc.) no mesmo número. Às vezes é um imóvel que no passado era uma casa só, ou uma loja só etc., e depois foi dividido em dois, com dois donos, duas ocupações. Como em Paris a numeração costuma ser por ordem crescente, e não pela metragem da rua como aqui, então o imóvel 1 tem ao lado o imóvel 2. Se o 1 se divide, não tem outro número pra ele. Então um deles fica como 1 bis. Como aqui às vezes, se há duas ocupações no mesmo imóvel, costuma-se usar coisas do tipo "nº 22 fundos", "nº 22 altos" etc.
Eu: mais uma... pode? o que é esse Fg. aqui neste endereço: Rue du Fg St. Denis...
Ele: É rue du Faubourg St. Denis. Faubourg vem de "fora do burgo", quer dizer subúrbio. Na Paris medieval, o subúrbio eram as áreas que ficavam fora da muralha, da cidade cercada. Em geral as vias que davam nestas muralhas tinham o mesmo nome das ruas que as continuavam dentro da cidade. Então tem a rue St. Denis que, a partir de um determinado ponto, vira rue du Faubourg St. Denis. Assim como rue Poissonière / rue du Faubourg Poissonière, rue St. Honoré / rue du Faubourg St. Honoré etc. -- há dezenas. Só que hoje essas ruas não estão mais no "faubourg", a cidade cresceu e elas estão no meio da cidade atual. Não são mais subúrbio.
Eu: uau. acho que vou te fazer mais perguntas. depois de muitas, muitas, vou a paris.
Ele: Melhor ir logo a Paris. Mas enquanto não vai, pode ir perguntando...
sexta-feira, setembro 5
:: Teleinferno
Depois de 40 minutos (qua-ren-ta-mi-nu-tos) pendurada no telefone, consegui migrar minha conta da pós-paga para a supercontrole - rá. Eu comecei assim:
- Moço, quero a conta supercontrole porque estou muito descontrolada.
Acabou assim:
Eu anotei uns três números de protocolo, ao menos, ele disse que ia migrar em um período de 3 a 5 dias úteis, que talvez a conta saia do débito automático e que talvez mude o dia da fatura e que talvez alguém me ligue para avisar.
Eu só não cancelei a conta toda porque tenho meu número desde 97 e ele já faz parte de mim - rá rá.
Depois de 40 minutos (qua-ren-ta-mi-nu-tos) pendurada no telefone, consegui migrar minha conta da pós-paga para a supercontrole - rá. Eu comecei assim:
- Moço, quero a conta supercontrole porque estou muito descontrolada.
Acabou assim:
Eu anotei uns três números de protocolo, ao menos, ele disse que ia migrar em um período de 3 a 5 dias úteis, que talvez a conta saia do débito automático e que talvez mude o dia da fatura e que talvez alguém me ligue para avisar.
Eu só não cancelei a conta toda porque tenho meu número desde 97 e ele já faz parte de mim - rá rá.
quinta-feira, setembro 4
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